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João Augusto Sampaio

jasampaio@uol.com.br

Poussin, The Judgment of Solomon

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Poesia:


Ensaio, crítica, resenha & comentário: 


Fortuna crítica: 


Alguma notícia do autor:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ticiano, Salomé

 

Rubens_Peter_Paul_Head_and_right_hand_of_a_woman

 

 

 

 

 

 

 

 

Theodore Chasseriau, França, 1853, The Tepidarium

 

 

 

 

 

João Augusto Sampaio



João é Adão



Nu todos os dias.
Todos os dias fico nu.
O banho purifica-me.
Todos os dias sou Adão.
No paraíso — nu.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

João Augusto Sampaio


 

ARA PACIS AVGVSTVS


No exato instante
da primeira e salivante garfada na tua moqueca,
camarão-palhaço, rio e choro.

Vendo-te de cima,
humilhado e cozido, enrugado, desidratado,
onde a gaiatice que te batizou?

Os movimentos de tuas antenas, nunca mais.
Inerte, catatônico, imberbe,
ah!, palhaço, alimento de humanos.

Uns comem, outros dão-se.
Serena, Gaia prossegue sua caminhada
pulsando, espiralando, subindo...

 

 

 

 

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Carlos Augusto Viana

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

João Augusto Sampaio



A perene estética do bambú


Engarrafo
Rotaciono minha cabeça
sobre o eixo do pescoço

Lua cheia
Silhueta de três ramos de bambu
Li Po
Tu Fu
Chuang Tzu

Faz-se o oriente na Bahia

Os carros andam
Transito
 

 

 

 

Bernini_The_Rape_of_Proserpina_detail

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Regina Sandra Baldessin

 

 

 

 

 

 

 

 

Delaroche, Hemiciclo da Escola de Belas Artes

 

 

 

 

 

João Augusto Sampaio


 

Do ser bicho


Ajoelho-me e vejo meu cão
debaixo da cômoda de jacarandá-da-bahia.
Vejo então o que nunca havia.
Os debaixo-das-coisas,
visão franciscana da vida.

Este ser que me vela,
espera-me nos embaixos do mundo.
Olha-me de baixo pra cima,
estando eu abaixado e agachado.

Dois olhos de gente
com dois olhos de bicho.
Animais para os quais dois santos pregaram.
Um louvando, enquanto o outro desancava
a raça humana, mesmo crendo.

Pus-me no lugar do meu cão.
Vi um mundo mais humano.
 

 

 

 

Ruth, by Francesco Hayez

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Pedro Nunes Filho

 

 

 

 

 

 

 

 

Poussin, Rinaldo e Armida

 

 

 

 

 

João Augusto Sampaio



Cacetinhos voadores



Sua-se na madrugada.
Apressa-se o fim do lusco-fusco.
Achas e mais achas,
atiça-se o fogo no forno.

Fermenta-se.
Incha-se.
Coze-se.
Saca-se.
Morna-se.

O vidro quebrado
permite
o vôo pela janela.

Atordoado,
se pelos golpes
ou extremo carinho,
acordo e como,
quentinhos,
os cacetinhos voadores
de Vovô Barreto, padeiro.

 

 

 

 

Albrecht Dürer, Mãos

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Ruy Espinheira Filho

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Poussin, The Nurture of Bacchus

 

 

 

 

 

João Augusto Sampaio


 

A Cidade das Nuvens

Ao Pintor e Arquiteto Diógenes Rebouças
e ao seu livro Salvador da Bahia de Todos os Santos no Século XIX



Na hora grave em que os gurus meditam,
afasto minha visão da tela do computador
e vejo a vós, cúmulo-nimbos
baianas, gordas e barrocas,
arrastarem muito lentamente
seus ventres sobre o paliteiro
no qual transformou-se
minha Cidade do Salvador.

Neste Espanto da Madrugada
tuas cores róseo-alaranjadas,
o ritmo caymmiano,
tuas formas volutuosas,
só acentuam a diferença
entre vós e Nossa Cidade
trans formada

— Salvador da Bahia de Todos os Arranha-Céus.
 

 

 

 

A menina afegã, de Steve McCurry

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Maria Helena Nery Garcez

 

 

04/03/2005