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Herculano Moraes  

São Raimundo Nonato, PI, 02/05/1945 - Teresina, PI, 17/05/2018


 

Prefácio, ensaio, crítica, resenha & comentário:


Poesia:


Alguma notícia do autor:

 

 

 

Culpa

 

Leonardo da Vinci,  Study of hands

 

 

 

 

 

Victor Mikhailovich Vasnetsov, The Knight at the Crossroads

 

 

 

 

Herculano Moraes


 

Biografia:

 

Poeta, ensaísta, cronista, contista, romancista e crítico literário. Figura das mais destacadas e atuantes nos meios intelectuais do Estado. Jornalista dos mais brilhantes. Nasceu em São Raimundo Nonato, Estado do Piauí (1945). Ocupou importantes cargos na administração piauiense, entre os quais destacamos:

Com jornalistas e intelectual, fundou a UBE-PI e o Círculo Literário Piauiense – CLIP, que revelaria para a literatura nomes como Hardi Filho, Francisco Miguel de Moura, José Magalhães da Costa, Osvaldo Lemos e Geraldo Borges. Desde 1980, era membro da Academia Piauiense de Letras, onde ocupava o cargo de secretário geral. Pertencia também a outras instituições culturais, como Academia de Letras do Vale do Longá, Academia de Letras do Médio Parnaíba, Academia de Ciências do Piauí, Academia de Letras, História e Ecologia da Região Integrada de Pastos Bons (Maranhão) e Academia do Leste Maranhense. Na política, foi vereador de Teresina, no início dos anos 70, pelo MDB, e secretário de Estado de Comunicação Social no Governo Lucídio Portella. Foi também assessor especial no Governo Mão Santa. Exerceu ainda os cargos de diretor do Teatro 4 de Setembro, da Casa Anísio Brito e do Museu Histórico do Piauí. Em reconhecimento pelos relevantes serviços prestados, recebeu títulos de cidadania nos municípios de Barras, Campo Maior e Teresina.
 

Fonte: Academia Piauiense de Letras
 

 

 

 

 

 

 

Thomas Cole (1801-1848), The Voyage of Life: Youth

 

 

 

 

 

Herculano Moraes


 

O rio de minha terra


O rio de minha terra é um deus estranho.
Ele tem braços, dentes, corpo, coração,
muitas vezes homicida,
foi ele quem levou o meu irmão.

É muito calmo o rio de minha terra.

Suas águas são feitas de argila e de mistérios.
Nas solidões das noites enluaradas
a maldição de Crispim desce
sobre as águas encrespadas.

O rio de minha terra é um deus estranho.

Um dia ele deixou o monótono caminhar de corpo mole
para subir as poucas rampas do seu cais.
Foi conhecendo o movimento da cidade,
a pobreza residente nas taperas marginais.

Pois tão irado e tão potente fez-se o rio
que todo um povo se juntou para enfrentá-lo.
Mas ele prosseguiu indiferente,
carregando no seu dorso bois e gente,
até roçados de arroz e de feijão.

Na sua obstinada e galopante caminhada,
destruiu paredes, casas, barricadas,
deixando no percurso mágoa e dor.

Depois subiu os degraus da igreja santa
e postou-se horas sob os pés do Criador.

E desceu devagarinho, até deitar-se
novamente no seu leito.

Mas toda noite o seu olhar de rio
fica boiando sob as luzes da cidade.

 

 

 

 

 

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904)

 

 

 

 

 

Herculano Moraes


 

A canga-o boi


A canga e o boi
na alternância
de quem soluça
um tempo imaginário.

A canga e o boi
vaga lembrança
de um mundo
sempiterno e vário.

A canga e o boi
legenda esmaecida
na face opaca
de um tempo sem medida.

A canga e o boi
gravura como (vida)
filete sanguíneo na face
da memória... diluída.
      A canga...
      O boi...

Os sulcos perenes,
de rodas ringindo
na pele do tempo.
      A canga...
      E o boi?


 

 

 

 

 

 

 

Poussin, The Triumph of Neptune

 

 

 

 

 

Herculano Moraes


 

Cantigas de Minha terra


Um dia nós exportamos
Milhares de marruás
O gado manso tangido pelos sertões
De vastos carnaubais

No lombilho do jumento
Ou sobre os trilhos de aço
A cera de carnaúba
Desenvolvia o progresso

Bendito tempo de glória...
Dentro dos sacos de açúcar
O coco de babaçu teve parte na história...

Ciclo bendito da riqueza brasileira
velho tempo de fartura contado por meus avós
— Pra nossos netos, Socorro,
Que lembrança teremos nós?

 

 

 

 

 

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