Rodrigo Petronio
Parmênides
Não dura a sombra dos homens contra a luz,
a palidez do dia e sua fatura
de signos que a essas frutas se reduz,
a consciência dos mortos não dura
o instante extinto e obliquo de um segundo.
Não duram as cinzas sobre a mesa fria,
a claridade mítica em que o mundo,
num lampejo, quase à sua revelia,
às mãos do místico se entrega intacto.
Não duro e não duras mais que o momento
em que o Ser à míngua se inscreve em ato
forjando em seu espelho o movimento,
o percurso que vai da Idéia ao fato,
entregue a flor ao Vento que há no vento.
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