Nordestes[Porque a Lei federal 9.532/97 revogou as isenções tributárias dos tijolos de barro amassado, das telhas vãs, da madeira bruta, dos chapéus de palha, dos cestos rústicos, dos sapatos do recém-nascido e do soro de veneno de cobra.]
Sem casa, porque os tijolos te seriam
Sequer um pau-a-pique, madeira bruta,
Nem um cesto rústico para ajuntar
Todas estas árvores, todos estes montes,
E a cabeça de Francisco Severino – não seria José?
Sagrarás, ó imundo, o chão da Pátria com o canto
Carcomido por dentro e por fora:
Dois paus truncados, em madeira embrutecida,
E o sapatinho de crochê do teu primogênito.
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Este, o 21º capítulo de Poética, um livro vivo, aberto, gratuito,
participado e participativo, cheio de comentários que, a rigor — esta,
a proposta —, os comentários, mais importantes que o texto comentado:
abrir o debate, uma multivisão.
— Livro vivo, como assim? — Porque em permanente movimento, espaço aberto a quem chegar, tão amplo como o espaço àqueles que aqui estão desde os séculos, todos em absoluta ordem alfabética. Seja bem-vindo! POÉTICA: Capa, prefácio e índice poemas e poetas comentaristas
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Comentários:
OFICINA:
“Nordestes”, plurais, sim, mais que esta região miserável – ianomâmis e outros matos-mata-matam –, a Pátria, um nordeste só, amplo e singular-plural. Essas isenções do IPI, a Constituição de 46 as registra: “Mínimo indispensável à habitação, vestuário, alimentação e tratamento médico das pessoas de restrita capacidade econômica”. A Lei nº 9.532/97 as revogou. Fiz o poema, postei, divulguei; mandei para eles (Receita Federal, fui de lá, concursado Auditor, até dia destes). .-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.
ADELAIDE LESSA: .-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.
ANÍBAL BEÇA: .-.-.-.-.-.-.-.-.-.-. ERNANI GETIRANA: E aqui mais um poema nessa linguagem-raiz, que quanto mais dita mais... necessária. As várias nuances e indicações bíblicas nos remetem a uma releitura num nível semântico e histórico onde os personagens-povo desfilam reclamando por justiça. É a famosa introspecção de “Eu” poético num eu impessoal mas, ao mesmo tempo, restabelecido, esse eu impessoal, numa postura de alterego do poeta. Falando assim parece complicado mas basta dizer que é como se os personagens tomassem “de pena” (caneta) do poeta e dissessem suas verdades e o poeta gritasse: “mas era isso que eu queria dizer, meus irmãos de saga”, Sagarana? “serTÃO assim, como essa fome enjaulada que habita em mim?”. Digo em um de meus poemas. SF escreve como se fôra um menino astuto que acabasse de criar um brinquedo e ficasse ali do lado da criatura a pensar, fui eu? Todo bom artista tem essa mesma sensação após “parir” sua obra. “Parla”, meu caríssimo poeta! .-.-.-.-.-.-.-.-.-.-. FRANCISCO JOSÉ AGUIAR MOURA: Caro poeta, como não tenho palavras diante de tanta beleza e consciência, tomá-las-ei emprestadas: “Canto das Três Raças”; interpretação magistral da saudosa Clara Nunes: “Esse canto que devia ser um canto de alegria, soou apenas como um soluçar de dor. Ôôôôôô!”. .-.-.-.-.-.-.-.-.-.-. IVONE ALENCAR: De onde vem tanta sensibilidade? Não repousas? Porque tudo te inspira. Ôooo injustiça com nós, pobres mortais. .-.-.-.-.-.-.-.-.-.-. JOÃO BATISTA SILVA: Nobre SF, “Nordestes”, para incontáveis visitações. “Do Éden a Patmos, duas vezes trinta e três. Dois paus truncados, em madeira embrutecida, o tributo bruto, te serão pouso e vingança”. Inumeráveis domingos de reflexão. Grato! .-.-.-.-.-.-.-.-.-.-. JOCA DA COSTA: Li e vi que o poema é de profeta, daqueles Ezequiéis, que cavoucam pedras no caminho do messias; é todo um evangelho, o de nossa sina; é bíblico, com altar no qual a alma curva-se em oração. Gostei imenso e comovido. O prazer estético também pode ser repor justiça ao mundo, além de adoração. .-.-.-.-.-.-.-.-.-.-. LUCIANO LANZILLOTTI: Belo, meu poeta, muito belo! .-.-.-.-.-.-.-.-.-.-. LUIS ANTONIO CAJAZEIRA RAMOS: “Nordestes”! Eita que seu poema despertou poemas nos leitores. Poesia que rende poesia! Não preciso dizer mais. .-.-.-.-.-.-.-.-.-.-. MARIA DE LOURDES HORTAS: Como diz o ditado: “Pela aragem já se vê o que virá na carruagem”! Aplausos, Poeta. .-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.
REGINA VIEIRA DE SOUZA:
Há o que duvidar em termos regionalistas, reflexo de apego à terra natal, ao rincão brasileiro? Seria talvez exagerado considerar o poema como épico, no entanto, os elementos cristãos e as intromissões da fala aí estão para lembrar as grandes epopeias. Os versos que aludem a Francisco Severino, lembram, embora não intertextualizem o velho Drummond: “E agora, José?”. .-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.
STELA FONSECA: Poeta amigo, você se supera a cada novo poema. Excelente, dramático, real e belo o seu “Nordestes”. Cada vez admiro mais o seu talento. Como um poema de tema tão árido pode ser transcendente? O seu é. Mais uma vez parabéns, poeta penúltimo. .-.-.-.-.-.-.-.-.-.-. STELO QUEIROGA: Belos Nordestes nos deste, Soares Feitosa! Os comentários/análises são maravilhosos também! .-.-.-.-.-.-.-.-.-.-. |