Nota bibliográfica e fortuna crítica:
Carlos Herculano Lopes é um garimpeiro de realidades. É no fato, na
cena de rua, no olho das pessoas, na vida sem maquiagens, que o
escritor mineiro acha as suas pepitas, com uma peneira de pele e um
irresistível dom de catar pedras nas nuvens, flores em alto-mar, latas
abertas no dente, na marra, nos desejos que nos movem. Formado em
jornalismo, ele trabalha no jornal O Estado de Minas. Já publicou três
romances, três livros de contos e um de crônica, participou de 15
antologias e recebeu alguns dos mais importantes prêmios da literatura
brasileira, entre eles o Guimarães Rosa, o Cidade de Belo Horizonte e
o da 5º Bienal Nestlé. Autor de SOMBRAS DE JULHO, O PESCADOR DE
LATINHAS, O ÚLTIMO CONHAQUE, A DANÇA DOS CABELOS, CORAÇÃO AOS PULOS
(editora Record), e outros livros de fazer o leitor saltar de alegria,
Carlos Herculano nos surpreende a cada novo trabalho.
O
escritor e crítico Nelson de Oliveira, por exemplo, é um dos que se
assombram com a qualidade literária de Herculano. Em resenha publicada
no Jornal do Brasil, Nelson entra nas veias de CORAÇÃO AOS PULOS, uma
deliciosa coletânea de minicontos:
“O
susto que levei ao começar a ler o primeiro conto do novo livro de
Carlos Herculano Lopes, CORAÇÃO AOS PULOS, foi por conta da
simplicidade do texto (...). Que fique claro: o termo simples, neste
caso, denota densidade ficcional aliada à clareza discursiva, jamais
falta de elaboração. (...) Nesta coletânea, o universo onírico e os
desajustes com a figura paterna, em geral agressiva e bronca, são
reelaborados compulsivamente. Mesmo que tais temas já tenham sido
explorados à exaustão, a suavidade com que Carlos Herculano Lopes os
reapresenta faz de CORAÇÃO AOS PULOS uma coletânea para diversos
paladares, do rústico ao refinado. Razão pela qual o gesto simples,
que nada tem a ver com a mera simplificação, vem bem a calhar quando o
que se procura é a leitura menos polêmica e mais sedutora, e, por
conta disso, a ampliação do número de leitores de contos, curtos e
longos.”
Por sua vez, com o romance A DANÇA DOS CABELOS, Carlos Herculano Lopes
despenteia a lógica, apara as ausências, desembaraça ainda mais os
mistérios da sedução narrativa e tira a crítica para dançar de rosto
colado no texto. Alguns comentários sobre o livro:
“Inventivo no enredo, no apuro da frase, no trato das sexualidades
ilegítimas e dos amores heréticos, está na praça um romance de alto
nível.”
Deonísio da Silva, O Estado de São Paulo.
“ (...) neste pequeno e denso romance temos a oportunidade de
entrar profundamente em um Brasil não-cordial, pré-lógico, pré-urbano
e pré-diurno, construído a sangue, fogo e infâmia. Aí está um pouco da
história oculta do nosso passado.”
Carlos Emílio Corrêia Lima, Jornal do Brasil.
“A DANÇA DOS CABELOS é a vida vivida e refletida na arte, o viver
do outro fermentando e jorrando de maneira lírica.”
Duílio Gomes, O Estado de Minas.
“(...) escreveu pouco e disse muito.”
Antônio Carlos Rocha, O Globo.
Na orelha do livro, Rita Espeschit escreve:
“Além de ser um belo romance, A DANÇA DOS CABELOS também pode ser
considerado um delicado bordado, uma renda fina de palavras tecidas
pelas lembranças de três Isauras: avó, mãe e filha. São as vidas
destas mulheres que, cosidas num mesmo tecido, compõem o jogo de armar
de uma história que seduz e captura o leitor desde o início.”
Como já disse o crítico Ronaldo Cagiano, “Carlos Herculano
Lopes faz uma faxina na forma e no conteúdo, e ao longo de sua
vitoriosa carreira literária, confirma não apenas o talento versátil e
o estilo singular, mas seu vínculo e compromisso com uma arte do mais
alto padrão estético.”
Um padrão
que não se prende a modelos e se desfaz feito chuva, nos textos do
autor, para ganhar outras formas, ainda mais ricas e remexidas, na
visão de cada leitor.