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Nestor Lampros

nestorisejima@gmail.com

Theodore Chasseriau, França, 1853, The Tepidarium

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Poesia:


Ensaio, crítica, resenha & comentário: 


Fortuna crítica: 


Alguma notícia do autor:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Herodias by Paul Delaroche (French, 1797 - 1856)

 

Albrecht Dürer, Germany, Study of praying hands

 

 

 

 

 

 

 

Michelangelo, 1475-1564, Teto da Capela Sistina, detalhe

 

 

 

 

 

Nestor Lampros


 

Algumas palavras sobre mim mesmo


Sou Nestor Lampros, por parte de pai grego-basco francês- espanhol; por parte de mãe, japonês. Nesse caldeirão de
lugares/tempos/histórias/sangue, sou Nestor Isejima Lampros. Poeta e chargista. Artista plástico e cartunista. Ascendente em 0o de Leão e Virgem. Signo solar em Aquário, daí minha propensão em querer maior fraternidade entre os povos do dia e da noite, entre os de esquerda e da direita, no âmbito da arte, que muda e encadeia a mudança em vista nas pupilas das crianças. Lua em Câncer, daí prezar meu lar, minha casa, minha terra, Atibaia...Tenho em minha visão expectativas várias em minha vida. Uma delas é saber, cada vez mais, dos informes ínfimos do mundo; do que nasce no lodo e da pólvora e do baixo, meio assim manuel barrista. E como águia voar alto tendo em vista o céu e além, quem sabe, nossa terra, Gaia, carlando drummondiando de andradindo. Ascendente em Virgem, com Plutão na primeira casa. Sempre sabendo que o Lampros do nome reflete meu âmbito de lume e fogo, porque em grego
Lume e Iluminar se faz sempre com o substantivo Lampros. Assim sou meio incendiário na voz que treme ao telefone e vibra quando é Tirésias de novo. Trígono entre Sol/Urano e o Meio do Céu. Roda da fortuna na quinta casa, onde se estabelece o maior prazer: Poetar, e criar os filhos que ainda virão...


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Nestor Lampros


 

Lugar comum


Pensemos hoje
não como homens
que se esquecem e matam,
nem como crianças
que se lembram e morrem;
mas como a terra,
de onde todos viemos,
e a erva em breve
nos virá requisitar
para nos adornar
de flores.


 

 

 

 

 

 

 

 

 

Delaroche, Hemiciclo da Escola de Belas Artes

 

 

 

 

 

Nestor Lampros


 

Impressão 1


Um anjo que amo
quando seu perfume se fixa
e protege,
cravando em nós
os fogos olhos de pureza.

Nele tenho a impressão que
é ou estou
na sua sombra fresca.

Que fica
na copa das árvores violentadas
ou
no bizarro
de um homem mau.


 

 

 

 

 

 

 

 

 

Rubens, Julgamento de Paris

 

 

 

 

 

Nestor Lampros


 

Vento


O vento adentra a janela
aberta para que o vento entre,
para que tudo em movimento
em movimento fique,
até ser chegada a sua hora,
tempo de não haver mais janelas
e o vento estático se petrifique.



 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Nestor Lampros


 

Surpresa


surpresa
diagramada
em viver ou morrer
um detalhe

no cimo
do monte
a sempre
pomba avante
escape

da paz
que se ensina
para o soldado
em que se abomina

a arma
talvez adiante


diagramada
sombra

na olheira do coveiro
uma cor
que entendo

uma coisa intérmina
ociosa em diáspora

espero

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Riviere Briton, 1840-1920, UK, Una e o leão

 

 

 

 

 

Nestor Lampros


 

Noite sem sono


Pleno dados no teclado, vidas de informe.
O sono foi-se embora para Guantánamo,
depois envio um e-mail para configurar
dois dedos de prosa e sem a voz de novo

Para se desfazer dos dúctilos do movimento.
Clico duas vezes com o lado direito do mouse,
para deformar as imagens no photoshop
e cinco vidas no site, na internet, se mentem.

Nem concluo o fato de ser do meu poema,
na fossa larga dos coreldraw inside one
se tornando loquazes no infortúnio word

de cair a força sem estarem salvos
os meus arquivos tão monótonos,
de noites insones no chat da minha rede.


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Nestor Lampros


 

Inverno



fora o frio é noite
dentro o frio é gente



 

 

 

 

 

 

 

 

 

Jacques-Louis David (França, 1748-1825), A morte de Sócrates

 

 

 

 

 

Nestor Lampros


 

Os cavaleiros



Há mais que um forte clamor de transtornos
neste cavalgar dos quatro cavalos.
Seus cascos rebrilham em tons nada claros,
tens já em tua mente as cores e os nomes?

Toda a relva desiste de vida.
Toda vida é silêncio e clausura.
Todos os sons, segredos, sepulcros.
Tudo completo, enfim, tudo escuro.

Quatro bandeiras, quatro promessas,
quatro pensamentos, quatro discursos.
Quatro adeuses, acenos encobertos,
quatro mistérios cavalgam o mundo.

No teu quarto aparente e seguro
só com teus olhos se surpreenderias
se com teus ouvidos avistasses os galopes,
os galopes, os galopes já em teus corredores.

Não mais ao longe, na distante Beirute;
China ou Coréia, Senegal ou Rússia,
mas no meio de ti, na corrente profunda,
no sutil e diário passear do teu sangue.


 

 

 

 

 

 

 

 

 

Da Vinci, La Scapigliata, detail

 

 

 

 

 

Nestor Lampros


 

Agentes Smith


Eles vieram de longe, a sala recendia
a cinamomo, hortelã e aloés.
Vieram trajados de negro, não do
luto, ou tempestades; vieram como
se quisessem saber o nome de cada um de nós.
Assim, entre baforadas jogadas em nossas caras,
eles se sentaram e pediram café, água.
Demos tranqüilos. Riam muito de tudo,
mas com a polidez que se deve ficamos
calados. Eles viram nossa caras e
não perguntando nada, sentados,
roubaram a luz e o riso de nossa casa.

Depois vieram de luto e sem meio – termos..
Vieram como alguém que não pergunta
e abrimos a porta estupefatos; aí riam
muito e se levantavam para ver a mobília.
Ficamos quietos quando nos diziam
disparates de quanto custava os cantos da casa.
Quietos permanecemos e eles não mais
diziam nada, a não ser que estavam
com vontade de roubar o céu e o mar.
Assim eles levaram nossa voz , para
depois voltarem depois, sós.

Da terceira vez, já não abrimos a porta.
Eles já estavam cá dentro, quiseram
permanecer quietos dentro de uma imobilidade
circunstancial. Então começaram a dançar com
os sapatos que calçavam e houve uma festa.
Levaram assim a nossa alegria,
para depois levarem nosso pranto e
o nosso amor. Como convém a mais estrita
polidez os aceitamos. Ficamos calados como
convém receber convivas descansados.

Agora eles já não pedem permissão.
Eles não entram mais em nossa casa,
porque cada qual é um de nós
e nós somos, cada qual, um deles...


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Nestor Lampros


 

From: "Nestor Isejima Lampros" <nestorisejima@gmail.com>
Sent: Monday, May 08, 2006 10:22 PM
Subject: Mesmo sem nome...

 

Caro Soares,

Poeta do lado da noite. Poeta que encruzilha as faces da lua nos
ascendentes Leoninos. Poeta que recruza as falhas de um cavalo no
salto sem varais, mas com as moças e serviços. Você que viu a noite e
vive nela criando na alta dela seus textos, que nos afogam...-  e
precisam ainda falar? Não estão todos lá, pra lá do salto e do assalto
dos seus olhos que com vidros permanecem atentos. Olhos de fogo de uma manhã cancelada.

Poeta, revi e reli seus parabelos, em cristas de ondas frescas. Me
admira o seu interlocutor com asas. Me admira o seu tudo com as
capitais no Nordeste, no puro apelo dos Castro Alves, em contornos
avermelhados de sangue fresco. Sem medir esforços, mas com a gana do
poeta que mergulhou na alma da América. Nós Ameríndios que suportamos a fome de eras. Nós que nascemos incertos. Você tem tudo ao seu favor, Poeta. No encanto crescente das figuras dos quadros, na imagem que permuta a fome de sabê–la. Às três e meia da madrugada... Ouço cavalgadas dispararem nos senhores do tudo. Tudo está por vir, Poeta.

Permanece  a fome e o minério de sê–lo e esta noite o cansaço das manhãs amanhecidas no pão que comemos. Neste ou nesta fome que temos de ver o invisível. E fazer da fome da Bíblia um mais formoso Homero, na planta que nos vestimos, dos dedos da aurora nos bóreas estenóides de lírios.

Talvez Jó ainda tente ver no redemoinho uma outra poesia atenta, do estado de esquecer a dita. Ou o que deitemos fora. Ao ler nas
entrelinhas dos clássicos a pena alva de viverem filhas e filhos. No
lume. Na antena das raças esquecidas.

Sem nome algum, Deus existe!

Atibaia, 08 de maio de 2006
 

 

Noto do editor:

Referências:


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

25/05/2006