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Henrique Northfleet Neto 

William Bouguereau (French, 1825-1905), Reflexion, detail

Poesia:


Prefácio, ensaio, crítica, resenha & comentário::


Alguma notícia do autor:

 

William Blake (British, 1757-1827), Angels Rolling Away the Stone from the Sepulchre A menina afegã, de Steve McCurry

 

 

 

 

 

Poussin, Rinaldo e Armida

 

 

 

 

 

Henrique Northfleet Neto



Pequena biografia

Curioso, teve sorte de ser alfabetizado, formado em química, doutorado na Alemanha, ex-professor da UFRGS, enxadrista amador (apaixonado), divorciado, recasado, quatro filhos, sobremesa preferida: o quindim. Escreveu já muito e pouco (pois a vida não é tão linear como se imagina). Sintético, além das poesias, prefere o conto como forma de expressão literária (coletâneas: Aquela rua sem nome - 1985, Manuela - 1988, A grande arapuca - 1994, ainda não publicadas). Nunca participou de concursos, achando que o que vem da alma é de posse coletiva e, também, de apreciação espontânea, como as borboletas que Mario Quintana espetava nas folhas dos seus livros. As coletâneas de poesia, que aí estão denunciadas (com ano de compilação), estão-ainda-impublicadas.

 

 

Albrecht Dürer, Mãos

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Ricardo Alfaya

 

 

 

 

 

Thomas Colle,  The Return, 1837

 

Henrique Northfleet Neto


 

Penúltimo canto, a dúvida

 

Mestre Feitosa, és também (como todos) homem impotente frente a verdade, esta resposta que, por certo, foi ouvida e esquecida. Teu poema, descobre o penúltimo selo, que jamais será entendido, apesar de nos ter sido revelado: como a palavra, que escrita, deixa-esvair-a-verdade. A verdade que, saida da boca, se forma do nada do ar (o roubar a idéia do ar!) e se perde mesmo na tua pena (ou no tão moderno teclado do computador) que garatuja o acontecido - com tua terra, com teu povo.

Penúltimo Canto, a dúvida?

Acredito que descreves, sim, a certeza, de que o „Novo Mundo“ perdeu sua cultura-mais-do-que-sua-inocência ao ter sido "descoberto".

Muito menos do que um canto apocalíptico, o teu poema nos revela a razão pela qual fomos expulsos do paraiso!

Mestre Feitosa, apenas numa coisa estás equivocado-por-modéstia: nem todos os outros poemas foram reduzidos a simples literatura posto que neste teu Penúltimo Canto o contradizes!

Um abraço

Henrique Northfleet

16.09.2000

 

 

 

 

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904), Morte de César, detalhe

 

Henrique Northfleet Neto


 

A trama do irracional


é por isso que nos procuram vivos,
atormentados pelo vento e pela neblina,
por semos aéreos.

é por isso que nos descobrem zumbis,
cobertos pelo barro e pelas raizes profundas,
por sermos terrestres.

é por isso que nos encontram mortos,
envoltos por algas e corais petrificados,
por sermos marinhos.

é por isso que nos veneram, seres
possuidos por espíritos e adormecidos no etéreo,
por sermos deuses.
ancoradouro,
tormenta,
túmulo ,
súplica.

é por isso que nos culpam e nos crivam de dor,
por nada sermos realmente,
nem água,
nem ar,
nem terra,
nem fogo,
mas destino,
incerteza
e solidão.
 

 

 

Da Vinci, Homem vitruviano

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Paulo Franchetti, 2003

 

 

 

 

 

Titian, Three Ages

 

 

 

 

 

Henrique Northfleet Neto


 

Julia


disse-me uma fada que o amor não se acaba.

é o grande espelho onde nos vemos
e vemos aos outros
e vemos nós-mesmos
ao lado dos outros
caminhando por esta vida,
pela vida de um-a-ser-ele-mesmo
e de outros-a-serem-eles-mesmos
e que mesmo quando feito em infinitos pedaços,
- como um antigo espelho
que vai se quebrando aos poucos
e perdendo sua prata
pelos solavancos da vida -
espalhado é que ele nos mostra
o seu mais verdadeiro reflexo.

e basta a gente por os pés descalços
e vagar numa tarde fria pela praia,
para encontrar todas as peças,
deste sempre-estranho-quebra-cabeças,
voltando a ser areia fina
bolindo com os nossos dedos.
 

 

 

Da Vinci, La Scapigliata

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José Alcides Pinto

 

 

 

 

 

Poussin, The Triumph of Neptune

 

Henrique Northfleet Neto


 

Três espaços


tens estado me escutando,
tens me visto por teus olhos,
por teus olhos...
não me engano,
não te iludo,
não percorro o tempo (atrás de uma lembrança)
não desisto...

tens me dilacerado o corpo
quase morto...
não me imagino,
não te descubro,
não destruo o abandono (das minhas mãos no teu corpo)
não resisto...
tendo a mente desperta (deserta)
me desminto,
o que sinto...
sintoma súbito,
sólida subtração de uma parte de mim,
teu sorriso (teu desgosto)
e a vida
matando
tudo.


 

 

Rafael, Escola de Atenas, detalhes

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Rodrigo Marques, ago/2003

 

 

 

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904)

 

Henrique Northfleet Neto


 

Coração, coração, me canta uma canção
(novo refrão para cai, cai, balão)


poemas são resmungos da alma,
poetas velhos caducos
ou crianças cantando seus sonhos?

quando então o esquecimento
toma conta de tudo,
por que é que se lutou tanto?
quando a perda está na natureza das coisas,
por que é que se coleciona
uma arca cheia de bugigangas?

tive uma arca cheia de bugigangas,
nomes, bússolas e um pouco de areia do mar.

tudo misturado com a algaravia
das aves do porto e o cheiro de suor dos amantes.

perdi sua chave, porém, enquanto corria
para buscar
meu
destino.

 

 

Titian, Noli me tangere

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Dimas Macedo

 

 

 

 

 

Caravagio, Êxtase de São Francisco

 

Henrique Northfleet Neto


 

Serenô
(para uma cantiga de ninar)


a noite serenô,
vagarinho serenô...
depois o sol (pequeno) se dividiu
entre duas nuvens
e fez uma gota d'água deslizar
na vidraça do quarto dela.

seria a lágrima
que lhe escorreria no rosto
e beijaria seus lábios entreabertos.

e ela então serenô,
vagarinho serenô...
e, de pequena que era, como pequena fugiu através do raio de sol
e foi morar nas nuvens
e fez-se gota d'água
e morreu translúcida, bem longe,
distante dos meus olhos,
dividida em sete cores,
sem sorriso e sem paixão...
serenando caiu ao chão
e alimentou a semente
de uma flor qu'ia nascer.

serenô nos lábios dela,
serenô dentro a minh'alma
e c'outra calma,
serenô o sol pequeno,
que fez surgir um novo dia
e serenar no nosso mundo,
serenar noss'alegria,
serenô um nosso amor,
vagarinho serenô...


 

 

William Bouguereau (French, 1825-1905), Admiration Maternelle

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Ruy Camara

 

 

 

 

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