Cristiane Mota Moraes
Esfera
Esfera.
Dom da vida
Ser sem tempo.
Pequena, espero.
Não duvido,
Nem acerto.
Não desligo,
Nem desperto.
Apenas... Sou.
No meio do sonho
Sem cabeça nem pé
Me recolho à luz da vida
Num silêncio tamanho
De vontade retida
No formato redondo
Espero...Aguardo...
Espero.
Então outra esfera
Imensa, quente,
Extremamente bela
Me cede seu ventre.
Põe peso, pondera
O calor e a água
E aguarda.
No seio da Terra
Espalho,
divido meu doce
Recolho a dureza que encerra
A marca do chão que me trouxe.
O tempo vem,
O tempo acorda
E o sonho amarrado
Na terra se esgota.
Mas num só momento
A flexa do tempo
Penetra e brota
O corpo que acorda
E porque corta, divide.
E dividindo, progride.
Agora sou toda
Meu próprio conflito.
O caule, raiz,
A mesma direção
O duplo sentido.
Terra, Terra,
Delicada esfera.
Agarro-me a ela!
Mas ela pulsa.
E pulsando,
me expulsa.
Se cansa da espera.
Num passo reticente,
Girando espiral,
Crescendo no tempo
Me movo ancorada
E despejo no vento
A luz,
Transformada
De verdes
A amarelos
A vermelhos e azuis.
E azul torno a ela
O fruto da esfera
À Terra seduz.
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