Inez Figueredo
ECORPIO EIDOS
......Mas
queria conhecer tudo da
terra,
do céu e da natureza,
tanto quanto o meu
espírito puder captar
Fausto Zero
J.W.Goethe |
O último facho de luz, sem dúvida, havia deixado lá atrás às mãos do
companheiro, aquele que lhe havia seguido até o limiar. Então sentiu
uma trágica saudade daquele jovem Ganimedes com seu jarro eterno,
versador de luz na obscuridade, mesmo a do meio dia. Densa bruma
agora o envolvia. Dois laços formando um enorme oito, asseguravam-lhe
a certeza da mutação e da alteridade. As falanges dos dedos da mão
direita doíam-lhe em contato com o aço gelado e as da mão esquerda
com a dureza da opala. Foram-se os mornos dias do verão da terra
bela, pensou; o frio das brumas, os vultos fantasmagóricos qual
fiapos esparsos surgidos das profundas regiões aquosas, das
lamacentas paragens, tornar-se-iam, doravante, seus guias e pontos de
mira, assegurou-se.
Sobre os sonhos quem poderia assegurá-lo da natureza dos mesmos? No
entanto sonharia. Sobre os dormentes que conduziam ao seu espaço
vital, aquele onde sacava o alimento gerador, qual pelicano ao bicar
do peito o sangue para alimento dos filhos,se esgueiraria e cavaria
os grãos do SacroErótico para nutri-los e sem sono os cravaria na
mente a espera, outra vez, da Terra Bela e do fúlgido Ganimedes para
concreta-los.
Que poderia dizer-se a si que já não houvera dito na sua longa
escuridão quando na proa de seu barco transportava-se da Luz do
leste, da esfera do sol, para as fatigadas regiões geladas do Sul?
OH, Hadit, Universo alado, acolhe-me pois que, como Shiva e com mil
braços devo limpar os restos do mundo. Sejam os da criação ou os da
dissolução.
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