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Odete Miranda


 

Um ser maior


Onde estás o mundo o teu apogeu
As belezas naturais por ti desfeitas
Tuas belezas, em artes, que se avolumam
O resumo das pesquisas variadas
Já descobriste o segredo do teu mal?
Já fabricaste o remédio para tal?
Se já sabe a causa e o efeito
Então divulga, não te detenha
És soberbo, és gigante, orgulhoso e altivo
Mas de ti não sobrará nem um ser vivo
Se não reconheceres que além de ti existe
Um ser maior pêlo poder
Mais forte pêlo seu amor
Um ser que sara deste mundo a dor
Se tu quiseres
Se tua confiança par os céus voltar
Se tua esperança em Deus se firmar
Um elo de fé seja teu leme
Nesse caminho prossegue e não teme
Olha esta luz que é vinda do céu
Grava em teu alma este nome: Deus
 

 

 

William Blake (British, 1757-1827), The Ancient of Days

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Raymundo Silveira

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Da Vinci, La Scapigliata, detail

Odete Miranda


 

Amazonas


Amazonas! Respondas tu para mim
Vais permitir que essa floresta
Que ainda é palco de orquestra
Abrigo, aconchego para os animais
Geradoura das árvores de lei
A maior fornecedora de oxigênio
O arvoredo mais completo da terra, do mundo!


Vais aceitar esse insulto?
- Tens poder absoluto
Para vencer essa guerra


Vou dizer, como é que é...


Convoque o jacaré e toda jacaresada
Pra morder, pra dar dentada
Nos invasores dali
Chame a onça, a macacada
Pra bater e dar rabada
A jibóia pra engolir


Forme um exercito forte
Com peixes de prontidão
No rio: em toda extensão
- os índios ali por perto
Com as flechadas certeiras
Essa gente traiçoeira
Pela ambição que sentiu
Não vera nem a fronteira
Da mais linda, a mais fagueira
"Floresta do meu Brasil"
 

 

 

William Bouguereau (French, 1825-1905), Admiration Maternelle

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Ildásio Tavares

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Franz Xaver Winterhalter. Portrait of Mme. Rimsky-Korsakova, detail

Odete Miranda


 

A origem do nada


Você sabe que é nada?
Eu do nada, nada sei
O pato nada na água
O peixe nada também
O rico fica sem nada
E o pobre nada tem
Nada ele pode fazer
Nada tem para receber
Nós somos menos que nada
Não temos poder para nada
Eu nada fui, nada sou
Mas eu sei que foi do nada
Que Deus o mundo criou.
 

 

 

Michelangelo, Pietá

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Ronaldo Costa Fernandes

 

 

 

 

 

 

 

 

 

William Bouguereau (French, 1825-1905), Reflexion, detail

Odete Miranda


 

Alvorecer


Nas campinas verdejantes
Na orquestração da aurora
Serenata de harmonia
Quando vem raiando o dia
Até os rincões da terra
Quando a passarada canta
Saudando o amanhecer
É só despertar pra ver
A riqueza e o poder
De Deus que tudo criou
A beleza inigualável
Na extensão do horizonte
Na planície e no monte
Onde jorra a água da fonte
Se ouve o murmurejar
Das águas que vem descendo
Saem de dentro do chão
E não tem poluição
É pura, podes beber
É igual a "Água da Vida"
Jesus, fonte do saber.
 

 

 

Rafael, Escola de Atenas, detalhes

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Rosa Alice Branco

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Frederic Leighton (British, 1830-1896), Memories, detail

 

Odete Miranda


 

Carta à Papai Noel


Papai Noel, sou eu
Aquela criança que você esqueceu
O que foi que eu lhe fiz
Esperei o ano inteiro
Sonhei com o meu presente
Mas você estava ausente
Seu trenó aqui não passou
Nossas ruas esburacadas
Nessa favela esquecida
Papai Noel, você tem a mão amiga
Não faz discriminação
Não ganhei carro nem bola
Nem chinelo, nem calção
E na minha caçarola
Nem peru e nem salmão
Não bebi nem coca-cola
E não comi nem feijão
Catei no Janguruçu
Só um pedaço de pão.
 

 

 

Michelangelo, 1475-1564, David, detalhe

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Ademir Demarchi

 

 

 

 

 

 

 

 

 

John Martin (British, 1789-1854), The Seventh Plague of Egypt

Odete Miranda


 

Despontar


Doze meses terá o ano que vem despontando
Como tivera os anos que já passaram
Doze foram os apóstolos que a Jesus acompanhando
Se encheram de poder e de graça transbordaram


Com doze anos, Jesus aos doutores fazia pregação
Doze também foram as tribos de Israel
Doze foram as pedras tiradas do Jordão
Doze as pedras da coroa, um sinal do céu


Aos pastores, a estrela, um sinal divino
E aos reis do oriente, a estrela foi também
Os mais lindos presentes levaram ao menino
O Filho do Deus vivo, nascido em Belém.
 

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904), The Pipelighter

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Álvaro Pecheco

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Michelangelo, 1475-1564, Teto da Capela Sistina, detalhe

Odete Miranda


 

Eu sou o Verbo


Eu sou o sol
Viverá sem meu calor?
Eu sou a luz
Suportará viver na escuridão?
Eu sou a água da vida
Quem saciará sua sede?
Eu sou o pão que dá a vida
Será que sente fome?
E o verbo era Deus
Existe frases sem verbo?
Complete estas frases
Eu________na rede branca
Você ______ baião de dois
Hoje, agora e depois
Como pode completar
Uma frase sem verbo
Seu português nulo está
É igual a sua vida
Sem Jesus, verbo de Deus
São palavras, só palavras
Soltas e sem direção
Com Jesus verbo divino
Complete a sua oração (frase).
 

 

 

Aurora, William Bouguereau (French, 1825-1905)

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albano Martins

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904), Plaza de toros

Odete Miranda


 

Eu vi


Vi o padre sem batina
O pastor sem paletó
O cabelo do professor
Tão grande que dava nó
Advogado trajando
Como roupa de mendigo
Homem vestido de saia
Usando batom e pó
Vi doutor falando gíria
Nos livros tanta mentira
Foi alguém que escreveu
Vi freira de saia curta
Vi muita transformação
Não existe mais confissão
Como era antigamente
Está tudo diferente
Nos casórios não há dança
Casados sem aliança
Noivos não querem esperar
Pra unir as suas vidas
Como nos tempos passados
Com valsa nupcial
Acabou a cerimônia
Ou ... o cerimonial
E tanto dinheiro gasto
Convites feito papel
"Um desatino nefasto"
Não tem mais lua-de-mel.
 

 

 

Um cronômetro para piscinas

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Rubens Ricupero

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904), Bathsheba,

Odete Miranda


 

E como eu bebo


Eu bebo sim, e em cada gole um sentimento avulso
No queimar, na garganta: o álcool a roçar
Em cada dose, silêncio, um soluço
E pra mim vou mentindo, pra me consolar


Muitas vezes eu bebo, só por brincadeira
Junto à meus amigos, algo a comemorar
- Depois vou dizendo porção de asneiras
Logo pego meu carro, e começo a guiar


Se o sinal é vermelho, vejo amarelo
Se está tudo claro, vejo escuridão
De repente, meu carro se reduz a farelo
Eu não vi o poste de iluminação


E assim quase morto, eu fui socorrido
Meus ossos quebrados, meu corpo sangrando
Isto aconteceu, eu havia bebido
E sem condições, eu ia guiando


Eu não tenho carro, eu bebo também
Espanco meus filhos, deixo tudo faltar
Bato em minha mulher, e não respeito ninguém
Faço tudo o que quero, chego até a matar.
 

 

 

Herbert Draper (British, 1864-1920), A water baby

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Ascendino Leite

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Velazquez, A forja de Vulcano

Odete Miranda


 

Felicidade?


Entidade invisível, intocável
Um ente que muitos procuram
Num copo de bebida
no amor da mulher
No carinho do homem
Nas noites de orgia
Numa falsa alegria
No consumo da droga
Do cigarro, a fumaça
Destrói o pulmão
Fere o coração
Uma dor que não passa
Porque a felicidade está em outro lugar
Procuro e quero encontrar
Alguém me veio ensinar
Eu me surpreendi
Foi aí que senti
Aqui dentro de mim
Era como um jardim
Repleto de flor
A felicidade é unida ao amor
De Jesus o profeta de Deus o Senhor
 

 

 

Hélio Rola

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Micheliny Verunschk