Mais de 3.000 poetas e críticos de lusofonia!

Patricia Tenório

 

patriciatenorio@uol.com.br

Winterhalter Franz Xavier, Alemanha, Florinda

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Poesia:


Ensaio, crítica, resenha & comentário: 


Fortuna: 


Alguma notícia da autora:

Pernambucana nascida no Recife, Patricia Tenório é Analista de Sistemas de formação. A escritora ingressou no mundo das palavras em 2002 quando, com a Domenico Livraria, promoveu por dois anos encontros das mais diversas áreas culturais: literatura, artes plásticas, cênicas, fotográficas e música.  

Foi o contato com escritores e poetas que despertou em Patricia uma paixão avassaladora pela escrita, desabrochando em 2004, com Lentes Cor de Rosa na antologia Contos de Oficina I, dos alunos do escritor Raimundo Carrero. Durante 2005 escreveu para a coluna Opinião, do Jornal Gazeta de Alagoas, contos e crônicas.  

O Major - Eterno é o Espírito foi o primeiro livro solo e recebeu menção honrosa em ficção, ainda em 2005, no Prêmio Literário Cidade do Recife. Quase um ano depois, lança As Joaninhas Não Mentem, considerado uma “Fábula para o século XXI”.   

Grãos, lançado em Setembro de 2007, vem quebrando as barreiras dos gêneros, semeando o que espera a autora ser uma fértil colheita na Literatura Brasileira. [Julho 2007]

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Octavio Paz, Nobel

 

William Blake, Death on a Pale Horse

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Vicente Freitas

 

 

 

 

 

 

 

 

Bruno Miquelino

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Carlos Augusto Viana

 

Patricia Tenório


 

O Tempo

 

 

 

A grande verdade descortina em azul

E a cor dos teus olhos esvaece

No horizonte perdido dos meus dias

Sozinhos.

 

Na áurea da juventude esquecida

Nos poucos rubros que escondo

No rosto exposto que vejo

Na flor que murcha e se esquece.

 

E tudo o que fui me aparece

A tela pintada se agita

Vendo a distância construída

Na efêmera fumaça perdida.

 


 


 

 

Id

 

 

 

...me retirou de um sonho, quieto, morno

Profundo

Levou com mãos fortes, frias, alucinadas

A um lugar seco, cálido, inquietante

Deixou marcas na terra escura, solta, perfumada

Cobriu-me em lençol fino, próprio

Não tentei soltar-me, permaneci, obediente

Sem me incomodar voltei ao sono antigo,

Fraterno, em outro espaço

Senti meu corpo estranho, leve, sem limites

Cresciam pernas braços, dedos

E nem previ caminho torto

Em busca de ar, luz; provocante

Procurei sentido, nem encontrei

Vibrei minhas folhas, miúdas, voaram ao vento

Para outro espaço, suaves

Abrindo flores, frutos, novas sementes

E ao meu redor tudo, menor, humilhante

Tentei revê-lo, alto, velho, sábio                          

Então fagulhas, fogo, clarão alado

Trazia incenso, névoa, dragão selvagem

Por cavaleiro, homem, tão semelhante

Olhos fechados, oblíquos, quase esquecidos

De um tempo antigo, amigo

E outros deuses, templos, a alvorada...

 

 

 

Quatro Cantos  

 

 

Abro o armário, indecisa:

Que roupa encontro comigo?

Azul? Cores cintilantes, alegrias vividas

Rosa? Amores encantados, beijos ao entardecer

Ou Verde? Esperança do impossível,

cortinas de outros tempos

A Negra...

Abisma e me perde, pântano que suga

Mas na Branca, ah, na Branca te encontro,

realçando contornos,

florindo jardins

E só assim me vejo, através dos teus olhos de bruma,

hálito de hortelã

Do teu beijo de heras, mão amiga, morna,

mesmo horizonte

Porque me acho no teu encontro,

me perco na ausência

E eu que tanto queria comemorar sozinha,

vejo a última gota se evaporando.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Winterhalter Franz Xavier, Alemanha, Florinda

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Um esboço de Leonardo da Vinci

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Lau Siqueira

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Adriles Ulhoa Filho

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

R Roldan-Roldan

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Antônio Jackson de Souza Brandão

 

 

 

 

 

 

 

 

Da Vinci, Cabeça de mulher, estudo

 

 

 

Cláudio Aguiar

 


 

Sob o Signo da Fragmentação

 

Por que os livros têm que seguir um único gênero? Ou, noutras palavras, por que têm que se restringir a um dado tema ou forma? Por que não podemos escrever e ler, ao mesmo tempo, vários gêneros e diversificadas histórias, sugestões poéticas ou análises rigorosasCláudio Aguiar (ensaios?) num só volume?

Essa transgressão me parece ter sido, consciente ou inconscientemente, buscada por Patricia Tenório em Grãos, seu mais recente livro. Nele aparecem, sem nenhuma preocupação de ordenação sistemática de gênero e de tema ou assunto, contos, crônicas, poemas e, de permeio, ainda, textos inclassificáveis que vagueiam entre as dimensões significantes das palavras à espera tão somente da leitura. Afinal, é o leitor, em última instância, o melhor e mais coerente crítico de um dado texto que, por suas qualidades, pertença ao chamado mundo da arte.

Sugere a autora, através de epígrafe do evangelista e de sua brevíssima nota explicativa, que seus textos guardam uma certa correlação entre o “grão de mostarda” e a misteriosa “casca aprisionadora da essência”. Essa intrigante dimensão do processo natural de composição e fragmentação das coisas, como acontece nos reinos mineral, vegetal e animal, também existe no das palavras, verdadeiros seres capazes de armazenarem a potência que os escritores, diuturnamente, usam nas fainas criativas, mas nem sempre se dão conta de seu poder engendrador. Daí, de minha parte, intuir que os grãos, metaforicamente utilizados nos textos de Patricia Tenório, aludem a um certo estado de transmutação incessante capaz de afetar todas as coisas e que nós, pobres mortais, passageiros provisórios desse mundo inconstante e edificado sob a fragilidade dos grãos de todos os gêneros, muitas vezes, deixamos escapar de nossas mãos ou sentidos.

Não sei o que mais me impressiona nesse processo mutante da natureza: se a trituração de coisas extremamente rígidas em grãos, poeira, gases, luzes etc. ou se a reconstrução desses mesmos elementos em monumentais corpos graníticos, nebulosos e em luz sob a forma de relâmpagos que fulminam e clareiam monumentais distâncias só percorridas por galáxias, estrelas ou planetas. Os grãos, comparáveis aos invisíveis comprimentos de ondas luminosas, estão sempre em movimento. Quer os minerais (argilosos, siltosos ou pedregulhosos, os formados de carbonato calcítico ou os chamados esferoidais), quer os vegetais (as sementes de todas as formas e tamanhos), não parecem, mas, como os seres vivos, estão preparados para o fenômeno da adição formadora de outros corpos e da procriação. Talvez sejam esses ritmos diacrônicos, vivendo os ciclos da composição e da decomposição, que fazem com que os grãos ofereçam o espetáculo silencioso da materialização e da fragmentação das coisas. Será isso que a autora de Grãos quer, afinal, sugerir em seu eclético livro? Que responda o leitor ao concluir sua leitura.

Essa fragmentação temática, ao lado de uma proposital indiferença pela unidade de gênero literário, também, a meu modo de ver, ajuda a entender melhor o sentido amplo e aglutinador dos diferentes temas abordados em Grãos. Na fragmentação ou destruição do todo, gerando as partes ou os grãos, creio, reside a tentativa de decifração da autora. Tentativa, desde logo, porque revelar mistérios não é, no fundamental, o ofício do artista. Quando muito sugere soluções ou caminhos. O artista não é um demiurgo, embora deva aproximar-se do mágico, aquele capaz de criar um universo singular e de nos convencer que de fato existe um outro reino: o da ilusão.

Entre as diversas facetas misteriosas dos processos transformativos da natureza, repito, não consigo dizer qual deles seja o mais espetacular: se a invisível força que destrói ou tritura de forma incessante o mais sólido material em grãos de areia ou poeira; se o enigmático poder germinativo do grão vegetal, que conserva imaculada a teia de traços genéticos capaz de dar origem a mais tenra e diminuta planta, ou a mais dura e gigantesca árvore.

Assim, o que mais se destaca neste estranho livro de Patricia Tenório é o emprego de uma linguagem aparentemente simples, transparente como a água que bebemos, a conviver num contexto de prosa e poesia. As tramas e os enredos sutilmente tecidos mal aparecem. No entanto, quando emergem à superfície de nossa mente, logo se esboroam numa teia de sugestões, que falam mais pelo silêncio meditativo que pela força nua do poder da construção verbal. Grãos não sugere apenas a força misteriosa das palavras, mas também a possibilidade de germinar em nosso íntimo novos seres, assim como ocorre com as sementes que, guardadas sob o signo da multiplicação, frutificam.

 

 
 

Carmen Lúcia Dantas

 

As Joaninhas Não Mentem

 

Esta Casa, celeiro da mais nobre tradição da cultura alagoana, dá provas da amplitude de seu horizonte literário, da sua acolhida à diversidade estética, quando, numa noite como esta acende suas luzes ao novo e brinda uma jovem escritora de entonação contemporânea, bem afastada dos cânones convencionais da estética acadêmica.Carmen Lucia Dantas

Mas, apesar do distanciamento entre a linguagem de Patricia e os ecos que esta Casa preserva, há entre eles, um laço de proximidades; desses laços de fitas de cores difíceis de serem combinadas. Difíceis, mas possíveis, através dos vieses que a arte literária propicia na enorme extensão de seu alcance.

Em As Joaninhas Não Mentem, a fantasia possibilita a revelação de um mundo feito de intuições, gerado pela energia da sensibilidade que se contrapõe à sisudez da lógica e ao imediatismo das vanguardas. É uma outra frente de compreensão e de construção de um fazer artístico de abordagem atual, sem perder de vista as referências de raiz. E por falar em elo entre o ontem e o hoje, lembro o poeta Ledo Ivo quando declarou: serei, mergulhado no passado, cada vez mais moderno e mais antigo.

No texto de Patricia, passado e presente não se estranham, dialogam, se entendem na maior camaradagem, atrelados um ao outro por corajoso percurso de retorno no avanço que prenuncia o despertar das auroras.

Com o título de As Joaninhas Não Mentem, que, ao primeiro olhar pode parecer dirigido a um público infanto-juvenil, Patricia surpreende seus leitores com um livro de temática atraente, leve e livre, lírica e ousada, recheada de imagens, de presenças atemporais que dimensionam seus vôos criativos e a sua capacidade de brincar, responsavelmente, com as palavras.

Em toda a narrativa, a autora camufla trilhas e oferece encruzilhadas, desorganiza fatos e ordena sonhos, desconstrói certezas e constrói enigmas levando o leitor a um exercício provocativo de descobertas. O livro tem a estrutura formal dos contos de fadas, com direito a castelos encantados e torres de marfim, cavalos alados e borboletas amarelas.

Tanto pelos bosques floridos de insistentes girassóis, como pelos caminhos tortuosos de espinhos afiados, transitam imperatrizes, Diana Caçadora, Teresa: a Grande Mãe, Ariana: a deusa do Amor Perfeito, reis poderosos, Átila: o Príncipe Encantado, pajens, ninfetas e toda a corte que habita o reino divinizado da fantasia.

Não sei se por propósito ou por coincidência, o certo é que a escolha do 8 de março, Dia Internacional da Mulher, para esta noite de autógrafos é da maior propriedade, uma vez que a temática de As Joaninhas Não Mentem se ajustam com precisão aos festejos do dia de hoje. As personagens femininas, envoltas pela aura da sabedoria e do conhecimento, dominam a trama do enredo, enobrecidas pelos atributos que lhes são agregados: coragem afetiva e segredos preservados.

Ariana, personagem central, é a figura da mulher predestinada a cumprir missão, retendo na memória secular de sua estirpe feminina, a trajetória da conquista do Amor, busca incessante, ainda que imaginária.

A esperança do encontro com o Príncipe do Amor Perfeito, metáfora do auto-conhecimento e do Amor a si própria, é o núcleo aglutinador capaz de transformar a partir de um mecanismo sublimatório, as perdas e os estigmas em luta libertadora. Patricia mostra de forma tão sedutora esse percurso, com elementos tão simples e líricos, que o leitor passa a refletir sobre a plenitude do Amor Perfeito com uma enorme vontade de conquistá-lo.

Embora seja um livro de apenas 90 e poucas páginas, divididas em 7 capítulos, sua leitura requer muita atenção por não se tratar de um romance factual, mas empírico. Pelos fios da narrativa, a autora deixa aflorar os devaneios em uma doce concepção de mundo, onde a razão perde a razão e a ilusão brilha intensa com o tocar dos clarins anunciando as verdades da alma. Tirar partido dessas paisagens interiores é o forte da autora em todos os seus escritos. No caso de As Joaninhas, elabora suas personagens no pilar de sustentação que dá sentido à vida: o Amor, sob todas as formas de amar, mas, sobretudo, a Ilusão do Amor. Porque, como disse Virgínia Woolf na lucidez de sua poética: A Ilusão é a mais necessária das verdades.

Seu estilo é marcado por uma literariedade contemporânea que a faz ultrapassar as fronteiras regionais e aceitar os desafios do novo, articulando vivências psíquicas a criações estéticas. Seu primeiro trabalho veio a público no livro Contos de Oficina, organizado pelo escritor Raimundo Carreiro. Também escreve crônicas, algumas publicadas no Caderno Cultural da Gazeta de Alagoas. Em 2005, recebeu menção honrosa na premiação literária Cidade do Recife, com o livro O Major – Eterno é o Espírito,ficção ancorada em dados biográficos do seu avô paterno, o Major José Tenório.

Ano passado, lançou As Joaninhas Não Mentem na Livraria Cultura do Recife e fez, na PUC do Rio Grande do Sul o Curso Assis Brasil. Voou para a França e, na conceituada Universidade Sorbonne, em Paris, aprimorou seus estudos nas áreas de Literatura e Artes. Tem no prelo uma coletânea de textos produzidos de janeiro de 2006 a janeiro de 2007, que recebeu o nome de Grãos. Ainda em processo criativo tem o livro O Véu de Ísis que reúne textos intimistas a que Patricia, com muita propriedade, chama de pulsações, por serem criados no impulso emocional das vibrações interiores, dos estados d´alma.

Como podemos ver, Patricia está em plena efervescência de sua produção e levando a literatura cada vez mais a sério, estudando, escrevendo e lendo. Lendo muito e lendo o melhor: os clássicos, atuais em todos os tempos, e os contemporâneos que passam pelo seu crivo já seletivo.

Mas, o que admiro particularmente em Patricia, como literata e como ser humano, é a sua sã teimosia em acreditar em um mundo ladrilhado de estrelas, cujo desenvolvimento consiste no poder que germina da palavra poética. (Eu também teimo, Patricia, em acreditar e em ouvir estrelas).

Caminhando por este chão poetizado, a nossa querida Patricia, em meio a dicotomia Vida/Arte, dissipa as arestas da realidade fibrosa e caminha para dentro da sua própria História, buscando a Paz dos Bem-Aventurados. [Março 2007]

 

 

Raimundo Carrero

 

 

Biografia, Literatura e História

 

Será mesmo a biografia uma manifestação rigorosamente literária? Há divergências incríveis em torno do assunto, até porque quando se trata de criação – mesmo fiel aos fatos o autor precisa criar silêncios e abismos estratégicos, por exemplo -, os problemas tendem a se tornar ainda mais polêmicos. No terreno da classificação rigorosa, pode-se dizer que a biografia pertence ao campo da Historiografia.Raimundo Carrero

Mesmo assim admite-se que o escritor pode interferir muito nas ações e na psicologia do biografado, o que o levaria a escrever uma biografia romanceada. Em geral, toda biografia interessa à literatura porque o autor inevitavelmente participa da montagem do texto: ora dando maior ou menor interesse a um acontecimento, ora distribuindo-o de maneira pessoal, ora escolhendo situações e, mais do que situações, palavras.

Isto é montagem - e montagem pertence ao campo da criação literária.

É como acontece aqui com Patricia Tenório que, ao mesmo tempo em que é fiel ao Major, recria-o, reinventa-o. E não só aos olhos de neta, mas sobretudo aos olhos de uma escritora que conhece os segredos da ficção. Não resta dúvida que muitas vezes deixa-se levar pelo documento – atributo do Movimento Regionalista, criado por Gilberto Freyre, em 1926. No entanto, é na maioria das vezes uma criadora. Inventora.

Não se deve esquecer a solução literária – eminentemente literária – que Thomas Mann encontrou para escrever o “Doutor Fausto”. Inventou um personagem que é o biógrafo de Adrian Leverkühn e se sentiu pleno de forças para escrever a sua obra. “Sua” no sentido mais ambíguo possível – “sua” para Thomas Mann, e “sua” para o biógrafo Zeitblom. Um verdadeiro achado literário porque o foco narrativo é a distante terceira pessoa e o ponto de vista circula entre Thomas Mann e Zeitblom.

Assim, Patricia Tenório exercita, também, suas qualidades de inventora e de biógrafa, no sentido que lhe dá a História. Ou seja, pratica a história e a História. Há quem chame ficção de estória – o que não tem o menor sentido, História com H ou não tem a mesma força, até porque a História também tem seus inventores. O ponto de vista, mais uma vez, é que vai decidir.

Portanto, a história do Major não é só romanceada, feito se diz, mas inventada sem que aconteça nenhuma traição ao real. Os fatos são historicamente reais, verdadeiros, sérios. A montagem, no entanto, pertence ao campo da criação, onde a autora circula com facilidade - é preciso não esquecer. Assim, os personagens surgem cercados de vida documental e inventiva, que se registre nenhum tipo de traição. Assim encontraremos um Major esperto, lutador, valente, que podemos chamar também de um Dom Quixote nordestino e alagoano.

Um Major ainda mais vivo porque nascido da admiração que se derrama num texto que foi sendo elaborado ao longo de meses de trabalho, com as naturais decepções e, ainda mais, com as naturais alegrias. No diálogo, por exemplo, procurou-se retirar, o mais possível, as intervenções do autor, para que a fala transcorresse sem atropelos. Personagem fala e autor se ausenta. Assim como acontece no melhor teatro e, é claro, no melhor cinema.

Patricia Tenório procurou usar o melhor da técnica romanesca, que é o melhor atributo do narrador contemporâneo. E uniu, assim, fatos reais à invenção, recorrendo ao conhecimento da montagem literária. Ou seja, ressaltando a importância da literatura sem desconhecer a força da História. [Novembro/2005]

 

   
 
 

 

 

 

 

 

 

5/10/2007