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Artur da Távola

Rio de Janeiro, DF, 03/01/1936 - Rio de Janeiro, RJ, 09/05/2008

 

 

 

 

 

 

Poesia :


Resenha, ensaios, crítica & comentário:


Alguma notícia do autor:

 

 

 

Sophie Anderson, Portrait Of Young Girl

 

Culpa

 

 

 

 

Alessandro Allori, 1535-1607, Vênus e Cupido

Artur da Távola



Biografia


 

Artur da Távola (1936-2008) foi escritor, radialista, jornalista e político brasileiro. Foi secretário estadual de cultura do Rio de Janeiro. Foi diretor da Rádio Roquete Pinto.

Artur da Távola, pseudônimo de Paulo Alberto Moretzsohn Monteiro de Barros, nasceu no Rio de Janeiro, no dia 03 de janeiro de 1936. Escolheu seu pseudônimo em homenagem ao rei Artur da Távola Redonda. Formou-se em Direito pela PUC do Rio de Janeiro.

Foi eleito deputado estadual em 1962, mas teve seus direitos cassados e se exilou na Bolívia e no Chile. Retornou à vida pública em 1987 elegendo-se deputado federal, exercendo dois mandatos. Entre 1995 e 2003 exerceu o mandato de senador. Em 2001, foi secretário estadual de cultura do Rio de Janeiro.

Em suas atividades jornalísticas e literárias escreveu 23 livros entre biografias, crônicas e estudos sobre televisão e música, foi redator de várias revistas da Editora Bloch, foi colunista de alguns jornais, entre eles, o Globo, Última Hora e O Dia.

Artur da Távora foi um admirador e pesquisador de música clássica e MPB. Apresentou na TV Senado, durante oito anos, o Programa “Quem Tem Medo da Música Clássica?” Foi diretor da Rádio Roquete Pinto. Faleceu no Rio de Janeiro, no dia 09 de maio de 2008.

 

 

 

 

 

Jean L�on G�r�me (French, 1824-1904)

 

 

 

 

 

Artur da Távola


 

À Soares Feitosa



Grato pela suspresa de "Poemetos". Como aprecio o verso contido e quintessencial comoveu-me o "Femina", de alto e elevado erotismo quando fruto de amor. Nos poemas discursivos, compadre que sou do Thiago de Mello, percorri com você a troca vivencial e o acompanhei sobretudo na emoção com o Assum Preto. A primeira vez que o ouvi, criança ainda, fui à taquicardia e às lágrimas.

Sempre Mais,

Artur da Távola

 

 

John William Godward (British, 1861-1922),  A Classical Beauty

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Rubens Ricupero

 

 

 

 

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Artur da Távola


 


Soneto Inascido


O poema subjaz.
Insiste sem existir
escapa durante a captura
vive do seu morrer.
O poema lateja.
É limbo, é limo,
imperfeição enfrentada,
pecado original.
O poema viceja no oculto
engendra-se em diluição
desfaz-se ao apetecer.
O poema poreja flor e adaga
e assassina o íncubo sentido.
Existe para não ser.


 

 

 

 

 

 

Leighton, Lord Frederick ((British, 1830-1896), Girl, detail

 

 

 

 

 

Artur da Távola


 

Retrato


A dolorosa
e lenta
refeição do velho.
Sopas e papas insepultas
voracidade morta
lassa obrigação de alimentar.

Saliva é cuspe
o cuspe é baba
na dócil refeição do velho.

A lentidão exasperante
de quem come para não morrer
e morrerá porém. Só

A dolorosa
e benta
refeição do velho.

A carne insulta-lhe
a indecisão do dente,
dor e cansaço no deglutir.

Tudo é torpor ou gole
na fome sem sabor
da refeição do velho.



 

 

Ticiano, O amor sagrafo e o profano, detalhe

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Lilian Mail

 

 

 

 

John Martin (British, 1789-1854), The Seventh Plague of Egypt

 

 

 

 

 

Artur da Távola


 

Autismo


O tédio que não revelo
resvala e vala na taquicardia
do sorriso emoliente
em minha ativa participação.
A morte, amiga de infância,
palpita vida na força do meu viver.
Sou segredos, dons, acasos e órfão,
silenciados em músicas e pickles.
Meu menino, a cirurgia, aquele cão, o não,
a morte do pai e minha irmã
moram anônimos
no quarto e sala da alma.
Falo o que calo
sinto o que guardo
sob outro eu igual ao mim
bem melhor, porém.
Mas autista.
O sexo implícito, o tesão abissal,
a gula mamada,
a timidez flatulenta,
jazem no fundo do meu mar.
Escafandro-me, debalde.
Calo constatações,
blasono brilhos
suicido sonhos,
calafrio-me a colher náuseas
e navego fés esperançosas.
Sou sem teto de onde salto
para o chão do não ser.
Minha blandícia
quem acarinhará?

 

 

Rubens_Peter_Paul_Head_and_right_hand_of_a_woman

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Micheliny Verunschk

 

 

 

 

Jean L�on G�r�me (French, 1824-1904), Plaza de toros

 

 

 

 

 

Artur da Távola


 

O Peixe


Cego e sagaz
tudo vê e nada sabe.
Mudo e falaz
é lâmina sem espada,
folha elegante de matéria
do abissal silêncio onde reina sem querer.

O peixe cumpre rituais
que desconhece.
Pecilotérmico,
é faca, escama, escuna
de peso levitado e fléxil.
Respiração sem ar.
O peixe escamoteia a inércia
e re-inaugura
a gratuidade do movimento
que o conduz à não direção
onde se esconde, copula,
e consome o invisível.

 

 

William Blake, Death on a Pale Horse

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Myriam Fraga

 

 

 

 

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