LoBoS
               
               
              
E a
              coruja observa.
              Na calma
              noite fria
              Ela,
              quieta, espia.
              
Cai a
              neve molhada
              Sobre cada
              pegada
              Do menino
              sozinho.
              
Uivos se
              ouvem longe.
              E a lua se
              enche
              De um medo
              absurdo.
              
O
              pequeno caminha.
              Vai alheio
              a lua
              E a sorte
              sua.
              
Os lobos
              se aproximam.
              Os caninos
              cintilam.
              O rosnar é
              só um.
              
O maior
              é cinza.
              Devagar, se
              aproxima
              Do garoto
              parado.
              
O rapaz
              se ajoelha.
              Calmamente,
              sorri.
              Há algo
              errado ali.
              
O animal
              nada entende
              E como se
              fosse gente,
              Certa pena
              sente.
              
É então
              que o lobo
              De olhos
              amarelos
              Se deixa
              acariciar.
              
E o
              menino, devagar,
              Um galho caído
              no chão 
              Se põe a
              pegar.
              
Seu
              grito é sobre-humano,
              Ao atingir
              o lobo no crânio.
              
Corre a
              alcatéia apavorada,
              E a criança
              tem sua fome saciada.
              
A coruja
              olha displicente
              O garoto
              partindo, na paisagem inerte.
              Nem triste,
              nem contente.