Adrianne Fontoura
Essência
Não escrevo coisas lindas
pois minha alma é de aço,
amargo passo, armadura, duras penas
que me lançam ao chão; me desfaço
em raio que no céu amorfo se funde.
Escrevo o desamparo anti-musical,
atônito anti-movimento que confunde
o argumento lógico, racional.
Palavras vagas sobrevoam meus destroços, vivos restos,
fragmentados sentimentos.
Existência surreal de sonhos concretos
mesmo que distantes, irrealizados pensamentos.
Não sei se assombro, se morte, se vida,
fixa idéia, longínquo ponto que me norteia...
entre atos, fatos, a verdade desmedida:
essência que me permeia.
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