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Regine Limaverde


 

Apelo


Ah! Amado!
Pudesses sentir
meu perfume
e verias que
recendo a húmus
em dia de chuva.
Ah, Amado!
Pudesses sorver
meu sumo
e o acharias doce
como um fruto
maduro no pé.

Ah! Amado!
Pudesses sentir
meus tremores
e o compararias
ao vento que
antecede uma tempestade.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Goya, Maja Desnuda

 

 

 

 

Regine Limaverde


 

O tempo


O tempo
dança
sobre nossas cabeças.
Ele é sábio,
mestre, deus -
O tempo
lava tristezas
rio amargo
de águas salobras.
Carrega gargalhadas,
flores derramadas
de nossas bocas.
Corre em nossas
lembranças,
qual barco fugidio.
Envolve amores,
elos fortes
na cadeia
de nossas vidas.

Tempo sábio
mestre
deus.
Ele existe
e dança
fantasma
sobre nossos corpos.

 

 

 

William Bouguereau (French, 1825-1905), L'Innocence

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José Saramago, Nobel

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Poussin, The Judgment of Solomon

 

 

 

Regine Limaverde


 

Análise sensorial


Tentei
o doce
de tua boca mas provei o salgado
de meus olhos.

 

 

 

Da Vinci, Homem vitruviano

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Alceu Brito Correa

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Poussin, Venus Presenting  Arms to Aeneas

 

 

 

 

Regine Limaverde


 

Morte


Matas-me
agonizo sob teu olhar.
Nenhum gesto,
nenhum toque
onde antes me
fazias música.
Morro.
Esvaio-me em tuas mãos,
areia.
Debato-me em sonhos,
pesadelo.
Não quero acreditar.
Não posso acreditar,
mas
morro sob teu olhar.

 

 

 

Da Vinci, Cabeça de mulher, estudo

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Paulo de Toledo

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Poussin, Rebecca at the Well

 

 

 

 

Regine Limaverde


 

Paciência


Mastigo
saudade,
gosto amargo
em minha
boca.
Choro
desejo,
fogo ardente
em minhas entranhas.

Busco
teus olhos
com a paciência
dos sábios.

 

 

 

Maura Barros de Carvalhos, Tentativa de retrato da alma do poeta

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João Batista Oliveira Filho

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Poussin, The Nurture of Bacchus

 

 

 

 

 

Regine Limaverde


 

Reencontro


E os meus olhos
redescobriram-te
através dos séculos.
E as minhas mãos,
conchas vazias,
encheram-se de sonhos
perdidos nos seixos
lapidados de teu
corpo amado.

 

 

 

William Bouguereau (French, 1825-1905), Mignon Pensive

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Gustavo Dourado

 

 

16/05/2005