Luís da Silva Araújo
Soneto
Em sonho eu vivo o meu deslumbramento,
em dia claro, e mais em noite escura
pela ilusão que em mim se faz rebento
para bater-me como em pedra dura.
Porque nuns olhos eu perdi a luz
dos olhos meus, agora sem figura,
para perder-me na razão impura
no jugo forte de tremenda cruz.
Então me entrego sem constrangimento
à sova enorme que me desconserta
e de mim faz um trapo, um vagabundo;
e, assim, na dor cruel do sofrimento
me bate a sorte que o meu peito aperta
como tivesse nada mais no mundo ...
CPE-MS, 23:11:94
12:08
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