Mais de 3.000 poetas e críticos de lusofonia!

Edson Bueno de Camargo

Titian, Three Ages

Poesia:


Ensaio, crítica, resenha & comentário: 


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Edson Bueno de Camargo


 

Bio-bibliografia


Edson Bueno de Camargo nasceu em Santo André - SP, em 24 de julho de 1962, mora a partir de seu segundo dia de nascimento em Mauá – SP.
 

Publicou: ”O Mapa do Abismo e Outros Poemas” Edições Tigre Azul/ FAC Mauá -2006, “Poemas do Século Passado-1982-2000” edição de autor - 2002; “Cortinas”, com poesias suas e de Cecília A. Bedeschi - 1981; participou das antologias poéticas “As Cidades Cantam o Tamanduateí que Passa”.da Prefeitura do Município de Mauá e “Poesia Só Poesia” Editora Novas Letras. Junto com os amigos escritores da extinta Oficina Aberta da Palavra, grupo de Mauá-SP, edita o fanzine aperiódico "Taba de Corumbê".
 

Participa do grupo poético/literário Taba de Corumbê, do qual por aclamação foi intitulado Cacique e das aulas da Escola Livre de Literatura de Santo André-SP, como aprendiz de mundo. Recentemente conquistou o 1º lugar no I Prêmio Off Flip de Literatura 2006 – Categoria Poesia em Paraty-RJ.

 

Referências na internet:


http://umalagartadefogo.blogspot.com/
http://www.eldigoras.com/eom03/indic/buenodecamargoedson.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Edson_Bueno_de_Camargo

 

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Leighton, Lord Frederick ((British, 1830-1896), Girl, detail

 

 

 

 

 

Edson Bueno de Camargo


 

Uma pequena lição de cavalaria de Soares Feitosa



Caro Soares,

Os árabes do deserto costumam dizer que Alah, o Único Deus, quis que os homens tivessem um vislumbre da sua perfeição, e criou o cavalo. Olhe que não sou ginete coisa nenhuma, sou citadino até debaixo das chuvas torrenciais que caem em minha pequena cidade (parece que as vezes a chuva quer afogar a refinaria de petróleo, suas chaminés que cospem fogo e nuvens de fumaça preta). Mas o animal é espantoso pela sua capacidade de enganar o homem que continua a acreditar se o ser humano deste planeta.
Tento imaginar o encanto de Kafka em sua Viena velha e bolorenta, a imaginar peles vermelhas nas pradarias americanas.

Edson Bueno de Camargo
Mauá - SP


*Link para Uma pequena lição de cavalaria, de Soares Feitosa

Leighton, Lord Frederick ((British, 1830-1896), Girl, detail

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Edson Bueno de Camargo


 


“Poemas Do Século Passado 1982-2000”
de Edson Bueno de Camargo

 

No dia 26/10/2002, foi lançado, o livro produzido e editado de forma independente, "Poemas do Século Passado - 1982 – 2000”, do poeta mauaense Edson Bueno de Camargo, na 1ª Feira Interativa do Livro de Mauá - SP. Este livro reúne uma seleção dos poemas mais emblemáticos, entre os escritos num período de 18 anos pelo autor, do ano de 1982 até o ano 2000, todos no século passado, dando – se aí o título do livro.

Edson Bueno de Camargo, nasceu em Santo André - SP, em 24 de julho de 1962, mas suas raízes estão na cidade de Mauá - SP, onde mora desde seu nascimento.

Embora sua produção seja muito grande é um poeta praticamente inédito. Publicou em 1981, um pequeno livro em forma de fanzine intitulado “Cortinas”, com poesias suas e de Cecília A. Bedeschi. “Poemas do Século Passado” é sua primeira publicação individual.

Foi membro do Colégio Brasileiro de Poetas, um grupo de poetas mauaenses, entre o final dos anos setenta e início dos anos oitenta. Ganhou o segundo lugar no 9º EPOM, Encontro de Poesias de Mauá - SP, com o poema “Pequeno Poema de Amor para Cora Coralina” e menção honrosa no Concurso de Poesia Falada de Varginha – MG, com o poema “Tiro na Noite”.

No presente momento participa de projetos elaborados a partir da Secretaria Municipal de Educação Cultura e Esportes da Prefeitura de Mauá – SP, em especial do Núcleo de Literatura e da Oficina Aberta da Palavra – Inventário Poético da Cidade de Mauá.

É um escritor do cotidiano, percebendo detalhes do dia - a - dia das pessoas que muitas vezes lhes passam desapercebidos. A obsessão do autor em sua obra é a permanente preocupação com a passagem do tempo, sua fluidez e suas conseqüências, daí o título do livro “Poemas do Século Passado”, quando vivemos num novo século e mal nos apercebemos disto.

O poeta é também autor de dois livros ainda não publicados: um livro de hai-kais, “O Zen e a arte de plantar papoulas em noites de lua cheia em jardins a beira mar.” e outro livro de poemas “O Mapa do Abismo e Outros Poemas”.

 

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Contra mão


verti meu sangue pelas escadas
sobre a pedra bruta e nua
tingindo de vermelho o fio do destino

caminhando como um sonâmbulo nas ruas
não sei se dou meus passos
sobre cacos de vidro
ou sobre nuvens
não mais distingo entre a dor e a não dor

esta noite dormi sobre suas roupas
com seu perfume embalando meu sono
como uma criança no útero da mãe
estava escuro e quente
não sei por quanto tempo permaneci ali

às vezes confundo o dia com a noite
não sei se estou indo ou vindo,
parece que estou sempre
andando pela contra mão

 

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Eu morri


eu morri,
e você nem sabe

meus pedaços estão espalhados
pela calçada,
bem em frente ao portão de sua casa

mas, você não saberá meu nome
(nunca lhe falei, nem um bom dia,
quanto mais o meu nome...)
nem meus motivos

eu morri
e você nem sabe
das horas sem respirar
nem nunca saberá
pois eu morri
e você nem sabe

 

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Novotempo


há um movimento de queda permanente
rondando o abismo do mundo
(que do fundo te espreita)

há um medo escondido
atrás de cada poste sem luz

há uma rua escura e úmida
dentro do meu pensamento
onde chove permanentemente embaçando meus óculos

há um gato assustado
arranhando dentro da caixa,
fora o espera o punhal do sacrifício

flores mortas em cima da mesa
traços tortos escritos sobre o papel

ameaçam ruir as ruínas
roídas pelo futuro
seladas pelo segredo
sussurradas após o longo degredo

a ignorância escondida atrás da porta
para pular nas costas
como um louco ginete

mas, agora de nada adianta
a fonte do esquecimento
ficou a muito para trás.

 

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(06.06.2023)