Rodrigo Magalhães
Formandos de 1936
Olha a foto dos formandos de 1936.
No sorriso, este vigor de astro nos dentes;
sonhos, consistente uivar nos olhos;
hormônios latejando a eternidade que não existia.
Amiga, repara na semelhança da substância,
a anatomia inconfundível, o barro lógico.
Eram jovens, eram homens,
vivos, livres e mortais.
Ali, o fungo que vive o segundo estático,
lúcido, ao comer a alquimia de momento em arte;
o preto-e-branco a rugir em mar de nostalgia;
o suspiro de gramofone, este sebo de retrocesso.
Nada esclarece esta úlcera a doer o fim da vida,
esta química que sofre, debilita,
este cais sereno, o baço na vista
– a saber que o iodo e as demais coisas se sublimam.
Obscura, a razão deste silêncio engasgado na terra,
a censura que é a cica dos cajus,
esta sina, esta certeza
que tudo forma, ferve e oxida.
Então, não percamos o vapor dos minutos.
Não deixes resvalar sem incêndio
esta flor em luzes, incenso,
que não será tua,
presa ao futuro de alguma fotografia.
Próximo...
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