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Vanessa Buffone

vbuffone@terra.com.br

Theodore Chasseriau, França, 1853, The Tepidarium

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Poesia:


Ensaio, crítica, resenha & comentário: 


Fortuna crítica: 


Alguma notícia da autora:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ticiano, O amor sagrafo e o profano, detalhe

 

Henry J. Hudson, Neaera Reading a Letter From Catallus

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Vanessa Buffone


 

Biografia

 


Vanessa Buffone nasceu no Rio de Janeiro, em 1976. É advogada. Em 2004, recebeu menção honrosa do Prêmio Banco Capital de Cultura e Arte, tendo seus poemas publicados na coletânea Os outros poemas de que falei, juntamente com mais seis poetas. Em 2005, conquistou o Prêmio Braskem de Cultura e Arte, com o livro As Casas Onde Morei, também aprovado pela Comissão Editorial Selo Letras da Bahia, da Secretaria de Cultura e Turismo e da Fundação Cultural do Estado da Bahia, como tema representativo da arte e cultura do Estado. Coordena o projeto Malungos, durante o verão de Salvador.
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Vanessa Buffone


 

Fortuna crítica:


 

Vanessa Buffone é uma descoberta múltipla. Primeiramente, a poeta se descobre, corta o cordão umbilical, e segue pelos caminhos que o coração indica, a urdir a história com a qual vai tecendo o seu fazerJosé Inácio Vieira de Melo poético. Sua poesia é um constante bordar, tal qual a tessitura de Penélope, mas a poeta não desmancha sua artesania ao fim do dia, ela persiste no ofício em busca do poema que, talhe perfeito, seja a medida de sua alma. Ciente da efemeridade da condição humana – “Eu, matéria feita de esquecimento e fome” –, a poeta carrega no âmago algo que não consegue dizer, mas espreita esse mistério, e, obstinada, persiste nas estradas que vai encontrando, na busca da expressão que complemente suas “desassombradas mãos vazias”. A poesia de Vanessa Buffone é uma descoberta que se revela plena de beleza.

José Inácio Vieira de Melo – Sobre Os outros poemas de que falei – em 07/01/2005

 



Quanto aos seus versos, penso que o poeta José Inácio já disse o essencial (só não gostei, naturalmente, do “a poeta”) nas palavras que os precedem. Eu acrescentaria que, tanto no verso livre, como noSânzio de Azevedo medido, você se expressa com personalidade, com hermetismo que não afugenta o leitor, nem parece artificial. Se me fosse dado escolher os poemas que me parecem melhores (ou que mais me agradam, melhor dizendo), eu escolheria “Cavalos d’água”, et pour cause, e “Terceira chamada”, cujos dois primeiros versos são de uma beleza incomum.

Sânzio de Azevedo – Sobre Os outros poemas de que falei – em 11/02/2005
 


 

Desde as rapsódias de Homero a poesia percorre o caminho do ser e pensar. Transformar o mito em notícia faz do logos uma ontologia entremeada de metáforas, como a da sombra que acompanha noFoed Castro Chamma chão a lança de Aquiles. A revelação do ente é um mister do saber que acrescenta ao logos a diferença, cuja Essência corresponde ao pensamento, o qual fabrica o tempo e o poeta o renova na linguagem como revelação do Eu. Extraio tal reflexão na leitura de poemas de Vanessa Buffone - OS OUTROS POEMAS DE QUE FALEI – Salvador BA/ 2004 – Produção editorial EPP – onde se percebe a inquietação catártica de cura pelo conhecimento.

Foed Castro Chamma – Sobre Os outros poemas de que falei

 



Vanessa Buffone apresenta, em geral, uma poesia de imagensAleilton Fonseca delicadas, metáforas plásticas, com movimentos insinuados, em que a visualidade é uma das características mais fortes. Seus títulos são prova disso, haja vista estruturaram-se em palavras como: leão, cavalos d’água, anjos negros, bestas feras. Entre seus versos, pode-se recolher amostras de simplicidade e beleza:

A caixa dos botões bonitos se abre,

anjos negros costuram encantos

em delicada blusa de algodão.

Desabotoam-se intenções e suspiros.

Aleilton Fonseca – Sobre Os outros poemas de que falei – em 31/01/2005
 


Marco Lucchesi


Um grande abraço e os meus cumprimentos por esses versos tão bem
urdidos e marcados quase por uma voluptuosa metafísica (a do último poema) e por uma demanda poética que emerge de leituras várias e vidas muitas.

Marco Lucchesi – Sobre Os outros poemas de que falei – em 31/01/2005
 


 

Gosto do que escreve. “Terceira chamada” é um ótimo poema. Seus versos longos têm ritmo, o que é essencial na poesia e não são muitos os poetas que sabem fazê-lo. Ao longo dos outros poemas há grandes achados, como “Quando meu leão chegou / eu tinha chocalhos amarrados nas canelas”, “Nasci como mar nos olhos, sempre úmidos, eo corpo leve, nau a seguir seu prumo” – “A caixa dos botões bonitos se abre” – e por aí.

Antônio Brasileiro – Sobre Os outros poemas de que falei – em 09/02/2005

 

 

 

William Bouguereau (French, 1825-1905), Reflexion

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Daniel Glaydson

 

 

 

 

 

 

 

 

Delaroche, Hemiciclo da Escola de Belas Artes

 

 

 

 

 

Vanessa Buffone



Primeira casa


Nasci com duas ou três casas,
sem morada certa,
e em dias de chuva,
minha mãe me exibia aos olhares do mundo.
Sozinha, minha mãe vivia à espera,
algo que nunca veio,
sempre de cabeça baixa,
por isso, não me viu fugir.
Contam que ela chorou muito,
quando deu pelos rastros,
tudo que restou entre ela e eu.
 

 

 

 

 

Michelangelo, 1475-1564, David, detalhe

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Antero Barbosa

 

 

 

 

 

 

 

 

Thomas Colle,  The Return, 1837

 

 

 

 

 

Vanessa Buffone



Oito anos e o meu leão


Quando o meu leão chegou,
eu tinha chocalhos amarrados nas canelas,
e foi assim que subi a ladeira para encontrá-lo:
abandonando minhas meninas-brincadeiras.

Meu leão, com seu sem fim de pêlos,
juba e muitas feridas,
ocupava toda a carreta,
estacionada bem na frente lá de casa.

Grades negras e minha avó fincadas
em minha primeira morada,
prisão que me implorava:
– não vá, entre!

Fui, sem sequer ouvir essas vozes.
Meu leão havia chegado.
E subi na carreta para sentir com as mãos,
como era grande o meu leão.

Alisei-o. Montei-o.
E só em nuvens e carneiros de infância
pode-se vislumbrar a beleza deste encontro,
a efígie deste Deus.

 

 

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904), The Pipelighter

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Rodrigo de Souza Leão

 

 

 

 

 

 

 

 

Jornal do Conto

 

 

 

 

 

Vanessa Buffone



Ausência


Revejo a velha ladeira,
estou no bonde.
Meninas-brincadeiras,
uma criança que se esconde: eu.

Aceno, quero falar,
mas já estou longe.

Dizem que lá,
ainda está a menina,
até hoje.
A menina que não houve.

 

 

 

 

Titian, Noli me tangere

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20/07/2006