Márcio Catunda
Não à guerra!
O canalha, mãos sujas de sangue, é um tarado.
Outros patifes o apoiam.
Uma chusma inominável se constitui, sado-masoquista.
Eles ditam as leis do mundo!
Passou o tempo do protesto e as bombas detonam.
É contra a humanidade que o crime se perpetra.
É contra todos que avançam os carros de combate
e as explosões levantam línguas de fogo.
Bombardeiros despejam mísseis sobre os inocentes.
E os inocentes somos nós.
O genocídio, um dilúvio de fogo,
lança bombas do alto sobre as casas e as crianças.
Um povo é martirizado e esse povo somos nós.
Seria gente ou um grupo de monstros
quem patrocina esse cúmulo de ódio?
E somos nós esses possessos de soberba,
diabolicamente maculados?
Somos nós os que desafiam a justiça divina?
Somos nós também os que repugnamos esse absurdo!
Que dizemos não à guerra e ao massacre.
Mas por que esse paradoxo e esse paroxismo?
Por que invadir, oprimir, submeter-se à insânia,
matar-nos uns aos outros,
se estamos matando a nós mesmos?
Somos nossos próprios genocidas,
idiotas ante a intempérie.
Os que gastam milhões de dólares só para matar,
somos mesmo nós, esses insaciáveis?
Somos mesmo nós os réus dessa Corte,
ou os que repugnam esse absurdo?
Somos a represália que não tarda.
Violencia gerando violência.
Protestamos nas ruas de todos os países,
enfrentamos policiais, somos espancados,
leventamos muitas vozes em defesa da paz.
Criamos a nova consciência do mundo,
unidos contra a barbárie, a horrorosa catástrofe.
Basta de chacinar os povos indefesos!
Gritamos contra a nação governada pelo louco,
o homicida impenitente.
Somos nós mesmos que denominamos liberdade
essa carnificina?
II
Os cadáveres se levantam.
Os estudantes gritam até à morte.
Mas até quando o desespero?
Nasiriyah resiste aos ataques aéreos.
Umm Qasr enfrenta as tropas agressoras.
Os impostores hediondos comandam o extermínio.
Na multidão maltrapilha e faminta,
à margem da estrada, uma mulher, vestida de negro,
pede água e comida.
Uma criança carbonizada
jaz nos braços de um velho de turbante.
Outros homens gritam, terrificados,
ante a morte dos entes queridos.
Omar Ali, de dez anos, tem uma bala no ventre
e olha mudo para o infinito.
Sua família estava jantando.
Morreram com ele as 12 pessoas de sua casa.
Emergirão os cadáveres das ruínas de Bagdá?
Quantos edifícios estremecerão ainda,
vidraças estalaçadas, o pavor estampado nos rostos.
Com que palavras rechaçaremos o holocausto?
Guerras que convertem bandidos em heróis,
a humanidade escarnecida pelo escândalo.
300 bombas diárias caem sobre a cidade arrasada.
Gasta-se um bilhão de dólares por semana
para financiar esse delito!
|