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            Leontino Filho 
   
              Comentário sobre O que o tempo há de querer?: 
                Sent: Friday, May 17, 2002 6:41 PM
               
                Subject: A BELEZA DE UM TEXTO
               
                
                Antes de mais nada, espero que tudo 
                esteja bem com você e toda a sua família. Que bom receber 
                notícias suas. Eu ainda por estas bandas, com vontade de voltar, 
                ficar no meu cantinho quieto, vendo as coisas, não me 
                conformando com o que se passa ao redor e escrevendo os meus 
                poemas. Tão logo eu conclua este curso, já jurei para mim mesmo, 
                vou arrumar um canto para morar e neste canto demorar um longo 
                período. Bem, mas vamos ao que interessa, O QUE O TEMPO  
                HÁ DE QUERER? Que texto primoroso! 
                Quantas lições de vida você soube captar desse profundo, 
                melancólico, angustiado e in-conformado olhar da menina afegã.
               
                
                Tantas coisas o tempo nos cobra e 
                muitas vezes não nos oferece nada em troca, a não ser a sua tresloucada passagem pelas nossas retinas. Quantas 
                vezes o tempo trai a nossa confiança como traiu escandalosamente 
                o olhar de verde-seca dessa envelhecida menina. Mas o tempo olha 
                dentro do nosso olho e prescruta a nossa alma silenciosa. Ele 
                vai sorrateiramente nos levando a doce esperança, mesmo assim, 
                lá longe, conseguimos acertar os ponteiros das estações, e por 
                isso, sabemos que ainda resta um alento, e tal alento vem sob o 
                manto verde de um olho que nos desarma e que nos coloca de novo 
                em sintonia com a própria vida. Esse olhar pode muito bem ser, 
                e, certamente,  é, o dessa garota que insiste em desafiar a 
                misteriosa armadilha dos anos. 
                
                Você, como exímio poeta, olhou 
                profundamente a menina, como se convivesse com ela há muitos e 
                muitos anos, e desnudou o espírito solitário de alguém, que na 
                batalha da existência, só requereu a partilha de carinho e de 
                afeto que lhe coube/cabe no incomensurável latifúndio da 
                ganância. Por isso, podemos afirmar, sem medo de errar: um poeta 
                olha diferente porque sente diferente, a prova está neste 
                seu precioso texto. 
               
                
                Muito grato pela oportunidade de ler 
                este seu belo trabalho e parabéns.
               
                
                Sempre que puder, escreva-me. Receba 
                o abraço fraterno e afetuoso, do amigo e admirador
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