Eleonora Cajahyba
A porta
Ao poeta Clóvis Lima
A porta é aberta no fruir da vida.
Porém, fechando ao mundo, vem a paz.
E, à solitude do meu leito, traz
Com a noite, um doce abrigo, após a lida.
Porto seguro, firme e assim sentida
É refugio, se a calma satisfaz;
Às vezes, a alma chora... chora... mas
Chorando, é quando grita a dor sofrida.
Na clausura, é cerrada a liberdade;
Se abre aos amantes, gozo e amenidade,
Se a porta bate à cara, ò dor cruel!
Ao rico empobrecido, só saudade...
Pois fecha a porta ao pobre com maldade.
Nada se iguala à porta, a do amigo fiel.
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