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Carlos Roberto Lacerda


 

ÁGUA



Diversa de mim contudo eu
Nesse mútuo consentimento
– nado e nadas –
aceita-me tão logo me despeça
espalha-me em sal areia e algas
espelho que à carne adere
abismo que o sono invoca


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Poussin, Rebecca at the Well

 

 

 

 

 

Carlos Roberto Lacerda


 

Sangue eros mineral



sangue eros mineral
pedra organizando a seiva
planta que se cristal

fixa dispersa-se na luz
quando corte visgo
mar e brisa confirmando a

noite antes de nós o ritmo
nas têmporas o caminho
dessa dura flora


 

 

 

John William Godward (British, 1861-1922),  A Classical Beauty

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Giselda Medeiros

 

 

 

 

 

 

 

 

Delaroche, Hemiciclo da Escola de Belas Artes

 

 

 

 

 

Carlos Roberto Lacerda


 

MAR



Sal nem água
Aura que ao sol
baila Ária



 

 

 

Octavio Paz, Nobel

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Regina Sandra Baldessin

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Carlos Roberto Lacerda


 

ÓLEO


O pôr-do-sol bate
maio na fotografia
O Tempo não passa


 

 

 

Allan Banks, USA, Hanna

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Maria Helena Nery Garcez

 

 

 

 

 

 

 

 

Rubens, Julgamento de Paris

 

 

 

 

 

Carlos Roberto Lacerda


 

CIGARRAS



A de sol ação somos
do chão
às ogivas do cacto
Cuspo a fala
para que fale

Sulcos na mangueira
A memória
antes do sêmen

              O mais fundo

O desespero
travado
no tronco
no sexo
na terra


 

 

 

Da Vinci, La Scapigliata

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Andréa Santos

 

 

 

 

 

 

 

 

Theodore Chasseriau, França, 1853, The Tepidarium

 

 

 

 

 

Carlos Roberto Lacerda


 

O PEIXE


O espaço para a retina
reaprendê-lo é o da hidrodinâmica
dança (o da página?) ah

: o mar No ar área lúcida
de um vaga-lume nada
o réquiem das caravelas guia o

pensamento ao abismo prisma
onde evolve (lá aqui) a prata
de sua carne entre aspas algas e ritmo


 

 

 

Leonardo da Vinci, Embrião

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Maria da Conceição Paranhos

 


16/09/2005