César Leal
Vaqueiros
Erguendo as patas do solo ao cinto
vão os grandes cavalos,
em seu trote ligeiro,
pescoço em arco
sob as rédeas, as crinas agitadas
lembram o tremor brando
das palmeiras no estio. E os cavaleiros,
seguidos pelos cães pastores,
o pespontado couro sobre os ombros,
o guarda-peito, as luvas, as perneiras,
presas aos tornozelos, como se os pés
houvessem ganho caudas,
vêem-se os ferros das esporas,
com limpas rosas de espinhos,
rosas girantes a impulsionar o trote.
Todos conversam alegremente, alegres
conversam,
e treinam — ao retornar — junto
às cercas do curral...
saltando as ponteagudas estacas,
fazendo passar por baixo dos mourões
o cavalo solto a toda brida,
enquanto por cima eles saltam
para alcançar adiante a sela
e
d
e
s
c
e
m
o morro, qual rochedo em queda do
penhasco,
e atingem o vale, onde pastam os novilhos,
e aos mais velozes escolhendo, vai
derrubando
a todos pela cauda,
mostrando ao punho a própria força,
à jovem amada o seu valor
e aos bois em grupo: o seu domínio.
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