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Fátima Irene Pinto

f.irene@uol.com.br

Jacques-Louis David (França, 1748-1825), A morte de Sócrates

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Poesia:


Ensaio, crítica, resenha & comentário: 


Fortuna crítica: 


Alguma notícia do autora:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Allan Banks, USA, Hanna

 

Leonardo da Vinci, Embrião

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fátima Irene Pinto


Os apaixonados pela literatura clássica de qualidade ganham um presente em lançamento da Soler Editora



O livro “Ecos da Alma” reúne as mais belas mensagens da poetisa
Fátima Irene, para encantar amantes da literatura clássica

 

Antologia poética da consagrada poetisa Fátima Irene Pinto é exposta em sua nova obra Ecos da Alma (Ed. Soler, 160 pgs, R$19,90). Um livro especial, que recorda os melhores textos da autora, e revela sua impressionante capacidade para perceber e registrar os momentos da vida, extraindo deles as expressões de cada sentimento.

Em Ecos da Alma, o leitor poderá embarcar em uma viagem por mensagens, reflexões, preces e poemas, de grande sensibilidade, que tocam fundo na alma e aquecem distintos corações. A coletânea é digna representante da expressão de qualidade da literatura clássica brasileira, para encantar os amantes da boa leitura.


Formada em letras, Fátima Irene é uma das poetisas mais lidas na internet. Seus textos de rara qualidade são amplamente apreciados, e têm a capacidade de falar direto ao coração. Ecos da Alma é mais um desses presentes que a autora nos dá a cada obra concluída.

 


Sobre a autora: Fátima Irene é poeta e tem seus prazeres forjados na música e nas letras. Formada em letras, é uma das poetas mais lidas na internet. É autora dos livros Momentos Catárticos, Palavras para Entorpecer o Coração (Soler Editora, 2004) e Relicário - Fragmentos de amor e paixão (Soler Editora, 2004).
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

São Jerônimo, de Caravagio

 

 

 

 

 

Fátima Irene Pinto



Não terminaste!


Uma Lágrima

Pelo beijo que eu não te dei,
Pelo afago que eu sufoquei,
Pelos sonhos que malbaratei,
Pelo encontro que em vão sonhei,
Pelo beijo que não me roubaste,
Pelo afago que me recusaste,
Pelo encontro que tu evitaste,
Pelo sonho que tu não sonhaste!

Uma Lágrima

Pela mão que não entrelacei,
Pelo olhar que jamais cruzei,
Pela valsa que eu não dancei,
Pela música que não entoei,
Pela mão que não apertaste,
Pelo olhar que tu desviaste,
Pela dança que tu não dançaste,
Pela canção que não escutaste!

Uma lágrima

Pela espera da festa...sem festa,
Pela espera do gozo...sem gozo,
Pela espera da vida...sem vida,
Pelo ápice do fim...sem fim!

Uma lágrima enfim

Sem festa...pela fresta que tu me fechaste,
Sem gozo...pois no meio do caminho declinaste,
Sem vida...foste minha luz e te apagaste,
Sem fim...começaste a amar e não terminaste!
 

 

 

 

Ticiano, Magdalena

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Anderson Braga Horta

 

 

 

 

 

 

 

 

Winterhalter Franz Xavier, Alemanha, Florinda

 

 

 

 

 

Fátima Irene Pinto



Amor não exigente


É sublime amar assim,
sem poder se ver.
É o amor manifesto
com outra expressão.
É sublime amar assim,
sem nada querer.
Talvez seja esta
uma legítima afeição.

Não nos pertencemos
e no entanto, nos temos.
Nada esperamos
e se esperamos, sofremos.
Mas, lá no cerne
do quanto nos queremos,
sobrevive a tênue esperança
de que ainda nos veremos.

São longínquas esperanças,
remotos anseios ...
mas não temos vivido
destes devaneios?
Quando o amor é grande
a gente não esquece.
Os ânimos se altercam,
a chama arrefece,
parece que vai morrer
e de repente aquece.
É que o "coração tem razões,
que a própria razão desconhece."
 

 

 

 

Michelangelo, Pietá

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César Leal

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fátima Irene Pinto



Messalina


Cansa-me tentar conciliar o que por si só é inconciliável.
Cansa-me esta estóica espera, cansa-me olhar da janela
o mesmo horizonte imutável... tudo permanece igual.

Sinto-me só e vazia, mutilada de mesmice e de rotina
Sinto morrer em mim os últimos lampejos de moça menina.
Pra onde vou? De que lado sopra o vento?
Mas o ar está parado, pesado, como se lhe faltasse forças
para ir ou para ficar...estamos ambos, eu e o vento
sem forças para avançar.

E quando fico assim, só tem um jeito!
Vou vestir meu traje de purpurina,
Vou calçar sandálias de bailarina,
Vou botar a máscara de messalina,
vou cair na noite e dançar.

Não quero mais nada formal, não quero clube oficial.
Quero o inconvencional assim tipo gafieira,
para sacudir a poeira e dançar à exaustão.
Quero ser a última a deixar o salão.
Voltar respirando ar de madrugada,
exalando meu suor misturado a perfume
dos camaradas que me tiraram pra dançar.
Que me fizeram sentir viva e admirada
boêmia, mulher da noite, boneca cobiçada
ainda que seja tudo fachada.

Porque amanhã eu vou olhar da janela
que sem cerimônia vai escancarar a minha sina
de ser só, triste, quase invicta, quase imaculada
esperando por tempo infinito, o amor da pessoa errada.

Nesta mesma janela que dá pro nada eu olho mais uma vez
Acovardada ( ou ajuizada?), ao invés de dançar vou dormir.
Quem sabe se em sonho ele vem ,e por fim me faz

AMADA!
 

 

 

 

Franz Xaver Winterhalter. Yeda

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José Inácio Vieira de Melo

 

 

 

 

 

 

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904) - Phryne before the Areopagus

 

 

 

 

 

Fátima Irene Pinto



Selvagens criaturas


Quando os meus dedos percorrem os teus lábios docemente,

Quando os teus lábios comprimem os meus selvagemente,

Quando mergulho meus olhos no abismo do teu olhar,

Quando me afrontas com malícia a me arrebatar,

Quando abro a tua camisa com sofreguidão,

Quando ergues meu vestido em erupção,

Quando as marcas rubras de hoje amanhã são roxas,

Quando mortos de desejo enlaçamos nossas coxas,

Quando somos um, rolando pelo cama atarracados,

Quando nossos corpos estremecem de prazer, convulsionados,

Quando a tua seiva, com a minha se mistura,

Somos nesta hora macho e fêmea, selvagens criaturas,

Ou deuses no cumprimento da lei mais pura !

 

 

 

 

William Bouguereau (French, 1825-1905), João Batista

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Jamesson Buarque

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fátima Irene Pinto



Soneto marginal


Chegam-me aqui milhares de pessoas,
Todas irreais... Para ficar, nenhuma.
Etéreas, me freqüentam – umas boas,
Mas todas fugidias como a bruma.

Amo-as no meu limite, do meu jeito,
Algumas me suportam, quero crer.
Já outras... nem aí com meus direitos,
Compensando as que me amam pra valer.

Por conta dos abraços que não dei
E dos muitos afetos reprimidos,
Sobrou-me a solidão, esta agonia.

Talvez um dia o amor que eu desejei
Transforme-se, de apelo dolorido,
No amor tão decantado na poesia.

 

 

 

 

William Bouguereau (French, 1825-1905), L'Innocence

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Mantovanni Colares

 

 

17/11/2006