Abilio Terra Junior
Minas
em cada pedra uma forma
em cada moça uma dúvida
nenhum de nós se concentra
e o mundo se fecha ao nosso medo
a esfinge chega-se a nós
e nos olha em nossos olhos
seu busto quebradiço e pontiagudo
nos arremete a um novo mundo
quem nos salvará perguntamos
sabemos não haver resposta
somos frios e reticentes
salvos em nossos banheiros
a dor da sacerdotisa
que inala o gás telúrico
atende às nossas vísceras
entre colunas imensas
gotejamos suor negro
entre nossas virilhas contritas
as beatas choram
ao repor as imagens
entre despojos e óleos
em uma pequena igreja
abatida pelo tempo
caminhamos sobre pedras de ferro
é este o nosso mundo
o frio nos acompanha
os sinos cansados nos olham
e sorriem em seu silêncio
da nossa gula
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