Mais de 3.000 poetas e críticos de lusofonia!

Sonia Sales 

ss.sales@uol.com.br

Thomas Cole (1801-1848), The Voyage of Life: Youth

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Poesia:

Ensaio, crítica, resenha & comentário: 

Fortuna crítica: 

Alguma notícia da autora:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
Marco Aqueiva

 

Florisvaldo Mattos

 

 

 

 

 

 

Frederic Leighton (British, 1830-1896), Antigona,detail

 

 

 

 

 

Sonia Sales

A Menina Afegã

 

Caro Soares Feitosa

Mais uma vez sou-lhe grata pela grande gentileza de enviar-A menina afegã, de Steve McCurryme os catálogos das Edições Cururu. Excelentes! Através deles e de sua generosidade, pude conhecer autores de ótima qualidade e rever outros a quem admiro.

“O que o tempo há de querer”. Belo texto! A menina afegã tem um olhar misterioso e triste que nos convida à reflexão! Vida e morte, de que vale tudo isto?

Neste momento, quando o mundo está de luto por tantas tragédias, quando tantos estão morrendo em guerras inúteis, é difícil falar de amor.

É difícil falar de felicidade quando crianças de rua estão sendo usadas para vender drogas e nos olham com seus olhos famintos, o mesmo olhar da pequena afegã, pedindo clemência, pedindo um pouco de afeto – tão abandonadas, mas, ainda assim, vamos tentar fazer uma pausa, fingir que amanhã será diferente. Esquecer por momentos a crueldade do mundo e imaginar que ainda há esperança para o futuro.

Abraços carinhosos

da Sonia Sales

 
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904), Plaza de toros

 

 

 

 

 

Sonia Sales

 

Auto-retrato


Manequim de madeira
carcomido
empoeirado
esquecido no canto
como velhas lembranças.
Manequim articulado
num eterno abraço
coração vazado, sorriso
sem alma.


O sótão é seu abrigo
o silêncio, seu amigo
um girassol, seu amor.

Manequim abandonado
que da sorte se
perdeu.

Sou eu.
 

 
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904), Bathsheba

 

 

 

 

 

Sonia Sales

 

Meditação


No lodo do rio
talhado de sangue dos infiéis
naves contraditórias descem na correnteza
procurando certezas
de uma eternidade
que só Deus nos pode dar.

Como o lótus nascido do silêncio
o monge medita as transições da lua,
a transparência do vidro,
o silêncio,
o nada ser, para alcançar o sempre.
Sentindo que sem a esperança do eterno
não há o sentido da vida.
Sem o saber do infinito
não há para que uma alma.

 
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Velazquez, A forja de Vulcano

 

 

 

 

 

Sonia Sales

 

Estática


 

Juntam-se as partículas
eletricidade formando.
ESTÁTICA ESTÁTICA
Choque!
Suas mãos no meu corpo
seus olhos nos meus
ESTÁTICA ESTÁTICA
Apenas cinética
minha alma é gráfica.
No computador, meu
coração um unicórnio.
Um ícone é meu lar.

 
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Tintoretto, Criação dos animais

 

 

 

 

Sonia Sales

 

No elevador


Neon em reflexo de estrelas.
Cristal em céu costurado
de espelhos.
Um quadrado maior que o Universo.

O elevador parou entre
o quinto e o sexto andares
sem computador, nem ampulhetas.
Num instante, milhares de anos.
O espaço cósmico em branco.
Um homem, uma mulher,
como no início do início.


 
 

 

 

 

 

 

08.11.2006