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Alberto Beuttenmüller

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Poesia:


Ensaio, crítica, resenha & comentário: 


Fortuna crítica: 


Alguma notícia do autor:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ticiano, Salomé

 

Ticiano, O amor sagrafo e o profano, detalhe

 

 

 

 

 

 

 

Poussin, Acis and Galatea

 

 

 

 

 

Alberto Beuttenmüller


 

Bio-bibliografia


Alberto Frederico Beuttenmüller nasceu em São Paulo em 1935. Passou parte da infância no Rio de Janeiro, mais precisamente na Vila Isabel, e em Minas Gerais – Juiz-de-Fora e Belo Horizonte – no Espírito Santo – em Vitória e Cachoeiro de Itapemirim. Talvez, tenha nascido daí seu interesse pelos vários Estados do Brasil. Em Brasília esteve nos seus primórdios, da qual o autor guarda boas lembranças. Há cerca de dois anos desenvolve cursos para alguns artistas de Brasília, com o intuito de atualizá-los na linguagem contemporânea, além de realizar leituras de suas obras.

É autor, como crítico de arte (membro da AICA- Associação Internacional de Críticos de Arte) de Viagem pela Arte Brasileira, Editora Aquariana, SP, 2003, além de outras obras: Aldir –Geometria da Cor, 1982 e Críticos X Artistas, 1983, ambos da Editora Arte Aplicada; e Volpi, Ianelli e Aldir, da Editora IOB, 1990; e Gravura Brasileira – História e Crítica, 1991, Banespa Cultural.

Como crítico de Arte do Jornal do Brasil, foi curador da 14a Bienal de São Paulo (1977), a Bienal que mudou a Bienal de São Paulo, pois, pela primeira vez, os países foram obrigados a apresentar-se dentro de conceitos criados pelo Conselho de Arte e Cultura da Fundação Bienal de São Paulo, do qual o autor foi secretário, vice-presidente e presidente (1976-78)
Criou e foi curador da I Bienal Latino-Americana, em 1978, sob título Mitos e Magias com o objetivo de fazer com que os países da América Latina se conhecessem melhor entre si.

Participou da Comissão de Arte da Funarte (1984-86), a que realiza a programação cultural da entidade e o Salão Nacional de Arte Contemporânea.

Fez parte da Comissão de Arte do MAM-SP (1984-85). Por sua iniciativa o Panorama da Arte Atual Brasileira passou a dividir-se em Arte Tridimensional, Arte sobre Papel e Pintura.
Professor convidado de História da Arte da Unicamp em 1986.
Diretor do Paço das Artes da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo (83-87).

Membro da Comissão de Artes Plásticas da Secretaria de Cultura de São Paulo (1990-93).

Diretor do Museu de Arte Brasileira da FAAP – Fundação Armando Álvares Penteado. (1993-94).

Professor de História da Arte Ocidental da Fundação Mokiti Okada de 1997 a 2000.

Professor de História da Arte Ocidental no MAM-SP de 2000 a 2002.

Curador de exposições e professor de História da Arte da Fundação Mokiti Okada (2005).

Curador e professor de História da Arte do Museu Brasileiro da Escultura –MUBE (2005).

Livros de poesia: Ciranda, .Acquilla, 1963; Hora Total, lpm 1965; Espadamormarmorte, 1969, Brasil Editora 1970; Katatruz, roswita Kampf e Massao Ohno editores, 1982, com análise críticas de Benedito Nunes e Mário Chamie. A sair: A Pele da Palavra.

Livros de prosa para jovens: O Mistério do Azul Turquesa, ed. Atual, 1992; O Enigma dos 7 Dragões Dourados, Atual, 1994. O Amor que o Sol Proibiu, LTD, 1996.

Prosa adulta: 2012–A Profecia Maya, ed. Ground 1996; A Serpente Emplumada, 1998; ambos traduzidos em Espanha pela EDAF e pela Ed. Pergaminho, de Portugal, além de o Círculo do Livro da Colômbia, 1998.


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Theodore Chasseriau, França, 1853, The Tepidarium

 

 

 

 

 

Alberto Beuttenmüller


 

Alteridade


Quem é esse ser que me habita
Que por mim fala e em mim cala
Quem é este estranho ser
Que vive em mim entre ter e haver
Que em mim se esconde
Que por mim responde
Que se perfaz em devaneios
Sempre aqui, acolá ou de permeio.
Que mais existe quanto mais anseio
Que sofre em mim quando amo
Que se alegra quando sofro
Que procura tecer sua trama
Nesse drama em que sou chama
Quem é este ser que me habita
Que me desdiz sem me dizer
Que se desfaz no meu fazer
Que grita em minha garganta
Que quanto menor mais se agiganta
Quem este poema escreve?
Sou eu mesmo ou um outro ser em mim?


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904)

 

 

 

 

 

Alberto Beuttenmüller


 

Avenida São João


Ontem perdi um poema
Na esquina da Avenida São João
Nem por isso choveu
Fez sol ou houve lua
Em nada teve importância meu poema
Ficou ali na esquina
Da Avenida São João
Do lado direito de quem sobe só.



 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904), Bathsheba

 

 

 

 

 

Alberto Beuttenmüller


 

Sinfonia Paulistana


Na paulicéia súplice
A cumplicidade da tarde
No assassinato do dia
Enquanto a noite
Sutura rimas
e
A madrugada se faz assassina
Dessa nossa tão triste sina
Nessa paulicéia cúmplice
O homem e seu sobrenome:
Solidão
Solidão de ser tão só um
Mero exemplar na multidão.
Gravatas enforcando a tarde
Passam passantes de pastas
Pobres cadáveres antecipados
No silêncio cioso do cio
Entre lábios e lábias
Lacrados no simulacro
Na tecedura da noite
A cidade dramática
Rola nessa rotina sem tino
A noite desabotoa-se
Nesse silêncio de apelos
De tropel e atropelos
O homem e seu sobrenome:
Consumação
Esse homem que consome
Outro nome outro homem
Esse homem que não come
Mas que some e se consome
Nessa urbe já sem útero
Teta gorda que se mama
Esse homem já sem nome
Nessa urbe se consome
e
Consome a própria fome
O homem nesse resumo
É o consumo sem sumo
O homem nesse insumo
É um nada dar-se que se doa
É um nada crer-se que se côa
Esse antrópode não pode
Deixar o antro não pode
Falece a falácia
Entre o ter e o haver
Não há mais nada como o Ser
E já ninguém aqui mais há.


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Andreas Achenbach, Germany (1815 - 1910), A Fishing Boat

 

 

 

 

 

Alberto Beuttenmüller


 

Sonho Camoniano


Já nem me sei quando
Nem como se me houvera
Nem me recordo do lugar
Onde sonhara
com tantas tintas de quimera
Certo é que me esqueci
o que ali jaz ou fizera
Meus pés romperam rastros
de que lá nunca estivera
Onde me fiz perdido?
Onde não me coubera?
O mito que me ardera
na vida que não tivera
E o vento reinventara
Ainda mais e mais quimeras
mais uma vez o livro dos mortos
vive em mim e em mim se encerra:
Nunca mais soube quem fora
como nunca me soubera.


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Michelangelo, 1475-1564, Teto da Capela Sistina, detalhe

 

 

 

 

 

Alberto Beuttenmüller


 

St. Louis Blue Street


Rua São Luís
Rua mistificada
Mon Montparnasse
God save Saint Louis
Elevadores com dores baixas
Prédios e prédios sem remédios
Tédios-ódios-solidão
Fumaça saindo das carnes
Sensualidade sem sexo
Sexomaníacos de escritório
Faróis-anzóis-caracóis
Mãos-de-mãos-contra-mãos
Calmaria de agitação
Ação-contração-inação
Rua São Luís
Rua sem santos
Mon montparnasse
Quatro quadras
De riso e solidão
Um pouco de todos nós
Saindo de dentro de todos.


 

 

 

 

 

03/08/2006