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Pedro Marques

pedro_marques77@hotmail.com

Riviere Briton, 1840-1920, UK, Una e o leão
 

Poesia:

 


 
Manoel de Barros

Ensaio, crítica, resenha & comentário: 

 


Fortuna:


albano Martins
 

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Pedro Marques nasceu em Osasco (SP), 1977. Desde 1997, mora em Campinas (SP). Mestre e doutor em Teoria e História Literária pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), suas atividades (palestras e mini-cursos) e publicações críticas (artigos, ensaios e livros) estão, em geral, voltadas para a composição e apreciação de poesia. Professor de Literatura e de Teoria Literária do programa Teia do Saber, pela UNICAMP, e da Anhanguera Educacional. Editor e colaborador das revistas de poesia Salamandra (2001), Camaleoa (2002) e Lagartixa (2003). Articula e contribui para o site Crítica & Companhia (http://www.criticaecompanhia.com). Colabora no Palavra, caderno literário do Le Monde Diplomatique (http://diplo.uol.com.br/). Livros publicados ou prestes a sair: Em Cena com o Absurdo (poesia, 1998), Antologia da Poesia Romântica Brasileira (crítica e organização, 2007), Antologia da Poesia Parnasiana Brasileira (crítica e organização, 2007), Manuel Bandeira e a Música (ensaio, 2008). Também é letrista e compositor. (Set.2010)

 

 

 

 

 

 

 

 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Sandro Botticelli, Saint Augustine, Ognissanti's Church, Firenze

 

 

 

 

 

 

 

Gerardo Mello Mourão

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Nauro Machado

 

 

 

 

 

 

 

José Nêumanne Pinto

 

 

 

 

 

 

 

 

Culpa

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Alphonsus Guimaraens Filho

 

 

 

 

 

 

 

Rubens Ricupero

 

 

 

 

 

Ascendino Leite

 

 

 

 

Vicente Franz Cecim

Pedro Marques

 


 

Viver um samba absurdamente

simples e triste 

de Adoniran Barbosa

e o coração aumentar o tique

e os olhos derrubarem

uma lágrima que de tão simples

molha

 

(Em Cena Com o Absurdo, 1998)

 

 

Um tarado está à solta

 

Então o bom genro

que mora com a sogra,

faz questão de trocar

a fechadura da porta

 

A senhora, trabalhadeira,

chega da lida

pelas dez da noite,

hora em que o meliante,

segundo testemunhas,

costuma fazer levante

 

 

(Em Cena Com o Absurdo, 1998)

 

 

 

Ela detesta a série Máquina Mortífera,

adora novela das oito,

contesta a revista Carícia

e acha o Latino muito louco

 

Moça de família,

inteligente e bem educada,

sem nenhuma patente anomalia

 

Pergunta-se à patrícia:

 

Você é a favor da pena de morte?

Pelo fim da violência, of course!

 

E a legalização do aborto?

Que absurdo! Que culpa tem a criança?

 

 

(Em Cena Com o Absurdo, 1998)

 

 

 

No way

 

 

Menina, de fato és bela!

Mas não te quero

Seria preciso namorar,

conhecer passado

          família

    teu gato

 

Quero aventura de puta!

 

Contigotrabalho filosófico

E como sou preguiçoso

pra voar com Camões:

 

Não te quero não

 

 

(Revista de Poesia Salamandra, 2001)

 

 

 

Maria Celeste

 

 

Balada morta

madruga espessa

 

achei Maria Celeste

marulhada no ar

 

Os pés importavam asas,

as mãos queriam nadar     

 

Nas olheiras do mar

conheci minha ressaca

 

Marcas de cerveja na praia,

bancos de astros e corais

 

 

(Revista de Poesia Salamandra, 2001)

 

 

Amizade

 

 

Bom é jogar luas de unha

 

janela afora

 

pra me matar um pouco,

pra nascerem delas

 

novos demônios

 

Uma luta de tempestades vai amamentá-los

 

E eu, pai orgulhoso,

 

levarei a passeio,

ensinarei futebol

e os apresentarei a um amigo.

 

 

(Revista de Poesia Camaleoa, 2002)

 

 

 

Fuga

 

 

No quarto embaralhado, se acomoda

a lavanda talhada pelos corpos

 

Assinalo as entradas de sua fuga

 

Os trincos na sua luz

acompanham

meu estudo rítmico

 

E podada a lua da moça

entrevo o violino

no movimento dos astros

 

 

(Revista de Poesia Lagartixa, 2003)

 

 

Atelier

 

 

Trabalho um quadro dela

 

Não há pincéis, tempo ou esboço.

Tampouco ela repara

 

Também não lhe darei de presente esta obra,

provisória como todas

 

Masluz!

 

Destaque-se a porcelana das pernas

A cabeça em poses de girafa

Os seios avançam sobre a hora do rush

 

Meus olhos pintam inutilmente

 

 

(Revista de Poesia Lagartixa, 2003)

 

 

 

O Atropelado

 

 

Quando ele voou embalado pela cidade,

a moça desconhecia time

ou possíveis amores

 

Mas ele pululava fresco como seus vinte anos

 

Os recheios da bolsa e do moço acrobata

confundiam-se nas suas mãos de noiva

 

Ela ainda dedilhou um acorde vermelho

nos cabelos dele,

antes de tomar o ônibus errado

 

 

(Revista de Poesia Lagartixa, 2003)

 

 

 

A baleia

 

 

Armemos a lista

 

Como desafogar da memória

uma a uma

as pré-históricas baleias de seios lisos

que abati?

 

A soma, papo de pescador,

à vontade de glória

 

Talvez seja melhor um ideal de baleia,

meticulosamente montado,

com as partes mais intrigantes

das melhores baleias

de nadadeiras menos estriadas

 

Ou, ainda, uma lista transnacional,

digamos hotel-à-beira-mar,

onde se bronzearia, naturalmente,

qualquer sonho de sereia

 

 

(Revista de Poesia Lagartixa, 2003)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

25.9.2010