Mais de 3.000 poetas e críticos de lusofonia!

André Luiz Pinto 

Poussin, The Judgment of Solomon

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Poesia:


Ensaio, crítica, resenha & comentário: 


Fortuna crítica: 


Alguma notícia do autor:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Herbert Draper (British, 1864-1920), A water baby

 

Albrecht Dürer, Mãos

 

 

 

 

 

 

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904)

 

 

 

 

 

André Luiz Pinto



Bio-Bibliografia


O poeta André Luiz Pinto nasceu no Rio de Janeiro, em 1975.
Sua poesia parece ter um pé plantado no surrealismo com versos desfocados do senso comum, ambíguos, às vezes obscuros e desconcertantes. Essa é também a impressão do poeta e crítico Carlito Azevedo, que vê "algo de surrealista nas imagens insólitas" de André Luiz.

De fato é surpreendente associar a lembrança da pessoa amada a "um leão rasgando seda" (veja o poema "Incrível"). Ou, então, conservar um desejo numa "fronha de nuvens" ("Quase um Corpo").

Com três livros publicados — Flor à Margem (1999); Um Brinco de Cetim/Un Pendiente de Satén (2003); e Primeiro de Abril (2004) —, André Luiz tem também poemas em revistas e jornais especializados.

Fonte: Ave Palavra
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904), The Picador

 

 

 

 

 

André Luiz Pinto



Incrível


incrível
tua lembrança:

um leão
rasgando seda.

exponho
os pedaços do amor pela cama:

meia dúzia de anátemas; enjôos

(o brinco de cetim)

post-mortem de livro:

sabes, incalculável,
a soma destes viés

(porque somas
mas não soletras).

 

 

 

 

Um esboço de Da Vinci

Início desta página

Cristiane França

 

 

 

 

 

 

 

 

Titian, Venus with Organist and Cupid

 

 

 

 

 

André Luiz Pinto



Onde ando todos me conhecem


onde ando todos me conhecem:
— lá vai o homem da flor.
Ninguém sabe dos meus pecados com Deus.
sou um homem para menos.
meu contar escorre ladeira.
Não creio em azar. Não por ser otimista
Por saber que a sorte é rara.
sempre ando pela direita.
todos os livros abrem apócrifos.
sou imagem e semelhança do desacontecido.
A pessoa que procuro não sou eu.
 

 

 

 

Franz Xaver Winterhalter. Portrait of Mme. Rimsky-Korsakova. 1864.

Início desta página

Dora Ferreira da Silva

 

 

 

 

 

 

 

 

Titian, Three Ages

 

 

 

 

 

André Luiz Pinto



Quase um corpo


Quase um corpo,
armadilha de seu
gesto impossível.

Se a boca revela
raríssimas flores,
o rosto conserva

o passível desejo na
fronha das nuvens,
nesse dia incomum

depois de tantos
crimes, notícias de
jornal, resumindo

com a boca imunda
os tempos de guerra
os dias felizes sem

você, café, qualquer
vício nessa cabeça
de homem, raposa.

 

 

 

Michelangelo, Pietá

Início desta página

Domi Chirongo

 

 

 

 

 

 

 

 

John William Godward (British, 1861-1922), Belleza Pompeiana, detail

 

 

 

 

 

André Luiz Pinto



Sem título


Quando foste
— claríssimo não —
a bolsa da pálpebra
trincava geometria,

caíam lavas sobre
o velcro da pele,
braços de fórmica
enquanto amarias

e o que negavas
armavas plano
como um beijo
abjeto da retina.
 

 

 

 

Um cronômetro para piscinas

Início desta página

Francisco Perna

 

 

09/03/2005