Sandro Botticelli, Saint Augustine, Ognissanti's Church, Firenze

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Victor Mikhailovich Vasnetsov, Rússia, 1848-1926, The Knight at the Crossroads

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Riviere Briton, 1840-1920, UK, Una e o leão

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O Povo, Fortaleza, Ceará, Brasil

Caderno Vida e Arte,

17.3.2007

 

[Eleuda Carvalho]


DEPOIMENTOS

O Poeta, à vista de seus pares

Onze escritores brasileiros compartilham suas lembranças de Gerardo Mello Mourão. A voz, a poesia de corte épico, a fé, a amizade, a ranzinice e mesmo seu jeito de vestir compõem um retrato humano e estético do poeta, falecido no último dia 9, no Rio de Janeiro.

Gerardo Mello Mourão


Em lembrança de Gerardo Mello Mourão, o Vida & Arte Cultura pediu a alguns escritores um pequeno texto sobre o poeta. Os que responderam ao chamado, recordaram tanto a obra quanto a figura do escritor cearense. Ana Miranda registrou sua afabilidade, seu gosto pela Grécia e pelo sertão, e o charme dos seus suspensórios coloridos. O amigo Artur Eduardo Benevides fala da perda, para a cultura brasileira, enquanto Adriano Espínola recorda-se de sua voz, lendo trecho de Invenção do Mar. O poeta gaúcho Armindo Trevisan lembra de um encontro com ele, em Recife, e o pernambucano Carlos Newton Jr, queEleuda Carvalhonão o conheceu pessoalmente, fala da coincidência que os uniu numa mesma antologia. Foi justo na organização de outra antologia que se deu o encontro de Mello Mourão com o escritor conterrâneo Rinaldo de Fernandes. Régis Bovincino, poeta paulistano, diz que leu muito pouco Gerardo Mello Mourão, mas pensa que sua poesia se aproxima da de Jorge de Lima. O também paulistano Glauco Mattoso escreve que achava Mello Mourão um ranzinza, até "cair a ficha": o poeta estava mais próximo dele do que supunha. O poeta e editor Soares Feitosa foi econômico em seu depoimento (e generoso em seu Jornal de Poesia, onde se pode ler quase toda a obra de Gerardo). E Virgílio Maia abriu sua biblioteca para compartilhar com os leitores suas preciosidades: três livros que Gerardo Mello Mourão lhe deu, todos com dedicatórias de próprio punho e um poema manuscrito inédito.

 

 

Adriano Espínola, poeta cearense, radicado no Rio de Janeiro. Autor de Táxi e Beira-Sol, entre outros livros premiados:

 
A voz do bardo
"Gerardo Mello Mourão encarnou, de forma extraordinária, a divisa de Rilke, segundo a qual cantar é ser. De viola em punho, misto de cantador
Adriano Espinola das Ipueiras e 'devoto fiel de Apolo', fez da poesia a expressão de uma peregrinação fundante do homem e da terra, obediente ao sonho e à música das palavras. Embalado pelo ritmo vertiginoso das metáforas, soube cantar, nomear e contar como poucos. Poeta do mito e da história, do sertão nordestino e da Grécia, dos múltiplos e largos espaços da geografia e da memória, reinventou o mar e o sertão, as ilhas e o continente, o presente e o passado, os feitos épicos da raça e das suas próprias peripécias. Por tudo isso, Gerardo tem lugar privilegiado na história da literatura brasileira e ocidental. Na sua obra poética, a língua alcança momentos de raro esplendor e musicalidade. Uma das minhas maiores emoções literárias foi ouvir o escritor recitar, ainda inédito, o Canto Primeiro do seu Invenção do Mar, durante a Bienal do Livro do RJ, em 1997. Com a sua voz marcante, de grande poder evocativo, parecia ali encarnar liricamente o desejo de aventura e saber do próprio espírito humano, agitado pelas ondas do mar dantanho e dagora".

 

Ana Miranda, escritora nascida em Fortaleza. Escreveu, entre outros, Boca do Inferno, A Última Quimera e Desmundo

 

Ulisses sertanejo

"Conheci Gerardo Mello Mourão. Foram vários encontros casuais, ele estava sempre com sua afetividade e seus suspensórios coloridos e alegres. Abraçava-me, dizia palavras gentis. Saberia, no fundo de seu coração, que eu o compreendia, que jamais me deixaria levar pelos preconceitos políticos que o perseguiram. Quando foi levado ao Ana Mirandaintegralismo por Tristão de Athayde, ele tinha 18 anos. Pagou por esse gesto a sua vida inteira, em prisões de toda espécie. Foi um solitário em sua obra, como Augusto dos Anjos. Eu o admirava, tinha por ele muita afeição, e gostava profundamente de sua poesia. Uma poesia próxima à de Ezra Pound, e às idéias de Nietzsche. Poesia belíssima, forte, original, que aproxima o sertão cearense da Espanha árdua, da Grécia, Ilíria, Tessália, que Gerardo apreendeu, sem jamais tirar os pés de sua serra de Ibiapaba. Iluminou o helenismo que há em nosso Nordeste ardente. Respirou a violeta divina, ouviu o que as sereias cantavam para Ulisses, um Ulisses nordestino, no país dos Mourões".

 

Antonio Olinto, da Academia Brasileira de Letras. Autor, entre outros, dos livros Presença (poesia), Jornalismo e Literatura (ensaio teórico), os romances A Casa da Água e Alcácer-Kibir, entre outros.
 

Cantar de amigo

O país - este país de língua portuguesa que é o nosso - ficou mais Antonio Olintopobre com a morte de um de seus grandes poetas em qualquer tempo. Aos nos deixar, Gerardo Mello Mourão deixou-nos também uma obra que nos justifica e nos revela como povo e como nação. Por causa disso mesmo, foi ele também um estranho e um solitário. Nenhum fazedor de versos desta parte do mundo tem com ele parentesco. Daí, inclusive, o silêncio que em muitos momentos cercou sua obra. Não há pontos de comparação entre seus poemas e o desenvolvimento normal da poesia no país. Nessa solidão, mais avulta a presença de livros como A invenção do mar e O país dos Mourões.

E sua presença não está só na poesia, mas também na prosa, de que o romance O valete de espadas é o grande exemplo, ao narrar a história da caminhada de um homem (e do homem em geral) através dos símbolos que formam rumos e das tradições que, mortas ou vivas, sustêm as sociedades de cada geração. O valete de espadas oscila entre o lógico e o ilógico, num difícil equilíbrio que lhe dá força e seiva. A lógica elaborada ao longo de dois milênios e meio de pensamento sistematicamente discursivo uniu-se, em O valete das espadas, ao mítico nascido em épocas anteriores e conservado em tradições que os povos orientais - principalmente o hebreu - deixaram na memória do homem. Há livros que participam da busca de qualquer coisa que nos livre do Tempo, com T maiúsculo mesmo, do Tempo que nos alimenta e nos mata. O valete de espadas participa dessa busca e dessa luta, indo além de qualquer outra manifestação literária entre nós e ingressando também no terreno do poema, o que era normal, em se tratando de um poeta como poucos tivemos depois de Castro Alves e de Jorge de Lima.

A invenção do mar e O país dos Mourões estão na vanguarda mesma da palavra transformada em poema entre nós. São de feitura inteiriça, compacta, num ritmo despojado, desatado de si mesmo, na posição do poeta que se larga, que se solta e consegue, com isto, uma impressionante unidade sintática, de que participam tanto os versos longos - de quatorze e mais sílabas - como os de ritmo normal de sete sílabas, ou os que se partem em pulsações diversas e variadas.

Quando chegamos, Zora e eu, à Inglaterra, onde trabalharíamos durante alguns anos, um dos escritores de minha admiração, Robert Graves, não morava mais em Londres. Soube que, desgostoso com o ambiente londrino, mudara-se para Espanha depois de escrever um livro de adeus chamado exatamente Good-bye to all that. Escolheu para morar uma aldeia espanhola situada no centro da ilha de Maiorca e lá se achava há alguns anos. Nome do lugar: Deya, palavra árabe que significa exatamente "aldeia". Depois de ter combinado com ele, por carta, uma ida a Maiorca, hospedamo-nos no único hotel do lugar, situado em frente à casa do poeta. Dele havia eu lido não só os poemas e romances, mas principalmente seu livro de ensaios sobre poesia, The white goddess. Durante dez dias, passamos a manhã com Robert Graves. O assunto normal desses encontros foi a poesia de nosso tempo. Ele conhecia quatro línguas da Península Ibérica: o espanhol, o português, o galego e o catalão. Pôde, assim, falar dos poetas brasileiros que havia lido. Colocava em primeiro lugar, Gerardo Mello Mourão, dizendo: "Encontrei nele alguns dos melhores poemas que li na minha vida".

Neste adeus ao amigo de toda uma existência, Gerardo Mello Mourão, deixo aqui esse testemunho de um grande escritor inglês que sabia o que estava falando.

 
Armindo Trevisan, poeta e escritor gaúcho. Autor de Rumor do Sangue, O Moinho de Deus e A Dança do Fogo
 

Imaginação admirável

"Nunca privei com o Gerardo de Mello Mourão. Tive, no entanto, a oportunidade de conviver com ele durante um Congresso de Escritores, no Recife. Para dizer a verdade, nessa ocasião, conversamos muito tempo sobre nossos interesses comuns. Apesar de ele ser (e fazer questão de o ser) poeta, e excelente poeta, preferi outros assuntos, como o de sua estadia na China, e suas idéias sobre a Arte Chinesa. Armindo Trevisan(Quando eu lecionava na URGS, no Instituto de Artes e na Faculdade de Arquitetura, introduzi a cadeira de Artes Não-Ocidentais). Sempre apreciei a poesia de Gerardo, principalmente por sua ambição. Não sei se ele chegou ao épico propriamente dito, como pretendia. Sua poesia, porém, tem seriedade, arcabouço formal de nível, e lances imaginativos admiráveis. Do ponto de vista pessoal, impressionou-me o interesse que tinha pela Arte Chinesa. Foram momentos preciosos para mim, o de minha conversa com ele. Lastimo sua morte, e peço a Deus que lhe dê tudo aquilo que nós, mesmo sendo seus amigos, não podemos dar-lhe. Em especial: a ressurreição".
 

 
Artur Eduardo Benevides, príncipe dos Poetas Cearenses. Escreveu A noite em Babylônia

 

Bom, generoso e afável

"Tenho um poema pra ele, em meu último livro, Cantares de Outono ou Os Navios Regressando às Ilhas, publicado agora: 'Em louvor deArtur Eduardo Benevides Gerardo Mello Mourão, poeta das Ipueiras e do mundo'. O Mourão foi uma figura de extraordinária grandeza intelectual e moral. Viajou por quase todo o mundo, inclusive, é muito publicado no exterior. Incontestavelmente, foi um dos maiores poetas modernos do Brasil. Era um homem bom, generoso e afável. Tivemos uma amizade duradoura e, para mim, enriquecedora. O bem que eu queria a ele... Fiquei profundamente emocionado com seu desaparecimento, porque o Brasil, com isso, perdeu um dos grandes nomes do campo da literatura, sobretudo, da poesia".

 
Carlos Newton Jr., poeta, professor e escritor. É atual sub-secretário da Cultura de Pernambuco. Autor do romance Honorato, o Bom-Deveras; do livro de ensaios A Ilha Baratária e a Ilha Brasil, do livro de poemas Poeta em Londres, entre outros.
 

O épico

"Na condição de poeta e, por extensão, de leitor de poesia, sempre fui mais entusiasmado pelo gênero épico do que pelo lírico. A poesia de caráter intimista me causa antipatia, exceto quando ela transcende o eu individual do poeta para investigar, em livros de fôlego, os grandes enigmas universais, como ocorre, por exemplo, com a obra de um Foed Castro Chamma. Assim, naturalmente, tenho predileção pelo poema longo, pelo poema-romance ou pelo poema-rio, e se, no campo da criação, não fui além do meu épico Canudos: poema dos quinhentos, tal fato deve ser creditado mais à falta de talento criador do que de vontade de criar. Leitor de epopéias, eu não poderia ficar indiferente diante da grande poesia de Gerardo Mello Mourão, a quem não conheci pessoalmente, mas com quem contraí uma dívida de gratidão que jamais poderei saldar. Para ficar apenas em um exemplo concreto, o meu Canudos, escrito entre 1997 e 1998, não teria a mesma dimensão se eu não tivesse lido, antes, Invenção do Mar, de Gerardo. Este livro foi, de fato, fundamental na feitura de Canudos, como qualquer estudo comparativo poderá constatar. Aí, alguns anos depois, em 2004, Alexei Bueno me convidou para participar de uma antologia de poetas brasileiros vivos que ele estava organizando para a Editorial Danú, de Santiago de Compostela, na Galícia. Se eu já havia ficado honrado com o convite em si, esse sentimento se intensificou ainda mais quando percebi, ao receber um exemplar do livro, que a minha poesia formava, com a de Gerardo Mello Mourão, uma espécie de marco cronológico do volume. É que a antologia reúne 24 poetas selecionados por Alexei e apresentados em ordem cronológica, iniciando-se com Gerardo Mello Mourão, nascido em 1917, e terminando comigo, que nasci em 1966. Graças a Alexei, portanto, o meu nome ficou definitivamente ligado ao de Gerardo Mello Mourão, o grande poeta épico que tanto me encantou e acaba de se encantar".
 

 
Glauco Mattoso, "poeta pós-maldito, 55 anos", paulistano. Organizou, com Nilto Maciel, em 1977, Queda de Braço - Uma Antologia do Conto Marginal e Manual do Podólatra Amador
 

Perto dos malditos

"Lembro-me da implicância que tinha o poeta com certas palavrinhas da moda: neologismos, estrangeirismos, gírias. Na épocaGlauco Mattoso (anos 70/80) eu estava entre os punks e marginais, e interpretava aquilo como caretice, rabugice de velho, e comparava o mau humor do Gerardo ao do João Cabral (de Mello Neto) ou do (Ariano) Suassuna. Levei um tempo pra que me caísse a ficha e eu percebesse que o Gerardo estava mais do meu lado do que eu supunha: sua revolta era tão legítima quanto a rebeldia punk e a irreverência marginal, pois, como Cabral ou Suassuna, Gerardo lutava pela preservação de algo tão essencial como nossa água doce ou nossa floresta tropical: a integridade da língua contra a devastação globalizante e o desmatamento neoliberal... Gerardo foi tão marginalizado quanto nós, os malcriados filhos da ditadura...".
 

 
Régis Bonvicino, poeta e magistrado paulista. Escreveu Ossos de Borboleta e Página Órfã, entre outros

 

Católico ortodoxo

"Sempre soube que Gerardo Mello Mourão era um católico ortodoxo, um leitor da Bíblia, tanto do ponto de vista religioso quanto poético. Via mais do que lia seus artigos na página Tendências/Debates, da Folha de S. Regis BonvicinoPaulo. Li pouquíssimo a sua poesia, uma poesia que se queria elevada, clássica, leitora de Ovídio, Homero, Cícero, Virgílio, avessa à minha. Sou de uma geração completamente diferente da dele - uma geração dilacerada (para o mal ou para o bem). Sempre o achei uma espécie de parente de Jorge de Lima (um poeta que aprecio), talvez, distante".
 

 
Soares FeitosaSoares Feitosa, poeta e editor do Jornal de Poesia (www.jornaldepoesia.jor.br), onde se pode ler, além da biografia, ensaios, críticas e depoimentos sobre o poeta Gerardo Mello Mourão, o texto integral de No País dos Mourões, Peripécia de Gerardo, Rastro de Apolo, Três Pavanas, Susana, Cânon e Fuga (parcial) e Invenção do Mar (prêmio Jabuti, 1999)

 

Em poucas palavras

"Não dá para falar de Gerardo Mello Mourão em seis ou sete linhas. Se o espaço é ligeiro, tenho a dizer: Gerardo Mello Mourão é o poeta. Ele e Castro Alves".

 
Rinaldo de Fernandes, escritor e antologista. Autor de Chico Buarque do Brasil e da coletânea Quartas Histórias

 

Bastidores de uma antologia

"Em 2001, participei de um projeto que me honrou muito. Eu fazia o doutorado em Letras em São Paulo e fui convidado pelo editor Luís Fernando Emediato (proprietário da Geração Editorial) e pelo jornalista José Nêumanne Pinto para produzir os textos de pesquisa da antologia Os cem melhores poetas brasileiros do século. Muita gente pensa, pelaRinaldo Fernandes importância de meu trabalho na confecção do livro, que eu sugeri nomes - mas na verdade todos os nomes que integram a coletânea foram indicados pelo organizador José Nêumanne. Eu apenas cumpri a parte do contrato que me coube - escrever textos apresentando os poetas e pedir, aos vivos ou aos familiares dos poetas mortos, uma autorização para incluir no livro o poema selecionado pelo organizador. Liguei então para Gerardo Mello Mourão, informando-lhe que ele tinha sido escolhido um dos 100 melhores poetas brasileiros do século. Ele produziu um pequeno barulho do outro lado da linha e disse: 'Fico muito contente'. Solicitei-lhe a autorização para incluir no livro um trecho de Invenção do mar. Ele perguntou: 'Tem que ser só um trecho de poema?'. Eu falei que sim, que tinha sido a opção do organizador José Nêumanne. Ele, afável, concluiu nossa conversa: 'Tudo certo, meu filho'. Foi a única vez que conversei com Gerardo Mello Mourão. Ele, Francisco Carvalho, Antônio Girão Barroso e Patativa do Assaré são os cearenses que integram a antologia Os cem melhores poetas brasileiros do século. Se eu fosse o organizador, e pela grande qualidade da poesia cearense, teria incluído pelo menos mais dois importantes poetas da terra: Adriano Espínola e Artur Eduardo Benevides".
 

 
Virgílio Maia, poeta e advogado, natural de Limoeiro do Norte. Autor de Timbre, Rudes Brasões, Palimpsesto e outros sonetos. O poeta Gerardo Mello Mourão, com quem compartilhava o apreço à cultura armorial sertaneja, dedicou a ele seu livro Suíte do Couro ou Louvação do Couro (apenas 100 exemplares numerados). E, no raro Libro de Hierros, publicado em Madri, em 1881, oferecido ao amigo, Gerardo Mello Mourão dedicou, a mão, este poema: "Virgílio Maia dos Maias/ ferrador de boi perdido/ troco um boi por um cavalo/ em longes terras corrido.// Fui uma vez por teus ferros/ no coração atingido/ ferro por ferro teu ferro/ agora é retribuído/ porque quem com ferro fere/ com ferro será ferido"
 

Um poema inédito

"Estive pessoalmente com o poeta Gerardo Mello Mourão uma única vez, e mui rapidamente, levado a conhecê-lo pelo poeta Dimas Macedo.Virgílio Maia Foi um contato rápido. Meu contato é mais com a obra poética dele, como leitor apaixonado e poeta invejoso. Estou sempre relendo GMM. E esta dedicatória que ele me fez, em Suíte do Couro, é um dos maiores orgulhos e uma das mais legítimas vaidades literárias que tenho. Me pabulo disso. Assim como destes oferecimentos manuscritos nos livros que ele me deu. Sou um dos únicos 'viventes vivos' a quem ele dedicou um livro. Gerardo Mello Mourão viveu 18 gloriosos lustros, o que não é pouca coisa. Basta-se lembrar que ele nasceu na pegada do majestoso inverno de 17, ano em que ainda troavam os canhões da I Guerra Mundial, cobrindo de sangue os campos de França. Não sou crítico literário e de poesia não sei dizer muito, nem mesmo da minha. Gerardo Mello Mourão é um dos poetas que leio com emoção e um dos poucos que releio".

 

 

 

Elizabeth Marinheiro

 

William Blake (British, 1757-1827), Christ in the Sepulchre, Guarded by Angels