José do Vale Pinheiro Feitosa
Para Clinete: do Ceará eu quero.
Rio de Janeiro, 06 de março de 2005
Quero!
Assunte o tempo da seca que queima o sertão,
diga que tou de coração apertado,
uma mágoa que se acumula,
só falta a larva sangrar,
e da cratera queimar
o corpo de minha inércia.
Assim que o ar condicionado do aeroporto ficar para trás,
traga de volta aos teus pulmões, todos os ventos do Ceará,
e virão juntas as luzes equatoriais, as palmas das praias,
nós todos, de pescoço curto, cabeça chata e uma coisa desentendida,
das belezas Naomi, pois falo desta coisa bem bonitinha, uma graça de
novidade,
uma cara parente da lua cheia, cabelos lembrando a óleo,
um desafio de sedução e nós somos o povo,
mais lindo, que aquele chão, foi capaz de gerar.
Abra as ouças,
esqueça os chiados de outras línguas, o deslize de outras sílabas,
como uma barragem inundando, bem devagarzinho,
deixe o cearensês preencher o recipiente, dentro de ti, feito para
ele,
com seus motes de prioridades, o gosto pela gozação,
o chiste no rastilho da conversa, a ingenuidade realista do que pode
e não virá.
Deixe tudo isso ser de novo,
pois só uma mãe, uma administradora, uma veterana Carioca,
poderá dizer:
Vou sexta feira, “pra casa”.
Quer alguma coisa?
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