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Soares  Feitosa

Escreva para o editor

Mary Wollstonecraft, by John Opie, 1797
   
 
 

A menina afegã

Neste bloco:

Gabriel Nascente

Hélio Pólvora

Ivan Junqueira

Jorge Tufic

Kideniro Teixeira

Manuel Sérgio

Mirna Gleich

Myriam Fraga

Renato Ferraz

Rubens Ricupero

 

 

Culpa

 

 

Ruth, by Francesco Hayez

 

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Um cronômetro para piscinas

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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José Alcides Pinto

 

 

 

 

Lau Siqueira

 

 

 

 

 

Aníbal Beça

Hélio Pólvora


 

Navegação no Eu Profundo

 

A poesia de Soares Feitosa, cearense até pouco tempo radicado em Salvador, é dessas que se impõem a partir da simples presença. Tem timbre, tom e vozes novos, tem parâmetros antigos e desnudamentos atuais, e muitos de seus signos, os gráficos, trazem a cumplicidade do microcomputador. O poema parece, às vezes, brotar da virtualidade cibernética, na sua inusitada composição espacial, e em outras ocasiões – que são muitas – ele prima pelo lado humano. 

Apesar do aparato eletrônico, Soares Feitosa não perde de vista a sua condição, a sua circunstância, e sente-se que o passado, nele, é a primacial matéria-prima do canto. A este poeta foram propostos, como a Thiago de Mello, Gerardo Melo Mourão e outros que vivem debruçados nos abismos, os enigmas da existência, da não-existência e da intemporalidade. Quando tentam compreender os enigmas, eles partem sempre do seu posto privilegiado de observação: a borda da funda cisterna em que projetam a sua sombra. 

De modo que, em Soares Feitosa, neste seu livro de estréia Psi, a Penúltima (o livro anterior, Réquiem em Sol da Tarde, foi uma edição artesanal, produzida em computador), há que ver-se logo a vocação brasileira. Todos cantam a sua terra, e Casimiro foi um destes. Mas, em Soares Feitosa e outros de sua geração, o canto elementar e lírico, canto de comunhão e busca, de acalanto e rebeldia recolhe temas deHélio Pólvora severas reflexões sociais. À véspera do Terceiro Milênio e em todos os quadrantes, mas principalmente no Brasil e no Nordeste, o homem, este patético Rei dos Animais, parece destinado a estrume da terra. 

Louve-se logo, pois, em Soares Feitosa, o conhecimento da sua realidade psicossocial e a vontade de transformá-la em matéria poética, para que mais fundo repercuta, se é que a insensibilidade já não nos cegou por completo. Seus cantos pessoais, que jorram com a força de águas represadas e de súbito sangradas, em contínuo avanço para um estuário de verificações e quase sempre transformadas em perplexidade, são os cantos do conhecimento do ser, da ânsia do ser em definir e possuir uma identidade. É o caso de Antífona. O poeta, natural do Ceará, ou do país do Siarah, vai à Grécia, vai a Roma, ouve as perorações de Jeremias, entoa salmos de Jó, sobe com Elias na carruagem de fogo (que se transforma no carro de Ayrton Senna), mas continua fundamentalmente brasileiro e nordestino. Seu pai Tatim suicidou-se, rasgando o ventre à maneira dos samurais, no próprio dia em que o poeta, filho único e desejado, vinha à luz. A mãe Anísia, mãe de muitos porque parteira de renome nos sertões, foi mulher resistente – de uma resistência de rocha primitiva. 

Com tanta biografia íntima, de choro e de júbilo, de velas e de foguetes, é natural que Soares Feitosa, vivendo em estado de poesia, sentisse aos 50 anos a poesia irromper de dentro dele, numa erupção que o recobre de lava. Menos de 4 anos depois (está agora a caminho dos 54) o poeta recolhe essa poesia e nela trabalha guiado pelo instinto e pela erudição. Está certo o outro poeta Cajazeira Ramos quando se refere, sobre a poética de Feitosa, a uma “trempe cultural” greco-romana, judaico-cristã e “mundinordestina”. Isso mesmo: a nordestinidade transfigurada, absorvendo valores universais. 

Nessas navegações, que transbordam da tela do computador e retomam os percursos da rosa-dos-ventos, o poeta de Psi, a Penúltima deixa-se invadir pelo sentimento da solidariedade (além de crianças, rios, florestas e bichos dizimados, o poeta comunga com Luiz de Camões, Fernando Pessoa, Augusto dos Anjos e Castro Alves, editados por inteiro no seu Jornal de Poesia, na Internet): seus poemas são lamentações de Jeremias, e a sua busca, a busca do eu profundo, que abre caminho ao eu coletivo, assemelha-se à do Hearst-Kane de Orson Welles, resume-se a uma “bésta” ou a um trenó – o Rosebud de todos os poetas puros, porque inocentes. 

Em suma, uma poesia buliçosa, arrelienta e cheia de invenções. Uma poesia nova. 

 

[in A TARDE, caderno Cultura, 26 abril 1997] 


 

2. Orelha do livro Psi, a Penúltima

 

Não conheço poesia brasileira atual mais buliçosa e arrelienta que esta de Soares Feitosa. 

Uma vez lida, não desarreda mais da nossa emoção, fica zanzando na lembrança, futucando nas nossas cordas íntimas.

Poesia-menina, danada de criativa, cheia de traquinagens: inventa, reinventa, parodia, salmodia e vai em frente, sabendo espalhar-se no espaço em branco e ali adquirir as formas gráficas do seu visual subjetivo.  Uma poesia lírica, gostosa, irônica, sapeca, meiga e sussurrante - e sempre cheia de ousadias formais e sentimentais.

[Orelha do livro Psi, a penúltima]

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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J. Romero Antonialli

Kideniro Teixeira


Não me encorajo, isto é, receio dar opinião ou comentar a matéria contida em Psi, a Penúltima, de Soares Feitosa. Quero apenas expressar um ponto de vista cá no meu modo de entender as cousas. 

Há, sem dúvidas, no livro em referência um poemário extraordinariamente fora do comum, desse trivialismo constante de nossa literatura. Com isso não desejo afirmar que o poeta esteja propondo criar uma originalidade. 

No meu conceito (posso estar errado), há no poeta Soares Feitosa uma notoriedade que se deve reconhecer: a unicidade poética, a originalidade de seu telurismo, digno de respeito.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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alphonsus Guimaranes Filho

Mirna Gleich


Soares Feitosa,

Agradeço seus poemas e seu convite. Primeiro foi a surpresa do convite — como me achou? — e a delicadeza do Femina:

      [...]

       

      Lavei, sim, 

    lavei e perfumei

      a alma,  em jasmim,

    que é tua, só tua,

      para te esperar

    como se nunca tivesses ido

      a nenhum lugar:

    donde apaguei

      todas as ausências

    que apaguei 

       ao teu olhar.
       

Tão lindo! Depois pensei que a idéia de entrar com poemas na Internet poderia ser algo extremamente revigorante e fiquei com vontade de agilizar minha convivência com a informática.

Um abraço,

Mirna Gleich / 4/2/97

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Cussy de Almeida

Manuel Sérgio


Lisboa, 23 de janeiro de 1997

Meu caro Soares Feitosa (ou melhor, meu caro Poeta)

 

Ainda não estou ligado à Internet, mas já estou ligado fraternalmente a si, porque sou seu leitor e admirador.

Se o mundo fosse dos poetas, como o Soares Feitosa, então seria verdadeiramente Natal!

Segue justamente um livro de minha autoria. O livro pouco é, mas a simples oferta que significa a muita admiração pelo baiano-cearense "Cidadão do Mundo", Soares Feitosa.

Ex corde,

Manuel Sérgio

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Thiago de Mello

 

Myriam Fraga


Reconhecimento da poesia

 

Francisco José Soares Feitosa, 50 anos, cearense, com passagem pelo Recife, até o ano passado jamais escrevera um poema. De repente baixou o santo — ou o daimon — e o verbo cristalizou-se em poemas de personalíssima feitura a mostrar sentimento e erudição, pois se não era de escrever, Feitosa era de ler (e muito!). E o que era represa fez-se catarata, torrente explodindo por todos os lados, enchendo laudas e laudas com seus rios de tinta.

Soares Feitosa é um homem de muitos instrumentos. Nascidos nos sertões, hoje passei com segurança no reino da informática e ao tempo em que a poesia se revela corre em editá-la no computador, que vai transformando em livros artesanais, quase cadernos de poesia, que passa a distribuir entre os que julga interessados e interessantes. Por conta dessa atividade, hoje coleciona uma seleta fortuna crítica onde ponteiam nomes como Gerardo Mello Mourão, Francisco Brennand, César Leal, Nauro Machado, Artur Eduardo Benevides e outros expoentes.

Como não se forma público apenas com poetas e críticos, Soares Feitosa ampliou seu círculo de possíveis leitores e passou a enviar poemas a personalidades da vidaMyriam Fraga pública brasileira. Alguns responderam a seu apelo com entusiasmo, outros protocolarmente educados, mas qual não foi a surpresa do nosso poeta ao receber uma mensagem Rubens Ricupero, de próprio punho, onde o ministro assinala com muita propriedade a impressa causada pela leitura dos poemas, fala de suas próprias incursões "pelo mundo inesgotável da poesia", cita Erza Pound e finaliza carinhosamente com "abraços poéticos".

Tomando conhecimento desse fato, começo a crer que realmente vivemos um momento muito especial. Temos um ministro da fazenda que, além de crer em Deus, também crê na poesia. A ponto de, em meio a tantas atribulações compromissos, ter tempo de escrever pessoalmente a um poeta quase desconhecido! Talvez seja um sinal de que ainda é possível ter esperança.

 

[A Tarde, 25.8.1994, Myriam Fraga, coluna Linha D'água]

 

 

 

 

 

 

 

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Rubens Ricupero


Poeta Feitosa,

Confesso que não havia lido a notícia sobre o menino Francisco, cuja memória e sacrifício ficaram perpetuados no poema de Soares Feitosa, No céu tem prozacRubens Ricupero

Também faço minhas incursões pelo mundo inesgotável da poesia e tive a impressão de encontrar na sua  composição extremamente original a capacidade de dar sopro poético não só ao trágico cotidiano mas ao fluxo de imagens e frases e alusões às vezes eruditas, um pouco como em Ezra Pound (a ponto de necessitar de notas, por exemplo). 

No céu tem, mais que Prozac, muita  poesia.
  

                                             Rubens Ricupero

 

 

 

 

 

 

 

 

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Dalila Teles Veras

 

 

 

Adriano Espinola

 

Jorge Tufic


1 - Psi, a penúltima:

 

Fortaleza, 26.3.1996

 

Prezado amigo Soares Feitosa

 

Réquiem em Sol da Tarde, 722 páginas, é um desses livros que dispensam maiores esteios de proteção: ele veio para ficar de pé, como a “Divina Comédia” e as obras completas dos mais famosos autores universais. 

  E não me refiro apenas ao seu volume físico, ao continente das metáforas, senão também ao conteúdo poético e à qualidade do acabamento gráfico. 

Bem aja, portanto, o amigo Soares Feitosa, que faz seu começo literário por onde poucos terminam. Já diziam, por outro lado, os clássicos dos primeiros lustros do nosso século que um bom livro deve ficar em pé na prateleira de uma estante. 

“Réquiem em Sol da Tarde” não cumpre simplesmente esta missão de volume: ele cheira, resplende e transfigura os leitores na matéria do seu canto. 

Pequeno exemplo do que lhe digo é o fragmento (haikai) que abaixo transcrevo, do poema Femina: 

        "Não lavei as mãos 
        pois tinham os sons 
        do teu corpo."
        Jorge Tufic

Eu daria um bocado de versos de minha lavoura por este simples relâmpago de azulados e carnais reflexos, nos confins desta tarde e deste sol que nos banha, redime e fortifica. Um forte abraço do

Jorge Tufic


 

 

2 - Os poemetos:

 

 

Fortaleza, 25.10.1996

 

Grade Poeta

Soares Feitosa

imensíssimo amigo:

 

Grato, mais uma vez, pelo indispensável apoio internetiano. Fico deveras orgulhoso de contar contar com tanta gentileza e sincera amizade, sobretudo quando se trata de quem se trata, um dos poucos e raros poetas capazes de operar um instrumento eletrônico, mas precisamente, um computador, coisa ainda estranha para mim.

Agradeço também pelos dois exemplares - perfeitos, como sempre - de "Poemetos" e "Talvez outro salmo": você, aqui, aparece de novo inteiro, magnífico, assustador (no melhor sentido de quem olha e soletra a divindade).

Jorge Tufic

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Dimas Macedo

Ivan Junqueira

Rio, 12.4.1996

Prezado Soares Feitosa

Na verdade, esta carta já estava escrita desde princípios de novembro do ano passado, mas, nesse torvelinho em que às vezes se transforma a nossa vida, perdi a sua, ou seja, aquela que me chegou às mãos juntamente com o seu belo livro artesanal. 

Seu fax despertou-me do esquecimento, e pedi então seu endereço ao Alcides Pinto. Enfim, espero que a carta, com esse imperdoável atraso, lhe alcance aí em Salvador. 

A poesia de Psi, a Penúltima, amiúde intensamente experimental, causou-me boa impressão pelo viço e a audácia não apenas das imagens, mas sobretudo por sua estrutura.

Bastaria um poema como “Panos Passados” para justificar a publicação em livro dos versos que inervam todo o seu ciclópico estro poético, esse estro no bojo do qual, comoIvan Junqueira v.  mesmo admite, afloram a cada passo as vertentes heróica, telúrica e lírica. 

Em troca estou enviando um exemplar de meu último volume de versos, A Sagração dos  Ossos, que, para meu espanto, tantos prêmios e alegrias me rendeu. Perdoe mais uma vez o atraso em responder-lhe e receba um afetuoso abraço do seu

Ivan Junqueira

 

 

 

 

 

 

 

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Gabriel Nascente


Psi, a Penúltima — sua poesia me deu um coice, tremi nos tornozelos; foi como se voltasse ao tempo da pura poesia! É livro para ser ler de videira. Pode até ser da Idade Média, mas com gosto de anjo na gandaia!

Obrigadíssimo, Soares Feitosa, por teres arrebatado oGabriel Nascente gigantismo do teu estro na cantante galáxia de Psi, a Penúltima, que jorra poesia aos borbotões da terra inócua, azul de sofrimentos. 

Fico de vigília torcendo para que sua poesia, de esplêndido cunho e veio de agruras e salsa do sertão inunde esse nosso insípido solo de batráquios engravatados.

Gabriel Nascente 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Juarez Leitãp

Renato Ferraz


SF, 

Este poemeto tocou-me à alma; fez-me vivenciar momentos... É de uma extraordinária sensualidade que nos faz bailar por dentro. O mundo torna-se mais vivo, menos amargo (e por que não dizer mais mundo? ) porque existem pessoas com tamanha sabedoria que diz por nós aquilo que gostaríamos de dizer e nem sempre sabemos. Assim é dito em Femina! 

                                         Renato Ferraz

 

 

 

 

 

 

 

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