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Virgínia Schall

Montes Claros, MG, 02/06/1954 - Belo Horizonte, MG, 29/04/2015

Entardecer, foto de Marcus Prado

Poesia:


Ensaio, crítica, resenha & comentário: 


Alguma notícia da autora:

 

 

Sophie Anderson, Portrait Of Young Girl

 

John William Godward (British, 1861-1922), Belleza Pompeiana

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Virgínia Schall


 

Dados biográficos


Virgínia Schall, mineira de Montes Claros, psicóloga, com mestrado em neurofisiologia(UFMG) e doutorado em educação(PUC-RJ), é pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz, onde ingressou em 1981, sendo chefe-fundadora do Laboratório de Educação Ambiental e em Saúde (LEAS), do Departamento de Biologia do Instituto Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro. Seu trabalho inclui a coordenação e criação de novos materiais educativos relacionados às ciências da vida e da saúde, alguns dos quais adotados pela FAE e pelo Ministério da Saúde, como a coleção "Ciranda do meio ambiente" e o jogo "Zig-Zaids". Concebeu o projeto original do Espaço Museu da Vida da Fiocruz, atualmente em implantação, congregando equipes multidisciplinares. Descobriu uma nova planta moluscicida, útil ao controle dos moluscos transmissores da esquistossomose, tendo obtido recentemente uma patente pelo processo de utilização da mesma. Tem cerca de 45 artigos científicos publicados em revistas nacionais e internacionais e 6 livros infantis, a maioria de divulgação científica.

Pelo seu trabalho, recebeu o prêmio José Reis de Divulgação Científica, do CNPq (1991). Como poeta, embora sem livro publicado, tem algumas poesias premiadas, publicadas nas antologias dos concursos de que participou. Recebeu em março/96, o Prêmio Raul de Leoni, de poesia, da UBE(União Brasileira de Escritores), e em 1998, teve um poema premiado no concurso de poesias da Academia Feminina Mineira de Letras, Belo Horizonte. Tem 6 poesias incluídas no livro: Poetas de Manguinhos (Editora Fiocruz), 1997.

[Notícia de dezembro de 1998]

 

 

 

 

 

 

Delaroche, Hemiciclo da Escola de Belas Artes

 

 

 

 

 

Virgínia Schall


Estrangeira


A noite é a mesma em todo um lado do planeta
e nela ocupo um lugar único
personagem entre tantos a compor a cena humana
sob o foco de luz de uma sala comum.
Nada há por sofrer, nada é urgente
os meus estão bem e eu aparento realizada
o cão me olha sereno por sobre o tapete
a filha organiza retratos na gaveta
a música encanta o ar fresco entre buganvílias rubras
de minha varanda camarote aberto para o mundo
descortino cintilâncias a tremular nas águas noturnas da lagoa

A noite é límpida e eu, lúcida
espreito a vida e escrevo
para entender d’onde vem tanta melancolia
de quem deveria estar a fruir esta harmonia
mas se debate trôpega à procura
tão plena de desejos e perguntas
disfarçando o coração inquieto
que teima em viajar por ontens e futuros.
Absorta em sonhos e platônicos amores
adentro atmosferas e penumbras
aspiro perfumes de outras eras
prenúncio de cálidos encontros.

Oh vida que escorre pelo dia
prestes a concluir-se para sempre
nunca mais será hoje outra vez
disso eu sei tão quanto aqui estou
e no entanto, esbanjo o presente
viajante estrangeira do meu próprio momento.
Haverá um tempo em que a memória dessa cena
será saudade e tristeza
por não tê-la vivido por inteiro.


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Virgínia Schall


 

Beijo


sua boca
uva rubra
roça meus lábios
e por segundos
somos murmúrios úmidos
seiva cósmica
de línguas
púrpuras


 

William Blake (British, 1757-1827), Angels Rolling Away the Stone from the Sepulchre

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Anderson Braga Horta

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Virgínia Schall


 

Persona


Minha alma feminina
é tão antiga
como o cheiro da terra
que a chuva molha
perfume milenar
essência almiscarada
que em muito mais de mil noites
arde à espera.


 

 

Da Vinci, Madona Litta_detalhe.jpg

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Pedro Nunes Filho

 

 

 

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904) - Phryne before the Areopagus

 

 

 

Virgínia Schall


 

Segredos


D’onde veio a vida
a cavalgar esferas
a espiralar-se em galáxias
retorcendo-se em hélices?

D’onde sua memória
no eco sussurrado das ondas
nas odes sonoras das conchas
murmúrios ancestrais da existência
a borbulhar por entre espumas
na cristalina taça oceânica?

D’onde o misterioso rumor
de marés e corações pulsando
a embalar em sonho e sono
o silêncio oculto de um momento
a despertar-se súbito do nada?

Vida, que chega e sopra
suspira, se esconde e se revela
em entranhas secretas
concêntricas
completas.

Vida que em mim se indaga
e a par de tanto mistério, soberana
se emociona.


Os poemas acima foram publicados em: Poetas de Manguinhos, Editora Fiocruz, 1997

 

 

Soares Feitosa, dez anos

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Ruy Vasconcelos

 

 

 

 

 

Delaroche, Hemiciclo da Escola de Belas Artes

 

 

 

 

 

Virgínia Schall


Minas de Natal


Minas nasceu assim:
Tesouro entranhado sob o recorte montanhoso
A luz se fez ouro por debaixo de seu manto
E a água teceu fios, matizes de teias, véus de seda congelados
Engendrando gemas de pedra, chão de arco-íris cristalizado
Entre verdes vales, cordilheiras e cascatas.

Minas renasceu assim:
Prenúncio engalanado de barrocos traços
Pela arte humana cinzelada
Como tela rara
Singrando céus em linhas sobrepostas
de torres e telhados.
Prelúdio de vidas entrelaçadas
Ao ouro, que recobriu de fé altares e amores
E às palavras, que esculpiram hinos e poemas
Geminadas à música, sublime e rara.

A gente de Minas nasceu assim:
Talhada em ferro e amansada em fé
Retrato entrevisto na voz de seus múltiplos poetas
E em sua música, incenso de entranhas da terra
Som galáctico, uivo do universo
Que das igrejas voa ao mais alto
Ecoando no infinito, elevando-se em mito
Um misto de cristal da terra e cristal faringeo.

No Natal, Minas canta em voz de coro de meninos
Evocando a imagem de um outro menino
Que parece aqui nascido
Pousado em topázios e turmalinas
Trazendo nas mãos, gotas de amor em chuva
Amor sonorizado em fé por ondas cristalinas
Amor que no Natal resplandece
E que no gesto de entrega solidária
Herdado por sua gente, transparece
Um encontro do tesouro da terra com o tesouro d’alma.


 

 

 

 

 

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