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Bruno Miquelino
Dona Morte
Dona Morte de sua longínqua habitação,
vem até aqui, até lá, até o mais ermo lugar
pra parar nossa mente, nosso coração,
tirar nossa aptidão de sonhar, de versar
e nos levar pr’onde todos conhecerão
Ela é o medo da vida e a vida dos medos.
Sempre esperada, mas chega inesperada
levando cada ser, e sorrisos ledos
sem avisos e sem segredos. Sem nada!
Dona Morte é o corpo lívido e desnudo
que deixa o poeta mudo e leva sua altivez,
sendo talvez, o começo ou fim de tudo
quando sem apreço for a nossa vez.
Porém, que ela faça seu fim, então, brando e
bem antes dos que estão em seu coração.
Pois muito pior que a incerteza de quando
é o receio de se morrer cheio de aflição,
depois de ver seus amigos se acabando!
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