Odete Miranda
E como eu bebo
Eu bebo sim, e em cada gole um sentimento avulso
No queimar, na garganta: o álcool a roçar
Em cada dose, silêncio, um soluço
E pra mim vou mentindo, pra me consolar
Muitas vezes eu bebo, só por brincadeira
Junto à meus amigos, algo a comemorar
- Depois vou dizendo porção de asneiras
Logo pego meu carro, e começo a guiar
Se o sinal é vermelho, vejo amarelo
Se está tudo claro, vejo escuridão
De repente, meu carro se reduz a farelo
Eu não vi o poste de iluminação
E assim quase morto, eu fui socorrido
Meus ossos quebrados, meu corpo sangrando
Isto aconteceu, eu havia bebido
E sem condições, eu ia guiando
Eu não tenho carro, eu bebo também
Espanco meus filhos, deixo tudo faltar
Bato em minha mulher, e não respeito ninguém
Faço tudo o que quero, chego até a matar.
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