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Nazarethe Fonseca

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Theodore Chasseriau, França, 1853, The Tepidarium

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Poesia:


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Contos:


Alguma notícia do autor:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ruth, by Francesco Hayez

 

Leonardo da Vinci, Embrião

 

 

 

 

 

 

 

Delaroche, Hemiciclo da Escola de Belas Artes

 

 

 

 

 

Nazarethe Fonseca


 

Biografia

Nazarethe Fonseca nasceu em São Luís, Maranhão, em 1973. Cresceu em meio às constantes crises de asma, que a mantinham desperta boa parte da noite. Seu divertimento durante as longas horas que passava convalescendo eram os livros infantis, as revistas em quadrinhos e a TV, que de madrugada exibia filmes de terror, sendo os de vampiro, seus preferidos. Começou a escrever aos 15 anos, após um sonho, que se tornou seu primeiro livro, uma trama policial. Aborrecida, queimou-o abandonando o assunto até os 21 anos. Quando voltou a escrever foi movida por essas duas datas que não saíam de sua mente. E desde então continua escrevendo todos os dias. Nazarethe mora atualmente em Natal, Rio Grande do Norte.


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904) - Phryne before the Areopagus

 

 

 

 

 

Nazarethe Fonseca


 

Perfume


Seu perfume ficou na sala,
Mas você partiu.
Fico no trinco da porta.
No telefone que usou distraidamente,

Na caneta com a qual batucou impaciente.
No sofá, nas almofadas,
Onde cansado, adormeceu, enquanto me esperava.
Está sobre meu rosto, pois o acariciou longamente.
Misturou-se ao meu, e da nossa química ficou mais doce.

Espalhou-se pelos lençóis da cama como se fosse chuva de verão.
No travesseiro onde dormiu por uma, duas horas.
Em meu corpo que tocou faminto, saudoso.

E enquanto banho, lamento perdê-lo.
Ressinto-me deste desapego,
Enquanto a água cai rápida e mansa,
Eu lembro debaixo do chuveiro,
Penso em nós dois.
No que fizemos,
No prazer que nos demos.
Tudo parece distante agora que se foi.
Que seu perfume abandonou meu corpo.

Quero que a água me lave, me renove.
Deixei-me ficar a sós,
Seu perfume me confunde,
Faz-me desejar você, que já se foi.

Seu toque.
Ainda sinto você.
Está bem aqui em meu peito,
Na marca do beijo invisível sobre o seio.

Em meus dedos que te tocaram.
Em minhas mãos que te afagaram.
O seu perfume se apagou.
E quando pequei o telefone e levei ao ouvi,
Senti seu cheiro no fone, beijei o aparelho.
E desistir da ligação, pois seu cheiro voltou...
E me deu a falsa ilusão de sua presença.
Vou dormir, é quase manhã.
O telefone toca.
È você.
E seu perfume.


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Riviere Briton, 1840-1920, UK, Una e o leão

 

 

 

 

 

Nazarethe Fonseca


 

Dor


Essa dor? Porque doe?
Lágrimas, agora?
Um pranto tardio, infeliz!
O que te angústia coração?
Conhece o sabor da desilusão.Será que esqueceu o que é sofrer?
Você sabe, você sentiu a dor da rejeição.
Então engole o pranto e deixa o tempo apagar esta dor.
Tira dos teus lábios o nome doce de teu amante.
E prova do gosto de tuas lágrimas.
Ele partiu, ele se foi...
Voltar é impossível.
O destino brincou, o desejo te consumiu inteira para depois abandonar.
Recolhe cacos, pedaços de amor espalhados no chão.
Agora só restam espaços vazios, uma cama enorme, uma mesa com dois cálices.
Ainda escuta o seu riso, seus gritos, suas acusações, seus sussurros, seu coração.
Queima o resto desse mundo onde o amor é mera lembrança.
E vive com teu silêncio.


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Jacques-Louis David (França, 1748-1825), A morte de Sócrates

 

 

 

 

 

Nazarethe Fonseca


 

Fingimento


Não me olhe como se não me desejasse.
Eu sei que me deseja.
Não finja que não me vê,
Eu sou de carne e sangue.
Não tenha vergonha de admitir o que sente, deseje.

Eu quero te despertar, traze-la dos mortos com um beijo.
Você esta viva, admita.
Fuja o quanto quiser, eu posso esperar para sempre.
Negue, minta, disfarce, recuse, mas você vai se render.
Pouco importa onde e como, vai ser em meus braços.

Grite, reclame eu não me importo quando sei que quer sussurrar meu nome.
Feche os olhos vai ficar mais fácil.
Deixe que segure sua mão, que te abrace que te prometa a noite, a lua.
Eu as darei a você eternamente.

Olhe nos meus olhos e diga a verdade,
“Eu amo você”.


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Nazarethe Fonseca


 

Teu Olhar


Que doce magia é essa que trás em seus olhos?
Que poder é esse que me faz tremer, ferver de desejo.
Este olhar feito de substância invisível, que tem a força de uma caricia.
O sabor de um beijo.
Um olhar capaz de me fazer dizer sim.
Seus olhos têm o poder para mover o mundo, mas eles só olhar para os meus.
Vamos fale, olhe para mim.
Faça-me tremer
Com seu olhar.
Você tem o poder de fazer a luz se apaga,
Sorria de olhos fechados e sua face parece feita de açúcar.
Que poder é esse que tem em seu olhar que só expressa amor.
Eu quero te beijar, quero sentir a força do seu olhar sobre meu corpo.
Faz dessa caricia a única antes de me tocar.
Quero ser azul, quer beijar teus olhos e me embriagar.
Olhe para mim!
Faça-me meu corpo tremer somente com um olhar.


 

 

 

 

 

26/10/2006