Marcos Antonio Menezes
Ronda
A vida lhe escapa como areia entre os dedos.
A mão,
O punho,
O soco,
A mesa.
A praça,
A rua,
O ponto de ônibus.
Nos olhos, um brilho mórbido,
Na visão opaca, o reflexo do outro.
A multidão,
A luz de néon-
Somente!...
Na garganta, um grito, um gemido de dor.
Volta e olha,
Rodeia e não fala nada.
A busca,
A espera.
Talvez venha.
O relógio da matriz está quebrado.
O "coletivo" pára.
No sobe e desce, ninguém.
O bêbado lembrou Elis;
A garrafa vazia e
O cheiro de pinga, João.
A lua nova já vai sumindo, e nada...
Chora, mas não se desespera
Autocomiseração...
O espelho d'água lhe reflete o rosto
Rugas no canto do olho.
Volta pra casa, a cama vazia, o lençol cheira a naftalina.
Puxa fumo, deita e dorme.
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