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José Pedreira da Cruz 

ticocruz@bol.com.br

Delaroche, Hemiciclo da Escola de Belas Artes

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Alguma notícia do autor:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Herbert Draper (British, 1864-1920), A water baby

 

Da Vinci, Cabeça de mulher, estudo

 

 

 

 

 

 

 

 

Andreas Achenbach, Germany (1815 - 1910), A Fishing Boat

 

 

 

 

 

José Pedreira da Cruz


 

Nota biográfica:

 

Nasceu em 5 de janeiro de 1948 na cidade de Sátiro Dias - Bahia.

Mora há 28 anos em São Paulo - Capital, onde atua como Secretário de Escolar da Secretaria de Estado da Educação.

Gosta de ler e de escrever Contos, Crônicas e Poemas de Cordel.

Possui dezenas de textos publicados em sites de literatura, tendo alguns alcançado posição de “Destaque” em vários portais. É colaborar do Jornal “Gazeta Regional Voz Ativa” da Bahia, e tem participação especial no livro “Arraial do Junco: crônica de sua existência” de Ronaldo Torres.

É casado com Marly Mendes há 33 anos; tem quatro filhos e três netas.

ticocruz@bol.com.br

 

 

 

William Blake (British, 1757-1827), Angels Rolling Away the Stone from the Sepulchre

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Sebastião Uchoa Leite

 

 

 

 

 

 

 

 

Caravagio, Êxtase de São Francisco

 

 

 

 

 

José Pedreira da Cruz


 

Caríssimo poeta

Soares Feitosa.

Qual foi a minha cara no momento em que recebi sua correspondência (Jornal de Poesias)  -  que se diga, a primeira que recebo -, laureando-lhe de gentilezas, de cordialidades e de reconhecimentos oriundos de personalidades e de anônimos?

- Creia, minha cara foi de intensa felicidade, meu caro poeta!

Como por premonição, antes do carteiro entregar-me o Jornal de Poesias, eu lia satisfatória e dedicadamente o seu poema Femina, e nele eu me envolvia tentando entender o porquê e a razão de tão belas palavras dedicadas à mulher;  só poderiam ser palavras de um homem de sensibilidade e de alma lírica como jamais eu vi, ou li.

Senti nas letras de Femina todo gesto de carinho e afeição à mulher amada.

Depois, parei por um breve momento e pus-me a refletir: todo poeta deve ter duas vidas: uma, a da razão; e a outra, a dos sonhos. Que bom que o sonho e a razão vivenciem eternamente entre nós pobres sonhadores.

Li, com aguçado interesse, o conto “Da caixa posta aos corrós de açude: uma Visita ao Poeta Ascendino Leite” e senti suas labirintosas palavras, um tanto recheadas de poesia, florescerem como floresciam as malvas nos pastosos campos baianos que minha infância viu, e, que no topo da mina idade jamais verei. Em meus pensamentos – viajando na leitura – voltei a capturar mangangás e tanajuras tendo-o, senhor poeta, como cúmplice das minhas pecaminosas malvadezas.

Quero aqui agradecer e registrar o vosso grau de bondade e cordialidade ao enviar-me a dita correspondência: o que me deixou muito feliz.

 

Com todo meu respeito.

                           Atenciosamente,

                           José Pedreira da Cruz


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Titian, Venus with Organist and Cupid

 

 

 

 

 

José Pedreira da Cruz


 

Um poema
 

Ao Ilustre Senhor
Antônio Torres
Agraciado pela Academia Brasileira de Letras com o
Prêmio Machado de Assis.


Um Poema
 

Nosso Senhor do Bonfim
eu Vos peço inspiração.
- Me dê algumas palavras
e muita imaginação
pra contar uma historinha
sobre um escritor do Sertão.

Perdoe-me, não sou poeta
para bonito escrever.
Só quero aqui registrar
a quem possa merecer:
Uma singela homenagem
a um homem de bem-querer.

" - Era uma vez um menino
nascido na velha Bahia.
Criado no meio da roça
tal como a pobreza o queria.
Ele tinha um só pensamento:
o de ser escritor... um dia.

Seu princípio religioso
começou numa sacristia
como ajudante de padre,
assim sua mãe o bendizia.
E, balançando um turíbulo
contentamente sorria.

Terminada a cerimônia
para a roça ia trabalhar.
de sol-a-sol na enxada
para fome não lhe alcançar.
Mas, no intervalo da lida
só pensava em estudar.

Todos davam àquele jovem
uma especial atenção.
Pois ele se destacava
em meio à multidão.
Como um menino prodígio
na fala e na oração.
 

Quem ouvia seu discurso
só tinha a elogiar.
Sua garbosa eloqüência
num rico palavrear.
Com pura literatura
para todos o admirar

Bem novinho foi chamado
para ser escrevinhador
de cartas pra analfabetos
que lhes pediam em favor.
Para noticiar aos parentes
viventes no exterior.

- Menino, tu és porreta:
Dizia-lhe o vovô Adelino,
incentivando-o às letras
e a profetizar seu destino.
E assim se fez realidade:
és um escritor nordestino.

Sim, brasileiro e nordestino
com muito brio e valor.
Escrevendo sutilmente
para se ler com fervor.
E aquele vil tabaréu
virou um famoso escritor.

De nome, fama e renome
o mundo o conhece bem.
Suas obras ganham peso
nas Academias também.
Auferindo prêmios e méritos
por este mundo, além.
 

Em terras de ultramar
seus escritos são bem lidos,
muito mais do que aqui
onde fostes concebido.
Também cá, ganhastes prêmios,
sois deveras reconhecido.

'Essa Terra' é o romance
que primeiro ele escreveu.
É uma história fulgurante:
uma foto do mundo seu
É um lírico poema-em-conto
do lugar onde nasceu.

Esta obra está escrita
em muita língua estrangeira.
Contando pra todo mundo
de uma trama derradeira.
É a história de um suicida
que enlutou a família inteira

'Essa Terra' é muito rica
tem de tudo o que se quer.
É uma história mui bonita
com dramas da cabeça ao [pé.
Tem dor, alegria e vida;
tem tristeza, saudade e fé.

- Caríssimo Antônio Torres
entre nós, o sempre Tote.
Um apelido de infância,
um brinde, um grande dote.
Suas letras e sua arte
são para nós uma sorte.

Senhor do Bonfim, Te agradeço
pois acho que consegui.
Com palavras muito simples
escrever o que eu senti,
sobre o ilustre brasileiro
do lugar onde eu nasci.
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

José Pedreira da Cruz


 



 

 Já não vale mais a pena
Já não posso esconder
Já lutei tanto na vida
Já é hora de dizer

Já cantei em serenatas
Já me banhei com o luar
Já andei de pés descalços
Já amei só por amar

Já tomei banhos de chuva
Já confundi sentimentos
Já ouvi vários conselhos
Já tive arrependimentos

Já chorei de solidão
Já jurei não mais chorar
Já voltei arrependido
Já jurei não mais jurar

Já senti frio nas noites
Já me vi só na multidão
Já perdi noites insones
Já chorei de emoção

Já tive medo do escuro
Já quase morri de dor
Já fiquei envergonhado
Já sofri por meu amor

Já chorei de alegria
Já roubei flores do jardim
Já acreditei nos outros
Já não acreditei em mim

Já desconfiei de todos
Já me senti um incapaz
Já chutei pedras na vida
Já consegui minha paz

Já dei bastante conselhos
Já, de outros, os recebi
Já embalei filhos ao colo
Já sei o quanto sofri

Já disse muito “te amo”
Já não soube desculpar
Já posso ver os meus erros
Já consigo me perdoar.

 

 

 

 

 

 

16.10.2006