Lustosa da Costa
Uma das boas emoções do inicio de
minha atividade jornalística ocorreu quando fui ao gabinete de
Eduardo Campos, na sede dos Diários Associados, à rua senador
Pompeu, onde funcionavam "Unitário" e "Correio do Ceará" para lhe
agradecer haver publicado tópico que redigira, defendendo a imediata
implantação do curso jurídico noturno de nossa Faculdade de Direito.
Ele me pegou de supetão: "Quer trabalhar comigo, escrevendo a
"Crônica do Ceará"?"
Era demais para meu pobre coração. A
crônica era o editorial da Ceará Rádio Clube, disparado a primeira
emissora cearense. Interpretada por João Ramos. tinha o rimbombar
de um canhão. Eu ,menino amarelo, recém aprovado no vestibular de
Dreito, ia substituir um profissional com o nome, a tradição, a
respeitabilidade de Blanchard Girão que aceitara convite de Moises
Pimentel para ingressar nos quadros da Rádio Dragão do Mar.
O tempo rolou. Veio a ditadura.Os
militares tiraram de Blanchard,o mandato de deputado estadual, a
profissão e até o pai que, respeitado juiz de direito, morreu de
desgosto de ver o filho preso. Blanchard ganhava o pão,
escrevendo,inclusive, o texto de matéria paga de Eme Socorro que
fazia reportagens no norte do pais. Eu habitava a casa de Blanchard
na avenida Antonio Sales. Falei com Manoelito Eduardo que,apesar de
seu antípoda ideológico, concordou em que viesse escrever, no
Correio, crônicas diante do falecimento do mestre Caio Cid.
Escrevendo,posteriormente, sobre o
fato, Blanchard Girão elogiou-me por pagar regularmanente o aluguel
de seu único imóvel. Pintou-me como herói que, desafiando as forças
armadas, lhe dera vez e voz num jornal assumidamente conservador.
Não teve heroísmo nenhum. Pagar o aluguel constituía obrigação
elementar. Trazer o Blanchard para o Correio do Ceará não era favor,
era esperteza. Quem ganhava com isso era o jornal.
Anos depois,olhando pra trás, eu,com
minha falta de modos habitual,lhe dizia: "Blanchard, como é que uma
besta , como tu, chegou tão alto na vida?"
Queria dizer que ele jamais fizera
sacanagem com alguém, nunca atropelara colega, jamais fizeram uma
felonia a serviço do êxito.O sucesso que conquistou, muito
inferior,a seu talento, se deveu,unicamente,a ele. Sem macula-lo
com oportunismo. Nem com manobras menos licitas. Enfim Blanchard
deixou imagem do colega de bom caráter, correção moral e coerência
política. Um homem. Um cara que fará falta ao gênero humano.
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Juarez Leitão
Lançamento do livro
PASSAGEIROS DO ONTEM E DO SEMPRE,
de Blanchard Girão, em 31.7.2001,
saudação do poeta Juarez Leitão
Carlos Drumond de Andrade conclui seu
poema “Mãos Dadas” com esta fala de eternidade:
NÃO SEREI O CANTOR DE UMA SÓ HISTÓRIA,
NÃO DIREI OS SUSPIROS AO ANOITECER,
A PAISAGEM VISTA DA JANELA,
NÃO DISTRIBUIREI ENTORPECENTES
OU
CARTAS DE SUICIDA,
NÃO FUGIREI PARA AS ILHAS
NEM SEREI
RAPTADO POR SERAFINS.
O TEMPO É MINHA MATÉRIA,
O TEMPO PRESENTE,
OS HOMENS PRESENTES,
A VIDA PRESENTE.
Esta noite estamos mais uma vez diante
de BLANCHARD GIRÃO, um homem que tem o tempo como a matéria-prima de
sua escritura. O tempo, que outro poeta, Augusto dos Anjos, chamou
de ‘este operário da ruína’, nas mãos de Blanchard ganha fulgor e
vida, ilumina-se de paixão, solfeja saudades e ardentes emoções,
chora e ri, faz-se manhã e noite, canta pesaroso ou frenético como
as coisas vivas movimentando-se nas estações da sorte.
Tornar o tempo um eterno presente,
como quer o poema de Drummond, não é tarefa que qualquer um possa
executar. A maioria dos homens fica amarga na segunda metade de seu
tempo. A idade às vezes engelha a alma e acinzenta o coração.
Por isso é imensamente compensador
quando percorremos um livro como o que saudamos nesta noite, um
livro de relembranças, e nele encontramos o tempo sem mágoas e sem
rancores, cheio da luz intensa do altruísmo, das alegrias da
infância, do calor da família, da paz serena e doce que as velhas
cantigas murmuravam em franco enternecimento.
Imagino o escritor Blanchard Girão,
como um artesão meticuloso, iniciando em sua oficina de idéias a
reconstrução do tempo. As pastas empoeiradas guardam a memória de
algumas décadas, desde os anos 40, quando os registros emocionais
tornaram-se necessários e intensos, talvez indispensáveis. E dessas
pastas, amarelecidas sossegadamente por longos anos de espera, evola
um cheiro memorial, um cheiro conhecido das saudades, ruas e becos
da meninice, noites adolescentes, as ânsias líricas, as amizades
definitivas, sabores e saberes, olhos e bocas cheios de ternura e
gosto, gestos maiores ou menores, vida. Das velhas pastas, de dentro
delas, salta a vida.
Lento é o processo de emendar o
passado, de recompor os pedaços da experiência, enfrentando as
ausências e as contrafações. Os retalhos da vida, novamente
manuseados, doem tanto quanto aquela fotografia de Itabira na parede
do poeta Drummond.
Blanchard é uma inteligência-fonte, um
olho d’água histórico-sentimental, desses que começam borbulhando e
depois viram rio num caudal formidável.
E vem, como esse rio, descendo da
vertente, ganhando corpo e força à medida que percorre os
territórios da paixão. Um rio límpido, de puras e verdadeiras águas,
que se somando aos afluentes, se consolida e ganha veemência
emocional. Caudaloso, seu destino é o mar. E ele vem molhando da
poesia essencial todos os solos, várzeas, desertos, lavras,
calcários e massapês. Descansa no anteparo das barragens, nas
depressões do relevo, mas logo que as preenche, prossegue em sua
rota telúrica, contornando a montanha ou se precipitando nas
cachoeiras compulsivas do entusiasmo.
Como o denominamos no prefácio,
Blanchard Girão é “testemunha ocular da História” e este livro, um
documento vivo de suas impressões sobre a cidade de Fortaleza,
interpretada a partir de seu olhar sobre as pessoas, seus
“Passageiros do Ontem e do Sempre”. Aqui, faz uma leitura do espaço
urbano que se transformava em metrópole, colhendo com mão caprichosa
os momentos rutilantes do comportamento humano.
O livro é a própria cidade, mapeada
pela admiração blanchardiana. Ou, quem sabe, um trem, para melhor se
ajustar à metáfora da viagem e de seus passageiros. No primeiro
vagão estão as imagens da infância, seguido do das marcas de
influência sobre sua formação, em que se sobressai fortemente a
personalidade de Américo Barreira. O terceiro vagão está repleto de
homenagens a figuras como Antônio Girão Barroso, Perboyre e Silva,
Raimundo Girão, Milton Dias, Odalves Lima, Caio Cid, Aymoré de Paula
e Evandro Ayres de Moura. Em sua melhor extravasão emocional,
instala no que chama de Crônicas Escritas com o Coração, sua
colaboração em diversos jornais da época, principalmente no Correio
do Ceará, para onde foi levado por Lustosa da Costa, outro
exuberante narrador do cotidiano. Segue-se a opinião de vários
escritores sobre sua obra, uma pequena amostra de sua fortuna
crítica. E no último vagão sentam-se os mestres e os cearenses
que, pelo mundo afora, se destacaram e elevaram o nome do Ceará.
Blanchard viveu, nos últimos 50 anos,
intensamente este País, em momentos terríveis de sua história, como
analista, crítico, protagonista e vítima. Conheceu duas ditaduras e,
como o Mito de Osires, o deus do Nilo, assistiu aos ciclos da morte
e da ressurreição. Esteve, sempre como participante ativo, no centro
das contradições, desavisos e aflições da oscilante vida política
nacional, reportando e vivendo na própria pele as incertezas e
esperanças da sociedade.
Pertenceu àquela geração que, desde
sua primeira juventude, aderiu à idéia da militância política:
adesão voluntária e generosa, a entrega do que tinha de melhor para
dar – as melhores energias intelectuais e físicas – à luta contra a
dominação, contra a exploração e contra a alienação.
Jornalista desde os 14 anos, quando
foi levado ao GAZETA DE NOTÍCIAS pelo Ari Cunha, escalou todos os
degraus da profissão, transformando-se, apesar de sua proverbial
modéstia, numa estrela destacada da imprensa do Ceará.
Não havia entre os jovens jornalistas
dos anos 40 e 50, egressos quase todos do Liceu do Ceará, a
preocupação pelo destino individual. Aqueles jovens afilhados da
audácia, dentre eles Odalves Lima, Manoel Lima Soares, Olavo
Sampaio, Aloísio Medeiros, Dorian Sampaio e Blanchard, estavam
possuídos do grande sonho da liberdade, esta peregrina e espezinhada
condição humana, que sempre teve na juventude sua melhor aliada.
Sua experiência jornalística, que lhe
aperfeiçoou a vocação do bom texto e lhe deu o magma das palavras, a
crônica limpa das antigas gorduras retóricas, mas cheia de poesia e
sedução, também lhe consolidou a consciência política e,
principalmente, por intermédio do rádio, lhe deu um mandato de
deputado estadual.
Esse mandato lhe foi rudemente
arrebatado, já nas primeiras brutalidades do regime militar de 1964.
E, como não tivesse um dispositivo legal para lhe enquadrar e lhe
tomar a delegação do povo, a genuflexa e apavorada Assembléia
Legislativa alegou que o nosso elegante e gentil Blanchard Girão era
um praticante contumaz da falta de decoro parlamentar, talvez um
desbocado, um arauto do baixo-calão ou, quem sabe, um menestrel das
obscenidades. Nessa mesma lista de acusados de praticar a
inconveniência vocabular e moral figuraram outros ilustres deputados
que a sociedade conhecia como verdadeiros “varões de Plutarco”. Seus
nomes, faço questão de ressaltar nesta apresentação, estão entre os
que enchem de dignidade e orgulho a história de nossa terra: Pontes
Neto, Aníbal Bonavides, Raimundo Ivan Barroso, Amadeu Arrais, José
Fiúza Gomes e Blanchard Girão.
Em dias do mês de Junho, deste ano de
2001, a Assembléia Legislativa do Ceará, por iniciativa
extremamente lúcida de seu presidente Wellington Landin, reparou
esta grande injustiça , este inominável disparate histórico. Ali, de
cabelos grisalhos, na seara da maturidade, três daqueles deputados (Blanchard,
Amadeu e Fiúza) eram acolhidos para receber as desculpas da Casa do
Povo pelo equívoco vergonhoso. Pontes Neto, Aníbal e Raimundo Ivan,
infelizmente, só através do remorso das rezas podem ser alcançados
para o pedido de desculpas.
Este livro de Blanchard Girão bem
poderia ser um relato amargo, um itinerário de morbidez e de dor.
Razões não lhe faltavam para as lamentações sombrias, pois o caminho
foi áspero e por ele foram ficando pedaços de sua alma, grandes e
dolorosas perdas: a prisão descabida que levou sua família a viver
vexames financeiros e emocionais, a fatalidade que atingiu seu pai,
destruído pela injustiça contra o filho, a cara virada de alguns
amigos assustados, a porta fechada dos empregos, a aflição da
esposa, a valente Cleide, que virou pai e mãe em sua ausência, o
nascimento de Martha Vanessa, enquanto estava preso...e outras
tantas vicissitudes e fragilidades que a filosofia do tíbios em
vão tenta explicar.
Mas Blanchard se acostumou a em tudo
enxergar o melhor ângulo, o prisma iluminado, procurando o passado
menos no drama que no encantamento. PASSAGEIROS DO ONTEM E DO
SEMPRE enquanto faz a vigilância cognitiva da cidade que se
construía e as descobertas das fascinantes dimensões da vida,
realiza também um balanço minucioso de gratidão a todos os que, por
falas e atitudes, tocaram o ardente coração de seu autor.
Seu estilo, refinado na costura
consciente de intenção e expressão, na construção bem acabada dos
períodos, no uso consistente das metáforas, propicia a impressão do
casual. Na verdade, é espontâneo e o espontâneo aqui sempre nos
parece feito de convicções permanentes.
Recolhedor de coisas perdidas e
esfiapadas, de realidades trincadas, de lacunas indizíveis, dos
cacos coloridos e opacos da vida, Blanchard transforma a matéria
banal em transcendência, pregando no céu para brilhar eternamente os
objetos do cotidiano.
E mesmo nas cores da melancolia, essa
coisa que se acende em nós sem nos iluminar, obtém uma alegoria
sentimental que traduz e avalia um tempo humano, um substancioso
pedaço de vida.
Pedaços de vida, é de que se forma
este livro, porque nossa emoção não consegue reproduzir totalidades
e, às vezes, se faz necessariamente seletiva sobre o nosso
desempenho vital e o daqueles que nos cercam.
As abordagens múltiplas não desmerecem
nem comprometem a unidade deste livro. Sobre fatos e vozes Blanchard
constrói seu texto, criativo e fértil nas equivalências.
Suas esperanças, seus critérios de
verdade, suas expectativas, seu olhar hermenêutico sobre o sublime
ou o nefasto partem de fios dispersos para formar a mesma teia, a
mesma renda principal, lógica e harmoniosa.
Por ser também uma convocação à ética
e à filosofia, esta obra é legítima e essencial.
Uma viagem fantástica pela memória da
cidade, que não podemos recusar.
E para esta noite esplêndida de
Branchard Girão concluo com uma balada de seu poeta preferido
Francisco Carvalho:
PANTADOR, Ó PLANTADOR,
ESTA TERRA ME PERTENCE.
QUANDO CHOVER SERÁ TUA,
SOLIDÃO, FLOR E SEMENTE.
ESTA TERRA ME FOI DADA
POR TESTAMENTO EM CARTÓRIO
QUANDO EU TINHA 20 ANOS
DE JUVENTUDE FOGOSA.
QUANDO EU TINHA 20 ANOS
TROCAVA ILUSÃO POR NUVEM.
PLANTADOR, Ó PLANTADOR,
NÃO MALDIGAS DA FORTUNA:
QUANDO CHOVER NO TELHADO
TEU CORAÇÃO VIRA ADUBO,
FAZ ANOS QUE O MEU DESTINO
SABE A TERRA QUANDO QUEIMA
DOS MEUS BRAÇOS FIZ COIVARAS
PARA ACENDER AS ESTRELAS
MUITOS ANOS SE PASSARAM
SOBRE AS VERDADES ANTIGAS
ATÉ QUE A TERRA ENCHARCADA
PRODUZISSE MARAVILHAS..
PLANTADOR, Ó PLANTADOR,
ESTA NOITE É MAIS DOS VENTOS
DO QUE MESMO DE NÓS DOIS.
JUAREZ LEITÃO
( da Academia Cearense
de Letras ) |
Paulo Verlaine
31.3.2007
Adolescente, com 13, 14 anos de idade,
eu ouvia a crônica A Nossa Palavra, na Rádio Dragão do Mar, escrita
pelo radialista, jornalista e deputado estadual Blanchard Girão.
Logo depois, com o golpe militar de 1964, ele seria cassado e preso
durante um ano no Quartel do 23° Batalhão de Caçadores, juntamente
com outros intelectuais, políticos e militantes de esquerda.
Blanchard Girão, além de ter sofrido o
baque da cassação, demissão do emprego e da prisão, golpes
suficientes para desestruturar qualquer personalidade fraca, amargou
dramas pessoais. Teve de acompanhar, escoltado por militares, o
sepultamento do seu pai, juiz de Direito, que morrera amargurado e
deprimido devido à situação em que se encontrava o filho.
Outro drama paralelo: ao ser preso, a
esposa de Blanchard Girão, dona Cleide, estava grávida e ela só veio
conhecer a filha no quartel do 23° BC. Duras provas para um ser
humano que se viu, de uma hora para outra, afastado do convívio da
família, do jornalismo e da carreira política em face dos desafios
da história.
Até então eu não conhecia o cidadão
José Blanchard Girão Ribeiro. Isto só aconteceu na metade década de
70, quando eu era repórter do O POVO e Blanchard
ingressava nos quadros deste jornal pela segunda vez. Eu não estava
no O POVO durante o seu primeiro período, na década de
50, quando ele trabalhou como repórter e cobriu a Copa do Mundo de
1950.
Confesso que tive uma decepção
positiva com Blanchard Girão. Já o conhecia de nome e sabia dos seus
sofrimentos e, por isso mesmo, esperava encontrar com uma pessoa
amarga, ressentida e taciturna.
Deparei-me um homem de espírito leve,
bem-humorado, sorridente, de gestos e palavras amenas, atencioso com
todos os companheiros de redação, incentivador de talentos jovens e
compreensivo. Mas, ao mesmo tempo, percebia nele o caráter indomável
e a firmeza de idéias.
Eu nasci em 1950, ano da desgraça
brasileira no Maracanã, onde Blanchard esteve como testemunha da
história. Lembro-me de suas palavras descrevendo o dia fatídico:
"Depois do jogo Brasil x Uruguai, não se ouvia nenhum barulho, nem
uma voz no Maracanã. Só se ouvia os passos das pessoas se retirando
do estádio".
No O POVO, Blanchard foi
editor de Esportes, editor de Economia e Editor-Chefe. Foi neste
último cargo que tive oportunidade de conhecê-lo melhor, pois na
época eu era editor de Política e estávamos em contato direto.
Tempos da anistia e do fim do ciclo de governos militares. O País
vivia momentos de transição. Fracassada a campanha pelas Diretas-Já,
veio a polarização entre Tancredo Neves (PMDB, com apoio de um amplo
leque político, que ia dos dissidentes do partido governista,
peemedebistas históricos aos partidos comunistas) e Paulo Maluf
(PDS, representante das forças do obscurantismo). Blanchard orientou
a cobertura com equilíbrio e dedicação.
Pouco tempo depois eu e ele, já
desligados do O POVO, encontrávamos outra vez do mesmo
lado: na campanha do então deputado federal Paes de Andrade à
Prefeitura de Fortaleza, em 1985.
Trabalhamos juntos também na antiga
Televisão Educativa Canal 5 (hoje TV Ceará), ele na superintendência
da emissora e eu na função de redator. Em todas essas posições,
Blanchard Girão demonstrava o mesmo equilíbrio, leveza de
personalidade, generosidade e altivez.
Depois, nos reencontramos nas reuniões
da Sociedade dos Poetas Vivos, da qual Blanchard Girão fazia parte e
outra vez no O POVO, desta vez eu como integrante do
Núcleo de Conjuntura e ele como colaborador da página de Opinião, na
qual escrevia artigos sobre a realidade brasileira, com o mesmo
estilo elegante.
No último domingo, ao começar a
trabalhar, recebi o impacto da notícia da morte de Blanchard Girão.
Na ocasião, emudecido, fiquei a refletir na sua figura e no seu
exemplo de cidadão e ser humano deixado para a posteridade. Repito
aqui a citação lapidar do editorial do O POVO de
segunda-feira, redigido por Frederico Fontenele Farias:
"Parafraseando o escritor católico francês Daniel-Rops, no título de
um romance: morte, onde está a tua vitória?".
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