Maria do Socorro Cardoso Xavier
N A T A L
Em Belém nasceu Jesus
Roma era a dona do mundo
Numa manjedoura tão humilde
Sem sedas, sem tapetes do Oriente
Nascia entre espinhos, bestiais e feras
Sob o esplendor apenas das estrelas
Cristo, o Menino- Jesus
José e Maria: sublimes e puros
José, carpinteiro; Maria, mulher lírio
genitores da santa criança
Esperavam com emoção e paciência
Doar à humanidade, tamanho prêmio
Três reis Magos, viajores oferendava
Ouro, incenso e mirra
Símbolo de regozijo e esperança
Pela dádiva de luz
Nascia Jesus
Cristo não quis luxo, nem desperdício
Quarenta dias no deserto foi tentado
Derramou seu sangue, extremo sacrifício
Pouco peixe, pão e vinho
A força do espírito frugal
Dividiu, foi tudo multiplicado
Pregou a justiça, caridade, o amor
Monte das Oliveiras, seu sermão
À todos encantou
Dois mil anos de eco
Muitos surdos, poucos males erradicou
Apóstolos, sua mensagem
Semeou João, Pedro, Paulo, Thiago
Com verdade, fé e destemor
Duramente perseguidos
Legiões humanas embrutecidas
Vis, cruéis imperadores
Luxúria dos camarins reais
Carne, sexo, vinho afrodisíaco
À plebe amorfa, pão , teatro e circo
Indiferentes aos males sociais
Martirizados, chicoteados pelo carrasco
Acorrentados pela ordem imperial
Jogados às arenas, às feras
Com coragem e nojo dos poderosos
Imbecis às gargalhadas, em sua corte
Padecia milhares de cristãos
Sangue violentamente derramado
Herodes, Pilatos e Nero continuam
Pelo mundo a omitir, agredir
O ato de justiça social, a liberdade
Milhares de crianças a morrer de fome
Entrementes, alta tecnologia nuclear
Máquinas de destruir e matar
Às nações imperialistas se afirmar
Milhões de seres humanos
Errantes, sem aurora, sem destino
Analfabetos, alienados, loucos
Com fome, sede, com frio
Sem saber que é Natal
O mundo cristão, todos os anos
Comemora o nascimento de cristo redentor
élan distanciado da verdade inicial
Predomina o espírito pagão
Com excessos de comer, beber
Carnal diversão
Acima do profundo significado
De paz e igualdade entre os homens
Que deve ser o Natal
Naquela madrugada não havia
Lugar na hospedaria
Para a família do Menino Jesus
Hoje pouca diferença há
As portas estão igualmente fechadas
Aos pobres, oprimidos, carentes e maltrapilhos
Ateus, materialistas, livres pensadores
Pseudos intelectuais
Vez por outra do subconsciente
Soltam sem querer, um grito pungente
Na hora da aflição
Às vezes até escondidos
Se valem de Deus
Cientista endurecido
Quer expulsar Jesus do coração
A verdade é que
A humanidade necessita de algo,transcendente
Em meio a tendência maior
Satisfação dos desejos , da matéria
Está com sede de alegria simples
De ternura, de espiritualidade
A verdade é que
E para o bem
Cristo menino é símbolo, ainda é luz
Infunde amor e paz
Ilumina as trevas da desesperança
Alivia as dores moribundas
Ilumina a escuridão do mundo.
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