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Alexandre Marino

arqueolhar@gmail.com

Poussin, The Triumph of Neptune

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Poesia:


Ensaio, crítica, resenha & comentário: 


Fortuna crítica: 


Alguma notícia do autor:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Bernini_Bacchanal_A_Faun_Teased_by_Children

 

Ticiano, Salomé

 

 

 

 

 

 

 

Jacques-Louis David (França, 1748-1825), A morte de Sócrates

 

 

 

 

 

Alexandre Marino



Bio-bibliografia


Alexandre Marino nasceu em Passos (MG), em 1956. Em 1972, na adolescência, foi um dos fundadores e editores da revista literária Protótipo, que despertou a simpatia dos professores e a implicância dos militares da cidade. Mudou-se aos 17 anos para Belo Horizonte e se formou em Comunicação Social pela Universidade Católica de MG. Vive desde 1982 em Brasília, onde trabalha com jornalismo, publicidade e assessoria de imprensa, depois de atuar durante 13 anos nas redações do Jornal de Brasília, Correio Braziliense, Jornal do Brasil e O Estado de S. Paulo. Tem publicado contos e poemas em revistas e jornais de literatura de várias partes do País. Arqueolhar (LGE/Varanda Editora, 2005) é seu quarto livro de poemas. Ele já havia publicado Os Operários da Palavra (Belo Horizonte, Editora Batangüera, 1979), Todas as Tempestades (edição do autor, 1981) e O Delírio dos Búzios (Brasília, Varanda Edições, 1999). Participou de várias antologias, entre as quais Poetas Mineiros em Brasília (Varanda, 2002) e Antologia do Conto Brasiliense (Brasília, 2004), ambas organizadas por Ronaldo Cagiano.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904)

 

 

 

 

 

Alexandre Marino



Esta Cidade


Esta cidade se debruça
sobre suas próprias feridas
e engole os homens
que por ela caminham
perdidos

nesta cidade se perdem
nascem, morrem e desesperam
os tempos felizes que não virão
ainda que todos os esperem
das janelas.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Poussin, The Judgment of Solomon

 

 

 

 

 

Alexandre Marino



O Relógio Da Matriz


toda noite
quando badala
o relógio da matriz

os homens da cidade
se recolhem
para conta carneiros
e sonhar dinheiros

e morrem
a cada batida
do relógio da matriz

os mortos da cidade
então festejam
as badaladas na igreja
remoçando a terra.

 

 

 

 

Bernini, Apollo and Dafne, detail

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José Santiago Naud

 

 

 

 

 

 

 

Poussin, Rebecca at the Well

 

 

 

 

 

Alexandre Marino



Represa


Meu coração
é duro e forte como a represa
que segura as águas da correnteza
como eu seguro esta ferida

se vem a sede
e o amor quer inundar o meu deserto
a represa explode linda e dolorida
sem saber se é errado ou certo

minha barragem
abre-se às águas do meu canto
e a violência do amor que espuma
mata a sede e também me afoga

e a paisagem
assustada com a enchente que ressoa
não consegue vedar meu coração
por mais que a ferida doa.

 

 

 

 

Rubens_Peter_Paul_Head_and_right_hand_of_a_woman

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Paulo Franchetti, 2003

 

 

 

 

 

 

 

Michelangelo, 1475-1564, Teto da Capela Sistina, detalhe

 

 

 

 

 

Alexandre Marino


 

Avoagem


o velho guerreiro avoava sobre a vida
porque era grande nosso medo de tudo
e revolvia com as mãos a terra brava
plantando um sabor de coisa nova
sobre as coisas velhas que ele velho guerreava

ele se perdia sobre o chão cheirando a chuva
e nos arrastava pelas mãos pelos quintais
apontando com os dedos amarelos de cigarro
cada pedaço de mundo que por ali passava
e que nós despercebíamos no vento ou no barro

ele coçava a cabeça branca apoiado na bengala
e tamborilava as unhas grossas na madeira
e distribuía a cada um ao se sentar à mesa
os pedaços de história que catava na memória
e soltava pelos poros em forte correnteza

e quando começava a lhe fugir a lucidez
o velho guerreiro cavalgava de verdade
a égua fiel que antes de morrer no pasto
conduzia pelas ruas da cidade
esse seu olhar profundo do álbum de retratos.
 

 

 

 

Ticiano, Magdalena

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Rodrigo Petronio

 

 

 

 

 

 

 

John Martin (British, 1789-1854), The Seventh Plague of Egypt

 

 

 

 

 

Alexandre Marino



Águas


pés na enxurrada
eu vou chovendo
enquanto o dia chora

e a vida
por dentro
me molha.
 

 

 

 

Ticiano, O amor sagrafo e o profano, detalhe

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Neide Archanjo

 

 

03/05/2006