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Eunice Arruda


 

O Tempo


Os olhos se resguardam
sob as pálpebras
mas o tempo passa

Junto de nossos passos cautelosos
que ultrapassam mas retornam
sempre
o tempo caminha
Na superfície calma dos retratos
inscreve seu itinerário
e passeia com cautela em nosso rosto
fala pela boca das crianças
murmura no cansaço nossas mortes

Em vão
se preenchem as horas
O tempo carrega em seu rio nossas sementes
para um mar.


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Titian, Three Ages

 

 

 

 

 

Eunice Arruda



Tema para a Abertura de um Novo Sentimento



Agora

a morte

da paz.
 

 
 

 

 

Da Vinci, Madona Litta_detalhe.jpg

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Márcio Catunda

 

 

 

 

 

 

 

Caravagio, Êxtase de São Francisco

 

 

 

 

 

Eunice Arruda


 

Outra Dúvida


Não sei se é
amor

ou

minha vida que pede
socorro


 

 

 

Leonardo da Vinci, Embrião

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Efer Cilas dos Santos Jr

 

 

 

 

 

 

 

John William Godward (British, 1861-1922), Belleza Pompeiana, detail

 

 

 

 

 

Eunice Arruda



Hora Poética


Para esquecer esta
dor
— transformá-la em poesia


Para eternizar esta
dor

— transformá-la em poesia
 

 
 

 

 

William Bouguereau (French, 1825-1905), Admiration Maternelle

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Paulo de Toledo

 

 

 

 

 

 

 

John Martin (British, 1789-1854), The Seventh Plague of Egypt

 

 

 

 

 

Eunice Arruda


 

Aspecto


 

A maturidade
chega

com a maturidade



 

 

 

Rafael, Escola de Atenas, detalhes

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Sergio Godoy

 

 

 

 

 

 

 

Andreas Achenbach, Germany (1815 - 1910), A Fishing Boat

 

 

 

 

 

Eunice Arruda


 

Um Visitante



Quem escreve
é
um visitante

Chega nas horas da noite
e toma o lugar do
sono
Chega à mesa do almoço
come a minha fome

Escreve
o que eu nem supunha
Assina o meu nome


 

 

 

William Bouguereau (French, 1825-1905), Mignon Pensive

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Aricy Curvello

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Eunice Arruda


 

Lua e Haicai





 

 

 

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Francisco Brennand

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Eunice Arruda


 

Mãe



mãe da hora
extrema
sai do silêncio
     da neblina
volta


volta a menina antiga
                    afeita
às chuvas e aos relâmpagos
tenta


tenta atravessar o rio
                       o escuro
é hora – a extrema –
            a de alcançar a outra margem
            a margem –
            – mãe


abandona a sombra
              o silêncio
vem
vigia
vela na mão vem
– cobertas me abraçando –
silenciosamente
me recolhe – mãe – na hora extrema


 

 

 

William Blake, Death on a Pale Horse

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29/05/2006