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Fabrício Oliveira

Delaroche, Hemiciclo da Escola de Belas Artes

Poesia:


Ensaio, crítica, resenha & comentário: 


Fortuna crítica:


Alguma notícia da autora:

 

 

 

 

 

 

Jean L�on G�r�me (French, 1824-1904)

 

 

 

 

 

Fabrício Oliveira


 

Pequena biografia

 


Fabrício Oliveira é poeta. Nasceu em 21 de maio de 1996, na cidade de Santo Estêvão, no interior da Bahia. É professor de língua portuguesa graduado pela Universidade Estadual de Feira de Santana. Tem dois livros de poesia publicados, Gramática das Pedras e Viração, pela Editora Patuá. E ganhou, em 2022, o Prêmio Moutonnée de Poesia.

(Texto redigido em 27.06.2023)

 

Jean L�on G�r�me (French, 1824-1904)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Thomas Colle,  The Return, 1837

 

 

 

 

 

Fabrício Oliveira



Concluí a leitura de POÉTICA. Que livro impactante. Imagens arrebatadoras. Ritmo cativante. Muito bom ler esse livro importante. POÉTICA, com seus poemas e textos de outros autores, veio para ficar.


Capa do Livro POÉTICA de Soares Feitosa
Clique e acesse o poema Dedicatória

Thomas Colle,  The Return, 1837

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Thomas Colle,  The Return, 1837

 

 

 

 

 

Fabrício Oliveira


 

Manhã de Sábado

O outono apodrece nas telhas
das casas da Rua das Quinze.

Os donos do mercado da carne
lavam suas peixeiras
em minhas córneas e lambem
o sangue esculpido nos dentes
da afiadíssima arma branca.

Vejo a angústia florescer
feito espirais de fumo
nas mãos calejadas
demolindo com as unhas
o crepúsculo, a casa
de farinha
que faz lembrar a poeira
acumulando-se no rosto
dos deuses.

Deuses que me fazem explodir
em gargalhadas pela Rua das Quinze
nesta manhã de sábado
tangendo suas cabras magras
para os açores barrentos
onde duas borboletas pretas
se fundem nos olhos de um assanhaço.

Thomas Colle,  The Return, 1837

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Leighton, Lord Frederick ((British, 1830-1896), Girl, detail

 

 

 

 

 

Fabrício Oliveira


 

Esquizofrenia

O pai de minha mãe, aos 39 anos de idade,
andou descalço pela primeira vez
e nunca mais usou sandálias
nem seu nome
              nem sapatos.

Aos 39 anos, o pai de minha mãe
começou a andar com as mãos para trás
(dedos irrequietos),
assoviando papa-capins
                        num descampado
ante porcos sangrando porcos.

O pai de minha mãe é o degredo, o fosso,
um homem magro, negro,
unhas febris e de coração peco, roto
tentando - inutilmente - despir o crepúsculo.

O pai de minha mãe, aos 39 anos de idadee,
desenhou uma janela onde uma voz xingou.

Aos 39 anos,
começou a vestir pelo avesso,
a construir os muros da vida futura
e a deitar as mãos sobre a terra
para ouvir as vozes esgarçadas
das águas dentro dos canos
                                  abafando as manhãs.

Leighton, Lord Frederick ((British, 1830-1896), Girl, detail

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

William Bouguereau (French, 1825-1905), Reflexion, detail

 

 

 

 

 

Fabrício Oliveira


 

Antiga Rua do Curral

A Antiga Rua do Curral é um colar
de lembranças em meu rosto.

Nela, vendi bonecas
feitas de espiga de milho,
feijão-preto,
              quartas de farinha.

Tudo era mato, tudo era senzala,
tudo era Maria de Sabino
que fazia do arado seus sapatos,
das unhas, ancinhos.

Uma enxada alfabetizou sua língua.

Eu ia puxar água no tabuleiro
ao som da música de açoites
asfaltando minhas costas,
debulhando minha pele.

E na quitanda de Mané Calça Preta
os donos do mundo comiam
                             torresmos,
bredo, língua de vaca,
pão de ló. Comiam as filhas do barbeiro
que catava carcaças de vaca
para fazer farinha
              e apaziguar a fome

William Bouguereau (French, 1825-1905), Reflexion, detail

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904), Morte de César, detalhe

 

 

 

 

 

Fabrício Oliveira



Livro Viração, de Fabrício Oliveira
comentário de Ruy Espinheira Filho

Poeta de lirismo denso, ele nos guia num mundo que bem conhece e é tanto áspero quanto comovente de humanidade. Sempre achei que criamos com aquilo que somos, ou seja, com a nossa natureza e as experiências da vida. De vida atual e vida sempre presente na memória. Nós somos o que somos e a nossa circunstância, disse o filósofo Ortega y Gasset, isto é: somos o que somos como indivíduos e o mundo em que vivemos. Enfim, somos a nossa individualidade e a realidade que nos cerca, nos condiciona, nos molda. E é exatamente disso que nos fala a poesia de Fabrício Oliveira: de uma sensibilidade e do mundo em que vive - e num poder lírico que desperta ded imadiato a nossa emoção. Poesia de poeta que, ainda jovem, veio para ficar.




Livro Viração, de Fabrício Oliveira
comentário de André Seffrin

Fabrício, você tem um livro pronto, e ele é forte, um belo livro que revela o poeta que você é, inspirado e consciente do caminho que tem pela frente. E isso não é pouco. Nesses poemas, você é telúrico e também mágico, como são, cada qual a seu modo e medida, Manoel de Barros, Adélia Prado. Mas você tem, também, as suas ligações com outros poetas modernos, nessa sua clara mineração interior, de poeta realizado, senhor da matéria que põe em movimento, dos seus ritmos e alcances.




Livro Viração, de Fabrício Oliveira
comentário de Geraldo Carneiro

Fabrício Oliveira, li seus poemas, com grande admiração. Poemas tocantes, considero Viração um livro excelente.



Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904), Morte de César, detalhe

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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SB 27.06.2023