Cassiano Ricardo
Biografia:
Cassiano Ricardo (C. R.
Leite), jornalista, poeta e ensaísta,
nasceu em São José dos Campos, SP, em 26 de julho de 1895, e faleceu
no Rio de Janeiro, RJ, em 14 de janeiro de 1974. Eleito em 9 de
setembro de 1937 para a Cadeira n. 31, na sucessão de Paulo Setúbal,
foi recebido em 28 de dezembro de 1937 pelo acadêmico Guilherme de
Almeida.
Era filho de Francisco
Leite Machado e Minervina Ricardo Leite. Fez os primeiros estudos na
cidade natal. Aos 16 anos publicava o seu primeiro livro de poesias,
Dentro da noite. Iniciou o curso de Direito em São Paulo,
concluindo-o no Rio, em 1917. De volta a São Paulo, foi um dos
líderes do movimento de reforma literária iniciada na Semana de Arte
Moderna da 1922, participando ativamente dos grupos "Verde Amarelo"
e "Anta", ao lado de Plínio Salgado, Menotti del Picchia, Raul Bopp,
Cândido Mota Filho e outros. Formaram a fase que Tristão de Athayde
classifica de nacionalista.
No jornalismo, Cassiano
Ricardo trabalhou no Correio Paulistano (de 1923 a 1930), como
redator, e dirigiu A Manhã, do Rio de Janeiro (de 1940 a 1944). Em
1924, fundou a Novíssima, revista literária dedicada à causa dos
modernistas e ao intercâmbio cultural pan-americano. Também foi o
criador das revistas Planalto (1930) e Invenção (1962).
Em 1937 fundou, com
Menotti del Picchia e Mota Filho, a "Bandeira", movimento político
que se contrapunha ao Integralismo. Dirigiu, àquele tempo, o jornal
O Anhangüera, que defendia a ideologia da Bandeira, condensada na
fórmula: "Por uma democracia social brasileira, contra as ideologias
dissolventes e exóticas."
Eleito, em 1950,
presidente do Clube da Poesia em São Paulo, foi várias vezes
reeleito, tendo instituído, em sua gestão, um curso de Poética e
iniciado a publicação da coleção "Novíssimos", destinada a publicar
e apresentar valores representativos daquela fase da poesia
brasileira. Entre 1953 e 1954, foi chefe do Escritório Comercial do
Brasil em Paris.
Poeta de caráter
lírico-sentimental em seu primeiro livro, ligado ao
Parnasianismo/Simbolismo, em A flauta de Pã (1917) adota a posição
nacionalista do movimento de 1922, revelando-se um modernista
ortodoxo até o início da década de 40. As obras Vamos caçar
papagaios (1926), Borrões de verde e amarelo (1927) e Martim Cererê
(1928) estão entre as mais representativas do Modernismo. Com O
sangue das horas (1943), inicia uma nova e surpreendente fase,
passando do imagismo cromático ao lirismo introspectivo-filosófico,
que se acentua em Um dia depois do outro (1947), obra que a crítica
em geral considera o marco divisório da sua carreira literária.
Acompanhou de perto as experiências do Concretismo e do Praxismo,
movimentos da poesia de vanguarda nas décadas de 50 e 60. A sua obra
Jeremias sem-chorar, de 1964, é bem representativa desta posição de
um poeta experimental que veio de bem longe em sua vivência estética
e, nesse livro, está em pleno domínio das técnicas gráfico-visuais
vanguardistas.
Se a sua obra poética é
tida como uma das mais sérias e importantes da literatura brasileira
contemporânea, a de prosador é também relevante. Historiador e
ensaísta, Cassiano Ricardo publicou em 1940 um livro de grande
repercussão, Marcha para Oeste, em que estuda o movimento das
entradas e bandeiras.
Cassiano Ricardo pertenceu
ao Conselho Federal de Cultura e à Academia Paulista de Letras. Na
Academia Brasileira de Letras, teve atuação viva e constante.
Relator da Comissão de Poesia em 1937, redigiu parecer concedendo a
láurea ao livro Viagem, de Cecília Meireles. Para a vitória do seu
ponto de vista, manteve destemido confronto. Saiu vitorioso, e
Viagem foi o primeiro livro da corrente moderna consagrado na
Academia. Ao lado de Manuel Bandeira, Alceu Amoroso Lima e Múcio
Leão, Cassiano Ricardo levou adiante o processo de renovação da
Instituição, para garantir o ingresso dos verdadeiros valores.
Fonte:
Academia Brasileira de Letras
A bibliografia do escritor é a
seguinte:
-
Dentro da Noite - 1915
-
A Flauta de Pã - 1917
-
A Mentirosa de Olhos Verdes - 1925
-
Borrões de Verde e Amarelo - 1926
-
O Corrupira e o Carão (ensaio) 1927
-
Canções de Minha Ternura - 1927
-
Martim Cererê - 1928
-
O Brasil no Original (ensaio) 1936
-
O Negro na Bandeira (ensaio) 1938
-
Discurso de Recepção na Academia
Brasileira 1938
-
A Academia e a Poesia Moderna
(ensaio)-1938
-
Pedro Luis Visto Pelos Modernos (critica
liter.) 1939
-
Marcha para Oeste (ensaio) 1942
-
O Sangue das Horas -1943
-
Um Dia Depois do Outro- 1947
-
A Face Perdida- 1950
-
Poemas Murais- 1950
-
25 Sonetos-1952
-
A Poesia na Técnica do Romance-1953
-
O Tratado de Petrópolis -1954
-
Pequeno Ensaio de Bandeirologia- 1956
-
Meu Caminho Até Ontem (coletânea) 1955
-
Arranha-céu de Vidro- 1956
-
João Torto e a Fábula -1956
-
O Homem Cordial (ensaio)- 1957
-
Poesias Completas 1957
-
Martins Fontes (ensaio) 1958
-
Montanha Russa -1960
-
22 e a Poesia de Hoje- 1962
-
O Poema e (Hoje) Sua Autonomia -1963
-
Jeremias Sem-Chorar -1964
-
Algumas Reflexões Sobre Poética de
Vanguarda (ensaio) 1964
-
O Indianismo de Gonçalves Dias (ensaio)
1965
-
Viagem no Tempo e no Espaço (memórias)
1970
-
O Sobrevivente - 1971
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