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Camilo Martins Neto

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904)

Poesia:


Contos:


Ensaio, crítica, resenha & comentário: 


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Franz Xaver Winterhalter. Yeda

 

 

 

 

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904)

 Camilo Martins Neto



Bio-Bibliografia



Camilo Martins Neto, Parido na pequena Feitoria dos Leal, Hoje Agricolândia, nas entranhas da zona da mata, região do Médio Parnaíba, no Piauí.

Se mandou de lá aos 14 anos[porque não teria futuro lá] estudando em Belém de Maria-Pernambuco, no E.N.A.[só da 5ª á 8ª série do 1º grau]
Depois foi para Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de janeiro e São Paulo[só tentando a vida, sem resultados positivos, coisa de adolescente] e aos 19 anos voltou para o Piauí, namorou, noivou e casou com Odinéia, logo vieram os filhos Karlla Kamylla, agora com 18 anos e Gleydson Camilo, que hoje tem 16 anos.

Nesse meio tempo, foi Fundador e primeiro presidente da Associação dos moradores do Município de Agricolândia, realizador de festivais de violeiros na região do médio parnaíba Piauiense, locutor da rádio 1º de Julho em Água Branca-PI com o Programa Poesia,Amor e Vida, suplente de vereador em Agricolândia no pleito 88/92, Membro fundador da Academia de Letras do Médio Parnaíba, que tem sua sede em Amarante, Piauí, cadeira Nº 11 que tem como patrono o escritor Zito Batista.

Em 1989 final do ano foi com a família para São Paulo onde permaneceu na capital por um ano e meio e mudou-se para o interior, Artur Nogueira, na região de Campinas onde foi estudar no Seminário Latino Americano de Teologia, na metade do último ano,1994 nasceu o pequeno Lucas Camilo, dentro de um fusquinha 73, pois não deu tempo chegar no hospital.

Em 1995, Fevereiro foi trabalhar para a Associação Norte Paranaense da IASD em Cascavel, no Paraná, trabalhando em vários municípios como: Londrina, Umuarama, Goioêre, Porecatu, Barbosa Ferraz e Vera Cruz do Oeste, tudo no Norte do Paraná.

Hoje se encontra novamente em Artur Nogueira-São Paulo, onde pretente fazer o mestrado em psicopedagogia.

Tem 3 livros publicados: Caminhos Poéticos, Palmeira Solitária e O Marcineiro que Fez a Cruz de Jesus.
Um livro no Prelo: Poesias ao Entardecer
Colunista do Jornal Folha da Semana – Artur Nogueira –SP
Locutor da Rádio Cabocla FM – programa Impacto, Diário.
Membro da UBE-SP e UBE-PI
Dirigente do Movimento dos Escritores Nogueirenses.
 

 

 

 

 

 

 

John Martin (British, 1789-1854), The Seventh Plague of Egypt

 Camilo Martins Neto



A vida


Mergulho no rio
Correnteza à baixo
Nadando de frente
Ora de lado
Outras de costas
Enfrentando tudo
Basculhos, pedras
Cortantes folhas,
Águas turvas,
Peixes vorazes,
Cobras venenosas,
Peçonhentos tantos
A desanimar a lida.
Mas, nado, e, nada
Me impede a ida
Quero chegar ao
Outro lado da vida.
Canso, descanso
E no remanso fico
A boiar na água
Mansa do meu rio.
Rio que vai e nunca
Mais volta, tal como
Eu que nado, nado...
E vou, pra nunca
Mais voltar à mesma
Água que se foi.
É assim, braços
Cansados, pernas
Cansadas, corpo
Cansado, o tempo
Que também se foi...
Estou quase chegando
Ao outro lado do rio
Nado e nada me
Impede de pisar
Em solo firme
E vem lembranças
Da travessia
Quanta luta e o
Suor se misturando
Com a água do rio,
As lágrimas a
Aumentarem-lhe
O volume e juntar-se
À água salgada
Do velho mar.
Falta pouco e
Nesse pouco
Vejo o quanto
Foi importante
Nadar e não
Deixar que nada
Impedissem as
Sagradas braçadas
Que além das
Forças, minhas e
Do rio, foram
Vencendo cada
Obstáculo quase
Intransponíveis
Da travessia do rio.
E continuo nadando
E dando tudo de
Mim para vencer
A correnteza final
E chegar e sorrir
E chorar de alegria
E descansar afinal
Merecidamente
Eternamente, pois
Assim é a vida.

 

 

 

 

 

 

 

Michelangelo, 1475-1564, Teto da Capela Sistina, detalhe

 Camilo Martins Neto



Eu passo


Passo a passo
Passando
Passo
Pelo lago
Pelo rio
Pelo mar
Passo
Passeando
Pasmo
Pela selva
Pela mata
Pela relva
Passo largo
Passarei
Pela vida
Pelo João
Pelo José
Pelo Pedro
Passo
Porque todos
Passam
Passaremos
Pelos pássaros
Pelo átomo
Passa
Pelo monte
Pela ponte
Ponte que liga
Para passar
Pelo inferno
Pelo céu
Pelo lindo
Pelo belo
Passando
Pela flor
Pelo infinito
Passo descalço
Pisando o vento
Passando as nuvens
Pensando na gente
Pés frágeis, mas,
Passando em paz
Penso que assim
Perto está
Para passar
Para a outra vida
Pelo abismo
Pela sepultura
Pela infelicidade ou
Pela felicidade
Pelo desejo
Pelo que for
Pela perda
Pela dor
Pelo sentimento
Pelo fingimento
Pela noite
Pelo dia
Passarás
Pela lágrima
Pela angústia
Pela calma
Pela tempestade
Pela chuva calma
Pelo sacrifício
Pelo orifício
Pela purificação
Pela justificação
Para a glorificação
Para a eternidade
Para a felicidade
Pela cristandade
Pelo prazer de
Passar por isso
Pela recompensa
Passar não por
Passar somente
Passar para viver
Passar para sorrir
Passando muito bem
Passeando pelo trem
Pelo trem da vida
Passando e levando
Paz para o coração
Passando pra trás
Pela janela tudo que
Passa e não presta.
Passa e não volta
Para o silêncio
Pra sempre
Paranás da vida
Peixes podres
Poderes sujos
Poderás quem sabe
Poder saber
Para que serve
Prata, ouro, enfim
Pintando de azul
Pedras douradas
Pensando ser a
Pérola da vez, mas são
Porcos enlameados
Passa, passa, tudo
Passa e se vai
Passando vai...vai.
Pregos, cravos
Pregados ferem
Presos à mão e à dor.
Passos lentos
Pisando o chão
Pés feridos no sertão
Paraíso abandonado
Paisagens abstratas
Pelo olhar sangrento
Pingüins ou visões?
Patos ou piras acesas?
Pessoas ou árvores?
Prometo acordar
Pois tudo passa
Passará essa visão
Pronto, está
Passando o
Pesadelo
Peso demais
Para mim
Pequeno que sou
Parabéns então
Por suportar
Pranto e dor
Plumas e aromas
Palmas e vivas
Pra todos que vão
Passando e ouvindo
Pensando e vendo
Plantando e colhendo
Penteando a solidão
Prateada de ilusão
Pranteando o coração
Passo a passo eu
Passo no compasso
Do meu passo
Passo no espaço
Parcialmente
Palaciano da vida
Posso passar lutando
Pelo prazer de morrer
Por meu querido piaui?

 

 

 

 

 

 

 

Michelangelo, 1475-1564, Teto da Capela Sistina, detalhe

 Camilo Martins Neto



A serra...


Viajando pelas estradas do meu Piauí,
Em sentimentos melancólicos, por ali,
Olho bem ao longe aquela linda serra,
Parece que o céu está beijando a terra!

E nessa essência de visão sobrenatural,
Numa paz de um mundo, assim, irreal...
Entre o céu e a terra, flutua aquela serra!
Tirando-me de minha angustiosa guerra...

Sei dos teus ais, serra, sobrevivência hostil,
As escassas gotas de água, os ventos a mil,
As terríveis feras humanas devorando tudo!

A tua santa tolerância, em ambiente mudo!
Assim és, assim serás para toda eternidade,
Serra querida, serra do amor, serra sem idade.

Poeta Camilo Martins
Aqui, hoje, 21.12.2022
19h10min [Noite]
Estilo: Soneto

 

 

 

 

 

 

Frederic Leighton (British, 1830-1896), Memories, detail

 Camilo Martins Neto



Estudos & catálogos — mãos

 

Universalissímo Poeta So-ares Feito S/A,

És deste planeta? ou vieste de outro universo [dimensão] galáxia superior, intracardíaca, cérebromeridionáltica? Sim, pois esse poder de dar vida às palavras e fazer Cururus saltar para dentro da gente sem estourar as glândulas venenosas e nos ferir mortalmente, com certeza é um truque mágico novo! [que o diga os buracos negros da vida ou vegetação] [Imagine, isso só para ditar a razão do nome da editora, e tu tens que me empurrar sapos, ainda mais cururus, goela abaixo?] 

Me senti tal qual o super-homem atingido por sua inegável arma de destruição de sua própria massa muscular e ocular e... a fatal criptonita. Até porque não precisa me dar aulas de cururus, eu os conheço muito bem! Coloquei um no bolso uma vez, um cururu espirrou seu veneno nos meus olhos, lá em Pernambuco, perto de Caruaru, e eu quase fiquei cego de um ouvido... outra vez chutei um, sem querer, é, claro! [se eu não disser assim, já, já, vem o greempeace me aporrinhar... mas não adianta mais, o chute tá patenteado e já foi copiado até por holliwood.] 

Ainda outro dia coloquei um dentro das calças do meu amigo Luiz Dicosa, espie só se isso é brincadeira! Um dia vi um à beira da Lagoa das Negas, lá na feitoria dos leal, hoje Agricolândia, conversando com uma pedra [ veja só! ] e quanto sentimento dentro da couraça horripilante e inchatória do danado! A pedra ficou tão comovida [com a feiúra do bicho, é claro!] que lhe deu de presente uma lagartixa que havia “capturado” enquanto a tal tomava o seu costumeiro banho de sol, e, agradecido o dito cujo cantou o resto da noite, bem... quase... até ser encontrado e apresentado a uma jibóia que passeava por ali, e eu na beira da lagoa pescando, piscando pro meu amigo Ivan, [ o terrível ] que acabara de fisgar uma traíra, apontei para a cena que se desdobraria a seguir, dito e feito. Tchau e bênção!

 

Até hoje não esqueço

o cantá do sapo,

[ o sapo cururu ],

na madrugada,

do meu sonho nu...

canto que não

se entende e não

se sabe se é mesmo

...ou é o som do

próprio estômago

digerindo a vida

da outra que se foi,

ou rindo à toa de

barriga cheia,

[ como fazem os

mendigos ou as

dentuças hienas ]

caçoando da triste

e derradeira sorte

lagartixóide, sem

amenos pensar

no seu próprio

(i n) f e l i z

d e s t i n o .

[feliz é quem

feliz se vai]

 

Esse Estudos & Catálogos – Mãos, que me enviaste [junto com o sapo cururu] é de uma profundidade intragaláctica e na verdade eu gostaria de nesse momento pegar o primeiro jegue aéreo rumo ao Ceará, mãos no bolso, à toa, à toa e ter a oportunidade de sentado numa preguiçosa [feito Pantaleão, falo da cadeira, é claro!] à beira do oroz ou mesmo no Não Me Deixes, [se nos deixassem] quem sabe até naquela casinha do saudoso Patativa do Assaré, [que completa o cenário perfeito da visão] que eu vi na televisão, ou em Londres [tem algum bairro com esse nome por aí?] onde tu nunca fostes e muito menos eu,[o mais longe que eu estive foi em Nova Iorque, interior do Maranhão] tete a tete, tecer os comentários a respeito deste fenomenal pré – fácio será saber que a obra é tal e qual [eu nunca vi uma carroça puxando os bois!]. 

Mas, como diria Saint Exupéri, “ só se ver bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos.” Por isso é preciso viver, sentir, saber; Fica mais fácil compreender tudo buscando dentro do baú cerebral chamado saudade a essência do material feito, cheirado, cuspido, beijado, chupado, imaginado, sabido, sonhado [...] à distância do tempo que se foi e que não volta mais para a alegria de todos os defuntos, é claro! Eu digo isso porque agora, com tua escrita, é que compreendo o porque daquele ferro quente, em brasa, [como um vulcão a queimar o próprio corpo e derreter a alma] com o cabo de sabugo de milho, [pobre visconde de sabugosa!] que papai usou em duas vaquinhas que tinha [sonhando em ser fazendeiro, ô coitado!] e que aquele cheiro de macaco sapecado inté hoje não me sai da memória e depois ele me disse que tinha estudado até a 4ª série! 

Agora sim, me ficou tudo muito claro: A professora [que pagou o pato] foi a vaca, que serviu de quadro negro [ até porque ela era malhada ] e o abcedário, o ferro em brasa; Onde já se viu... aprender a ler nos bois ferrados! Que estudo sofrido! Pra quem? Me fez recordar também que toda vez que os vaqueiros iam buscar os bois na mata, para faze-los passar para a barriga da gente, os bichos vinham piados e encaretados e para nós, crianças, era uma festa e eu, meu irmão, meus primos e meus amigos subíamos nas árvores [pés de juá, taturubá, Maria mole, unha de gato(?) nos mourões das cercas, mas só nos de jacarandá e até nos pés de rama de bezerro] ou ficávamos atrás dos postes,etc, para passar pela aventura de ver os bois correndo bem perto e sentir aquela emoção, simples travessura de menino... 

Um dia lá vêm os vaqueiros com uma rês encaretada descendo pela estrada principal, recém-inaugurada e ao lado da estrada, perto da casa de seu Bruno haviam colocado um pilar de concreto com a placa [dessas que os governantes colocam para dizer eu sou o bom e vocês os idiotas que me colocaram aqui para eu me dar bem], bom, fato é que meu irmão achou de se esconder atrás dessa bendita placa e eu subi num poste da rede de energia, quando vi a coisa apertar, pois a rês vinha na direção do pilar, gritei para o meu irmão sair e ele, que é teimoso que só o cão, daquela vez atendeu e correu para a casa do seu Bruno e não deu outra a rês veio certeira e bateu no pilar, foi pedaço pra todo lado e rês pro outro e os vaqueiros não tiveram outra opção a não ser fazer o serviço sacrifical ali mesmo, eu fui espiar e agora que já sei ler em boi é que descobri o que significava aquelas letras MC ferrada na rês: Morte Certa, se meu irmão tivesse ficado lá atrás daquele pilar! Agora, tá doido! Ficar lembrando de bois, queijos, dela... beija-flor, azulão, galinhas...Ah! meu garnizé! Faça isso não... me corri água dos dois ói. Tem pena deu...

O cheiro da roça queimada

O cheiro do campo em flor

O cheiro do melão rachado

O cheiro do milho verde

O cheiro do arroz no cacho

O cheiro do meu curral

O cheiro da terra molhada

O cheiro da mata que traz

O cheiro da minha amada.

(Que há tempos não cheiro mais.)

 

Pra não dizer que não falei das cercas... Sorri muito, eu é que conheço as cercas modelo Piauí, [ formado na Universidade Agricolândense de Cercas Vivas & Mortas ] mas, sorri da tentativa das cercas de evitar os bacoris, eita leitõezinhos insuportáveis! Nem com canga, meu irmão! 

Quem sabe um pedaço de arame espetado no focinho, para não cavar e passar por baixo da cerca! Mas, confesso que prefiro as de Piracuruca, das pedras justapostas, mais pro modelo Oriente Médio, sem arames que cortam a paisagem e as coisas da gente...[quem tem entendimento, entenda.] talvez por admirar tremendamente as pedras.

Pedras & Pedras

Os muros são pedras

prédios são pedras

e as

casas também

e o coração dos homens vai vivendo,

no

dia-a-dia das

pedras.

Pedras de cimento no concreto

armado (amado)

da vida

ou

vegetação

porque são muitos sons e

todos

os sons vêm como pedras

nos ouvidos sensíveis da razão.

Qual?

A de ter até as imagens como pedras...

se eu tivesse três

apenas delas (preciosas) eu não

ladrilharia uma rua, pra quê?

Já tem tantas ladrilhadas... ficaria rico!

como o

pato, estava

com ouro no papo... eu nunca ouvi falar dessa

doença!

Mas, pedras, elas

estão em todos as partes: até nos rins...!

As pedras são como as rosas.

Todas

têm coração!

Eu ouvi o coração de uma bater. Quando?

Quando um vulcão a estava derretendo...

[by Palmeira Solitária, 2ª edição, ano 2000,SP] É, meu velho, tudo em cima. Pés de juá, de taturubá, meus pés de Maria mole, até num pé de unha de gato um dia [de noite, caçando, na espera] eu subi. E o medo da onça! Vixe Maria, Deus me livre. Tem que viver, ser, estar, pra poder ter autoridade na matéria e a autoridade repousa sobre a razão.

Como bem dissestes, o catálogo das mãos é inesgotável. Isso aqui no nosso planeta e donde viestes, como é????????? 

P.S.

Amei o material. poderei comentar dos sapos e dos livros-três pequenos enigmas, o que o tempo há de querer? e das pequenas alegrias posteriormente, pois no momento tenho que viajar ao exterior, vou ao Piauí, não sei se ouvistes falar nesse país... mas é vapt-vupt!

Diga-me, virás à São Paulo na Bienal Internacional do livro?

 

 

 

 

 

 

 

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