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Soares  Feitosa

Escreva para o editor

Mary Wollstonecraft, by John Opie, 1797
   
 
 

A menina afegã

Neste bloco:

Aleilton Fonseca

Donizete Galvão

Fco. Austregésilo M. Filho

Geninha Rosa Borges

Iracema M. Régis

Irineu Volpato

Sébastien Joachim

Thiago de Mello

 

 

 

Culpa

 

 

Ruth, by Francesco Hayez

 

 

Um cronômetro para piscinas

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Nauro Machado

 

 

 

Gerardo Mello Mourão

 

Francisco Austregésilo de Mesquita Filho


Diocese de Afogados da Ingazeira, 12.10.1994

 

Meu Prezado Francisco José

Paz e Bem!

Acabo de saborear os seus poemas. Muito obrigado pela gentileza e mos ter enviado. Gostei muito.

Lamento que só agora a poesia haja explodido em você, com tanto ritmo e beleza, tanta simplicidade e erudição.

Porém mais vale tarde do que nunca.

E valeu e vale. 
        Sua poesia é bonita e original. Bela na forma e na idéia. Arrojada nas imagens e de alto sentido social. Em favor da vida para todos e contra a fome e a miséria. Regional, marcada pelo Nordeste, especialmente pelo nosso Ceará, e universal, com raízes na história e na literatura dos povos.

É poesia de criar escola.

Parabéns. Vá adiante. Não pare. Você é poeta.

Deus o ilumine e inspire sempre mais.

Atenciosamente,

Francisco Austregésilo de Mesquita Filho.

 

 

 

 

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Micheliny Verunschk

 

 

 

 

 

 

 

José Louzeiro

Sébastien Joachim


1. Um Poeta à Margem das Classificações

 

 

Mirian, aliás, Susana; Ajunt-Hotel; Ayrton e outros e outros e outros são eventos que desconstroem a maior parte do ensinamento da Poesia divulgado em todos os nossos manuais de Teoria da Literatura. Quem o vê/ouve declamando seus poemas se convence logo de que ele é uma encarnação poética, que carrega dentro de si e irradia poeticidade em estado puro. Essa experiência premiou-me, há algum tempo, um banho de frescor sem igual. Confesso, que no momento, ignoro de onde jorra a fonte, e em que mar ela vai parar. 

O certo é: eu que saí de lá (Canadá) estou recebendo aqui nos trópicos esse choque agradável como alguém que foi quase empurrado de Sertão a dentro pela violência poética de Soares Feitosa. Sua poesia trabalha entidades maravilhosas: auroras inéditas, esplendor da infância, fauna e flora da região das Secas, epopéias insuspeitadas de misteriosos itinerantes, e - em contraste - a petulância do capitalismo selvagem.

Ressoam em mim as modulações dessa voz, ou melhor, desse coro, aqui “allegro andante”, ali “mezzo voce”, cá no “modo menor”, lá no “modo maior”.

É elegia, é epopéia, é drama, é verso, é versículo, é prosa narrativa, é História, é fábula, é teatro. Impossível enquadrar Soares Feitosa num gênero de discurso preestabelecido; daí estar decididamente à margem de qualquer classificação. 

Todavia, emerge uma propensão à Cantata, uma Cantata-Poema ou um Poema-Cantata, de múltiplas vozes, regulado por uma alternância rítmica onde se enfiam de forma espiralada historinhas que puxam historinhas e digressões que se tornam temas fundamentais do Ser e do Existir. 

Um dialogismo que não acaba, um processo diruptivo no seio de uma profunda continuidade. O novelo da escrita se desenrola, sempre se desenrola, de par com a mesma força impulsionadora, isto é, sempre sertenejando, no entanto sempre diferente pelo tom musical, pelo aprofundamento dos incidentes regionais, conduzindo-nos vertiginosamente para a residência da Vida e dos Valores imperecíveis. 

Sem dúvida uma poeticidade forte circula nessas páginas onde consegue fazer a abertura máxima no acidente mínimo, seja esse acidente de geografia ou de eventos. Palpita a presença de Dioniso e Apolo, a sensibilidade de um homem que fala para todos os Homens, todas as idades, todas as eras.

Atravessar esse Sertão poético resulta em um estonteante estado de poesia, prazeroso, galvanizante. Obrigado, Soares Feitosa, por ter nascido e RENASCIDO. Daqui em diante o caminho a percorrer é a difícil subida dos Prometeus das Letras que não recuam perante o heroísmo da Autocrítica, - mais dura batalha da maturidade poética.


 

 

2. Os poemas da Besta

Soares Feitosa é um fenômeno neste final de milênio. Surpreendeu, há 2, 3 anos atrás, com uma  emergência repentina de poeta cinqüentão; agora nos últimos dozes meses, Feitosa perturba a ordem poética  vigente empurrando os escritores da página-papel para a página-tela. Antes, contentava-se em construir poemas  multidimensionados, com incremento de tonalidade gráfica e cromática. Agora incursiona, verdadeiro Steven  Spielberg da arte literária, no terreno exótico da crítica, do ensaio. É claro que não se deve esperar aqui uma  leitura te(le)ológica, reforçada de princípios teóricos postos à prova, e de notas eruditas de pé de página. Soares  Feitosa ressuscita — como se ela jamais tivesse sumido da história literária! — essa imperdível crítica dos  criadores em que se ilustram para nosso prazer quase todos os melhores poetas, ficcionistas e dramaturgos do  hemisfério ocidental. A fórmula a qual Feitosa veio a se filiar é a de Anatole France, dando o crítico um flâneur, narrando a aventura de sua alma por entre as obras primas do Universo. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Donizete Galvão


Soares, você é um poeta fluvial [Rio Macacos], uma correnteza brava despenhadeiro abaixo.

Um abração,

Donizete

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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J. Romero Antonialli

Geninha Rosa Borges


Psi, a Penúltima

Não posso deixar de dizer que me senti muito lisonjeada em receber um exemplar de Psi, a Penúltima e, logo na dedicatória: "Isto é um Convite!" deixou-me pra lá de vaidosa também um pouco Geninha Rosa Borges, Atriz confusa... 

De início, por eu apenas uma intérprete, pensei em escolher um dos seus poemas e procurar dizê-lo na ocasião primeira que se apresentasse. Mas quando vi a lista de amigos que escreveram sobre o seu livro, indaguei-me: "será que ele quer que escreva alguma coisa?". E lhe respondo: Há 55 anos que faço teatro, como atriz; e acostumei-me a repetir o que os autores escrevem para as minas personagens dizerem... e, assim, cada vez mais sou uma...

O seu poema Réquiem em Sol da Tarde é belíssimo. E muito teatral. Vou dizê-lo, sim... já comecei a estudá-lo.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Lau Siqueira

 

 

 

 

 

Jorge Medauar

Aleilton Fonseca


Poeta Soares Feitosa! 

Os seus bem-feitos!! Eu lhe digo: Antífona é o grande "Poema Limpo" da poesia contemporânea. Sua dicção épico-lírica percorre as páginas como um enxurrada que acorda os rios para matar a fome dos Açudes.

E a poesia tem sede de olhos, ela é a água milenar em seus   ciclos eternos. Os poetas brotam da terra, do barro amassado com suor e lágrima.

Eis que já vem Salomão. Chega à frente, homem, conta aí uma presepada! Toma assento, é noite, vamos poesiar. Salomão é intenso até no nome, em seus dez(en)cantos da vida. Sua poesia-prosa-reportagem-ensaio vibra na voz do poeta, dita-nos o compasso da emoção que bate forte: Tãm!!

O Navio de Frederico aportou no morro, suas amarras descem pelas trilhas e escadas, seus porões transmutaram-se em Útero plural da mãe África: 'stamos em pleno morro!

A história somos nós, mas se a escrevemos como nossa, com suas grandezas e misérias. E Salomão é isto, canto da História, dos ontens, do hoje e dos amanhãs. Aquela foto não podia existir! Aquele clic foi a verdadeira bicada do abutre.

Salomão, Salomão!, ícone da sabedoria milenar que seAleilton Fonseca reprocessa no tempo, pelas mãos da arte. Um poema alegórico polifônico em que vozes contracenam na arena simbólica da existência para fundar a Biblioteca. 

Sim, tudo perece, só a Arte fica! Salomão é Hale-Bopp, o navio em pleno céu, viajando ao Século de Ésquilo.

Feitosa, seu sujeito! Que presepada é essa?!

Você é presepeiro da melhor raiz. E pra que poeta mais presepeiro do que o tal Antônio Nogueira, dito Pessoa? O sujeito inventou-se de outros, outros nomes, outras vozes, outras profissões, outras vidas, outras mortes, outros poemas... presepadas!

Com as minhas benquerenças,

Aleilton Fonseca 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Myriam Fraga

 

 

 

 

Manoel de Barros

Iracema M. Régis


Retorno à leitura do livro de poesia "Psi, a penúltima", 252 páginas, Soares Feitosa, poeta cearense, Edições Papel em Branco - Salvador - Bahia, que classifico de jovem Poeta, por ter começado a escrever e editar sua poesia há tão pouco tempo; e de poeta maduro, entrado nos anos, pelo fato de sua obra, tão profunda, retratar a grandeza de um autor universal, dado ao ofício de toda uma vida.

Essa retomada da leitura embebedou-me de alegria mais uma vez e provocou-me reação diferente: no primeiro momento. ao debruçar-me sobre a poesia de Soares Feitosa, ocorreu-me logo chegar ao final do livro e expressar minha opinião sobre o mesmo.  Ledo engano, pois o breve passar d'olhos não me satisfaria e a presunção de emitir pontos de vista, conceitos ou algo semelhante, caiu por terra.  A empreitada é longa e prazerosa, sem pressa de chegar a lugar algum, o que possibilita fazer pausas, tomar gosto e até tecer certos comentários, como me animo a fazer: aprecio sobremaneira várias nuances do fazer poético de Feitosa - a gama de informações transmitida, muitas vezes num fragmento de poema é complementada através de "notas de rodapé", que, no "Psi, a penúltima", transformam-se em páginas tão saborosas quanto os versos.  Essas notas explicativas nos põem em contato com o inundo real do artista, que no poema transmuda-se em ficção.  O poeta elucida o leitor a respeito de termos e expressões regionais por ele largamente utilizados, e também nos coloca lado a lado com as. suas vivências pessoais, fatalmente as da infância.  Falando da família, dos amigos, da ambiência, da chuva, do sol, das enchentes, dos acidentes geográficos, da fala do povo, contando histórias de menino e outras coisas miúdas, que passariam despercebidas para a maioria dos mortais, o autor faz um retrato da cultura regional nordestina, mas não de forma isolada: situa a sua história no universo pessoal de cada um de nós.

Prosseguimos nossa excursão pelo tecido artesanal de “Psi” (sim, porque todo o livro é uma obra de artesanato) Além da inovadora disposição do texto - títulos e versos. pasme o leitor com essa intervenção entre as páginas 172 e 173, Soares Feitosa plantou um punhado de sementes de imburana-de-cheiro, acondicionadas num saquinho de papel, onde está escrito "Conteúdo: sementes de imburana-de-cheiro torradas e moídas pelo próprio autor.  Sem conservantes nem produtos químicos.  A mancha oleosa, por fora do envelope, é do próprio óleo essencial da imburana.  Pode cheirar"). É o imprevisível. a surpresa gostosa, como a poesia tratando ora de um assunto, outra de outra, um feito de humanidade, um flash de vida, que nas mãos do poetas maior converte-se em algo profundo, suscetível a questionamentos, porque uma vez o poema feita, criado, é um objeto de arte.

Por tudo vê-se um autor à vontade, que vai da linguagem mais simples do homem sem cultura, à Grécia de Platão; do real ao imaginário presente nestes versos de Convite à Saudade “[...] mestre besouro olhou e olhou/, avoou de uma árvore a outra,/ fez um cocuruto de vôo, mais alto,/ voltou num rasante e disse: - Compadre Moleque, não vi nada,/ e se tivesse visto lugar tão bonito, como você sempre fala,/ onde corre a Grota da Palha,/ onde tem sabiás - árvores cheirosas -,/ onde tem sabiás - pássaros amigos/ que não comem besouros pretos -/ eu também, compadre Moleque,/ teria voado para lá...”

A viagem continua.

Ircema

 

 

 

 

 

 

 

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Junot Silveira

 

Hélio Pólvora

Thiago de Mello


Poeta Feitosa,

Celebro a felicidade que me deste com a tua poesia. 

Conseguiste um novo idioma que é só teu. 

  Li e reli teus poemas, e me encantavam do poder da poesia. 

De Internet, nada entendo.  

Viajei e sofri pelos cantos do mundo. 

Hoje, na floresta, sou um caboclo que só vivo e escrevo. 

Se quiser é autorização minha para usar e divulgar meus textos — tu a tens. Se é que valem para dar alguma 
esperança às pessoas na contramão de uma sociedade solitária. 
  

          Teu companheiro, te abraça, 
  

                                             Thiago.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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José Nêumanne Pinto

 

 

 

José Alcides Pinto

Irineu Volpato


AVE!

 

De São Bernardo do Campo, que fora Santo André, de João Ramalho, Bartira e Tibiriçá.Um dia padres devotos pra lá, pras chãs de Piratininga e só os campos ficaram pra contar aos ventos vindouros..., não sou eu que vai contar. Daqui nesse seis de agosto, ano sem graça novecentos noventa e sete dos mil.

 

 

Para Francisco José SOARES FEITOSA, nascido Ipu, Ceará, infância em Monsenhor Tabosa, também lá. Menino de seminário, Sobral, se abrigou em Nova-Russas e permeou juventude de infância com matos campos, sertão, mais secos, caatinga, invernos num sítio Catuana, cortado do Rio Macacos e cuidado de mãe viúva, sinha Anísia-parteira. Lá.

 

 

Ave!

 

"Abram-se as janelas"

que um su/jeito despachado vem dizendo

revérbero de verbo

troado de cantando

pano de fundo e alma

bebida salmo e antífona

com matas e pedras e céus e chão

sertão mais outras terras

e vento e bafio de serras

— aqui galerno aressa

ali cansim simum siroco...

sufoco — balanço devagarim.

 

"Abram-se as janelas"

 — comadres

 que Chico, Francisco — o irmão

Soares Feitosa - aedo

aproou.

  

Ps: 

Nós-antenas, ou bebemos novas águas

"adredemente alpendradas"

ou mar nos tangerá de atros

atros

atrás.