Eduardo Diatahy B. de Menezes
Comentário sobre "Um
brinde a Adélia Prado":
Fortaleza, 27 DEZ 1998
Caro Dom Feitosa da peste!
Quase morro de rir ao ler essa história da Adélia
Prado e sua apologia do CU, seguida da reação monja. Imagine se a
coitada fosse ler Bocage ou mesmo os versos eróticos dos monges
medievais! E você pendurou essa outra estória do tal Camilo Pessanha
a dormir como Clepsidra, isso lembra o Fernando Sabinho no seu
Encontro Marcado, quando a certa altura a personagem diz: sabe você
o que é estar apaixonado pelo fio de cabelo da amada, dormir com
ele, fazer amor com
ele?!
E essa do seu auxiliar putanheiro do Pelô é boa
também.
Essas estórias que você imiscuindo no JP são
deliciosas e preservam o espírito galhofeiro do cearense. Vá em
frente.
Mando uma quadra popular saborosa que colhi não sei
mais onde e cito de memória:
Mandei vir da Bahia
Duas tesouras de ouro
Uma pra cortar ciúme
Outra pra cortar
namoro.
Com o meu abraço,
Diatahy
2.
Eduardo Diatahy B. de Menezes <diatahy@ufc.br>
Fortaleza, 27 DEZ 1998
Vate:
Retornei ao JP depois que lhe mandei a mensagem
sobre as "estórias".
Volto agora à carga a propósito daquela palavrinha
cu que quase fez
despencar um raio celestial sobre você. Pois é, a língua está cheia
de tais surpresas. Essa mesma palavrinha insidiosa se dissimula em
vários termos que usamos inocentemente, pois o emprego continuado
faz perder a consciência das origens: RECUAR = andar com o cu para
trás. ACUADO = literalmente: ser encostado com o cu na parede,
etc.
E esta outra, ainda mais inocente e carinhosa:
COITADINHO! É como se disséssemos: fodidinho, visto que coitado é
quem padeceu o coito.
E mais esta: ENFEZADO - o dicionário traz como
significando "raquítico, irritado, etc." , mas é na verdade por
estar "cheio de fezes"...
E chega de coprologia!
Diatahy
|