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Affonso Ávila   

Titian, Three Ages

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Poesia:


Ensaio, crítica, resenha & comentário: 


Fortuna crítica: 


Alguma notícia do autor:


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ruth, by Francesco Hayez

 

Albrecht Dürer, Mãos

 

 

 

Thomas Cole (1801-1848), The Voyage of Life: Youth

 

 

 

 

Affonso Ávila


 

Pequena Biografia


Affonso Ávila (1928-2012) além de poeta, foi ensaísta e crítico literário, especialista no barroco mineiro. Fundou nos anos 1950 a revista Tendência e no final dos anos 1960 a revista Barroco. Foi considerado um dos mais importantes poetas brasileiros contemporâneos. Teve participação ativa em importantes movimentos literários, foi criador do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais e de uma linha de pesquisas e ensaios cujo enfoque é o Barroco no Brasil, principalmente do Barroco mineiro.

Foi organizador da Semana de Poesia de Vanguarda, um importante evento realizado em 1963, e vencedor de diversos prêmios, entre eles o Prêmio Jabuti, com O Visto e o Imaginado e também com Cantigas do Falso Alfonso El Sábio (Ateliê Editorial, Jabuti 2007).

 

 

Allan Banks, USA, Hanna

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Mar�lia Gon�alves

 

 

 

Jean L�on G�r�me (French, 1824-1904), The Picador

 

 

 

 

 

Affonso Ávila


 

Caro poeta Soares Feitosa
 

Recebi, surpreso, o seu livro Psi, a Penúltima. O título não ajuda a encaminhar bem os textos ali reunidos. A surpresa fica por conta dos poemas ali reunidos, que transbordam (o que é estranho em terra seca), mas com estranhos redemoinhos, unificando cultura clássica com cheiro de chão. Grego e cantador-de-viola convivem em cantiga-caatinga! E a Bíblia. Gostei de conhecer a sua poesia, apesar da minha ser árida e despojada, embora o peso mineiro do barroco.

Achei delicioso e tive de ir ao dicionário de termos populares para encontrar a imburana-de-cheiro. Cheiro tentador! Se fuma ou só perfuma? Minha mulher pensou em colocar o envelope-poema em meio à gaveta de roupas íntimas. É fetiche?

Affonso Ávila
 

 

 

 

 

Entardecer, foto de Marcus Prado

 

 

 

 

 

Affonso Ávila


 

Soneto de amor


O coração não pulsa a clave dura
Cantando a rosa de si mesma urdida,
Seu tempo esculpe a aurora sem medida
Sobre as orlas da carne que amadura.


Nenhuma fonte aqui nos inaugura
Com a floração de água surpreendida,
Revolvemos os campos onde a vida
Pendoa-se e aos seus dias transfigura.


Confluência de vento e flauta rústica,
Em nosso lábio colhem outra acústica
Os pássaros moldados pela tarde.


Entanto, despojando-se de tudo
O amor ainda se apura e, embora mudo,
Faz do silêncio a fórmula de alarde.

 

 

Valdir Rocha, Fui eu

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Cida Sep�lveda

 

 

 

Goya, Antonia Zarate, detalhe

 

 

 

 

 

Affonso Ávila


 

Anti-sonetos Ouropretanos


I

da vila rica de ouro preto o ouro
do preito o ouro do pilar o ouro
do pórtico o ouro do púlpito o ouro
do paramento o ouro do pálio o ouro

do panteão o ouro do pacto o ouro
do percalço o ouro do perjúrio o ouro
do patíbulo o ouro do proscrito o ouro
do prêmio o ouro do palimpsesto o ouro

do pedágio o ouro do pecado o ouro

do pulha o ouro do podre o ouro
do polvo o ouro do puro o ouro

do pobre o ouro do povo o ouro
do poeta o ouro do peito o ouro
da rima rica de outro preto o ouro


II

a cidade da hera e de idade
a antiguidade de édito e de idade
a posteridade de efígie e de idade
a eternidade de essência e de idade

a majestade de espírito e de idade
a gravidade de espectro e de idade
a dignidade de ênfase e de idade
a imobilidade de enlevo e de idade

a obliquidade de eflúvio e de idade
a soledade de exílio e de idade
a fatalidade de exaustão e de idade

a castidade de espera e de idade
a carnalidade de efêmero e de idade
a cidade de eros e de idade


ÁVILA, Affonso. Código de Minas & Poesia anterior. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1969.

 

 

Leonardo da Vinci, Embrião

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Ana Peluso

 

 

 

Thomas Cole (1801-1848), The Voyage of Life: Youth

 

 

 

 

Affonso Ávila


 

Os negros de Itaverava


Três negros de Itaverava,
irmãos em sangue e aflição,
não dormiam, como os outros,
a noite que é sujeição,
dormiam, sim, as auroras
— as luzes em combustão
dos sonhos que, mesmo estéreis,
sucedem no coração.


Enquanto as almas penadas
nos caminhos pranteavam
o corpo que se perdera
e os cães com elas choravam,
na senzala não se ouviam
os passos que se cuidavam,
as vozes que, a medo e susto,
no paiol confabulavam.


Para quem é jaula o dia,
que seja conspiração
de perfídia e sortilégio,
de roubo e contravenção
a noite cujas estradas
não se sabe aonde dão,
a noite que enlaça o negro
com seus silêncios de irmão.


ÁVILA, Affonso. Código de Minas & Poesia anterior. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1969.

 

 

Allan Banks, USA, Hanna

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Mar�lia Gon�alves

 

 

 

 

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