Adrianne Fontoura
Libertinagem
Eis agora este aperto
e minha garganta resseca.
Sem planos, paixões, destinos,
nada mais me resta!
Paz? Desconheço a calma.
Nada tenho com a inércia
A moral, a pouca idade e vagos deveres,
me prendem à detestável vida burguesa.
A noite é minha amiga, caros senhores!
Sirvam-me a bebida, acendam meu cigarro
que o resto é letra, melodia, composição.
Verei o sol nascer e dormirei tranqüila
sonhando com pautas e mares de criação.
Hei de ser – contra todas as vontades –
um caniço pensante que traz a cor,
a onda, a voz, o silêncio.
Pouco dinheiro, algum amparo, calor
e mais nada quero do que poderiam outros querer.
Deixem que eu seja como a poesia que escrevo!
Deixem que eu flutue como a melodia inscrita em meu ser!
Livre... Permitam que agora eu possa voar.
Aprendam com meus acertos, pois, mesmo que morra cedo,
não terei cometido o crime de nunca amar...
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