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Helena Quental 

William Bouguereau (French, 1825-1905), Reflexion, detail

Poesia:


Alguma notícia da autora:

 

William Blake (British, 1757-1827), Angels Rolling Away the Stone from the Sepulchre A menina afegã, de Steve McCurry

 

 

 

 

 

Poussin, Rinaldo e Armida

 

 

 

 

 

Helena Quental



Pequena biografia


Helena Quental é carioca. Iniciou, na maturidade, o curso de Direito, na Faculdade Cândido Mendes, no Rio de Janeiro. Posteriormente graduou-se também em museologia pela UNI-Rio. Entretanto, suas ocupações na criação e educação da família não lhe deram a oportunidade de atuar nas áreas em que estudou, muito menos de desenvolver sua vocação literária e poética.

Essa inspiração latente aflorou em outubro de 1994. Seus poemas tomam a forma de versos livres, escapando por vezes da ortografia regular, de maneira a acentuar seus aspectos plásticos e sonoros, em parte perdidos na linguagem escrita.

 

Albrecht Dürer, Mãos

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Ricardo Alfaya

 

 

 

 

 

Thomas Colle,  The Return, 1837

 

Helena Quental


 

Lobo Solitário


Desviou-se de sua alcatéia!
Era diferente; não agressivo.
Seus olhos brilhavam muito,
Mas eram verdes cor da floresta!
— Não apreciava coelhos
Nem entranhas de cervos!
Preferia peixes e até frutas.
—Era diferente!
Que fazer?
Afastar-se da alcatéia feroz;
Ficar só, lutando pela sobrevivência,
Mas embevecendo-se com
A música da natureza!
E até, amar pessoas...
Era tão diferente!
Seu uivo era um som de clarineta
[em surdina!]
Seria uma mutação?
Um lupus homo?

 

 

 

 

 

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904), Morte de César, detalhe

 

Helena Quental


 

Guerreira


Jovem dama, deusa mulher!
Guerreira habituada à luta;
Linda como uma flor;
Forte como uma atleta;
Mãe como uma loba!
Amante como Afrodite!
Tem uma aura de luz e poder!
Detentora de equilíbrio,
Esforço e esperança!

As asas de um anjo,
Pairando sobre ela,
Fazem sombra benfazeja,
Livrando-a de males e invejas!

Assim seguirá nossa mestra
Do movimento, do equilíbrio,
Da paciência e da persistência,
A deusa guerreira
Marcia Maranhão,
Cuja égide é um "piercing"
De ouro incrustado em seu lindo
Umbigo!
 

 

 

Da Vinci, Homem vitruviano

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Paulo Franchetti, 2003

 

 

 

 

 

Titian, Three Ages

 

 

 

 

 

Helena Quental


 

Pantomina


Que sejas minha epifania,
Não, uma visão bela mas
Demoníaca.
—Coisas nos acontecem!

Cobrirei minha face com pó de gesso.
—Disfarçar-me em fantasma,
A fim de enganar aos deuses,
No ritual do amor!

No pulso, trago um espelho,
Na boca uma flauta mágica.
—Vou especulando meu ainda futuro
E atrainndo os deuses que
Vez por outra, deixam-se emprenhar
[pelos ouvidos]
Com a magia da música.

—Eles estão chegando!
Quem sabe, passarão ao largo
E não me exigirão aquele ritual?
 

 

 

Da Vinci, La Scapigliata

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José Alcides Pinto

 

 

 

 

 

Poussin, The Triumph of Neptune

 

Helena Quental


 

Apenas


Ah, teu abraço!
Somente ele faria o milagre
Há tanto tempo esperado.
Susteria o iminente desmoronamento
Dos meus pilares corroídos.

Ah, morder tua boca,
Mordes teus membros;
Mergulhar no verde lago dos
[teus olhos],
Mitigar minha sede nesta água
E ao contrário de Phoenix,
Renascer no líquido...


 

 

Rafael, Escola de Atenas, detalhes

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Rodrigo Marques, ago/2003

 

 

 

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904)

 

Helena Quental


 

Ousadia


É preciso ter coragem para ser feliz.
—Agora, 1 ano de minha vida,
São 10 da tua; brutal desproporção.
Surpresas, tem o destino!
Um encontro ocasional,
Clássicas mãos, dedos mágicos;
Ondas luminosas na cabeça;
Pronta, a receita para um banquete do sentidos.
Onde nos envenenamos
Ou embarcamos para Cítera...
 


 

 

Titian, Noli me tangere

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Dimas Macedo

 

 

 

 

 

Caravagio, Êxtase de São Francisco

 

Helena Quental


 

Provocação


Ah, verter champanhe brut
Sobre teu largo peito,
E como se fora uma loba,
Sorvê-lo todo, até a última gota!
A dois?

Um lobo, uma loba,
De olhos bem vendados,
Sentidos aguçados,
De desejos, embriagados,
A um paralelo mundo,
[transportados.]
Talvez, voltássemos nunca mais!
—Passássemos para o outro lado...


 

 

William Bouguereau (French, 1825-1905), Admiration Maternelle

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Ruy Camara

 

 

 

 

 

Velazquez, A forja de Vulcano

 

Helena Quental


 

Selene


Quisera ser Selene,
Filha de Hélio.
—Viveríamos um amor só permitido
[a deuses...]

Eu pediria a Zeus, o milagre
De eternizar meu jovem pastor,
De castanhos cabelos ondulados,
Olhos verde-azulados;
Boca sensual explodindo em pecados
Que nunca o deixasse envelhecer,
Para eu poder visitá-lo noite após noite,
Cobri-lo de beijos e
Devorá-lo numa "antropofagia" amorosa;
Adormecido no declive da montanha!
E eu, voltando amanhã e sempre...

 

 

Rubens_Peter_Paul_Head_and_right_hand_of_a_woman

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Natalício Barroso

 

 

 

 

 

Thomas Colle,  The Return, 1837

 

Helena Quental


 

Vôo


O beija-flor, às vezes, voa de costas.
Não sei qual a razão.
—Sinto-me de asas abertas,
Voando de costas, mas, em tua direção.
—Para que?
Para te confundir,te surpreender.
—Não veres as minhas penas grisalhas, já...
Pensares que estou saindo de ti
E não, indo para ti.
—Intenção: pousar sobre tua cabeça
[dePerseu,]
E, fazer-te cafuné, com meu bico
[esperto]
Afundar-me, aninhar-me nas
Ondas castanhas, luminosas, dos teus cabelos!

Ao menos enquanto dormes,
E penetrar teus sonhos...

 

 

 

 

 

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904), Morte de César, detalhe

 

Helena Quental


 

Letras


Há, na afinidade de nossos espíritos,
Um magnetismo mágico
Que não tolhe, a distância.
E tua ausência presença,
É um imã que vence espaços,
Jogando em minha máquina
[de pensar,}
Letras soltas que vêm voando
E se juntam em amorosos recados
Que, com astúcia e paixão,
À noite, de devolvo.
Sempre à noite!
Como um bailado nupcial
De notívagos pássaros!
 

 

 

Da Vinci, Homem vitruviano

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Paulo Franchetti, 2003

 

 

 

 

 

Titian, Three Ages

 

 

 

 

 

Helena Quental


 

Vertente Verde


O fogo verde das tuas esmeraldas,
Cegou-me, por certo!
E fez de ti, uma estátua sagrada
Que resplandece ao ser tocada...

Ilumina-se o teu corpo,
Brilham teus cabelos, teus marfins!
...Me excita e exacerba minha
Crescente ambição desse tesouro!
 

 

 

Da Vinci, La Scapigliata

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José Alcides Pinto

 

 

 

 

 

Poussin, The Triumph of Neptune

 

Helena Quental


 

Catedral


Recinto amplo, vazio!
Gigantescas janelas de catedral;
Sem portas. Só janelas.
Pé direito de dez metros.
— E ele, a um canto, recostado.
Despido, como Adão!

Olhos verdes-farol,
Luminosas ondas na cabeça.
Boca: portal do paraíso,
Por pérolas, iluminado.

Entrei pelo janelão.
Atravessei-o, simplesmente.
Vim voando à la Chagal!
Sem asas, sem roupas.

Há séculos ele esperava.
Há séculos eu o buscava!

Pousei, caminhei em silêncio.
Sentei sobre ele ,
Que abriu o portal do Nirvana,
Por onde penetrei
Para não mais voltar...


 

 

Rafael, Escola de Atenas, detalhes

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Rodrigo Marques, ago/2003

 

 

 

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904)

 

Helena Quental


 

Vento da noite


Tomo carona num canhão de luz.
Viajo com destino ao grande recinto
Da catedral do sonho!
Lá, onde estás indefeso
Como um botão de rosa solitário.
O último, talvez, do verão!
Fechado ainda; desabrochando...

Vôo com a luz.
Minha massa é energia.
Preciso chegar antes que
[abras...]
E tuas pétalas vermelhas, perfumadas,
Sejam colhidas pelo vento da noite,
E perdidas para mim!
 


 

 

Titian, Noli me tangere

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Dimas Macedo

 

 

 

 

 

Caravagio, Êxtase de São Francisco

 

Helena Quental


 

Fragmentos


Quando olho teu retrato,
Languidamente recostado
Em alfombras macias,
Belo, dos pés aos cabelos,
Sinto uma fome inesperada!
Tenho de tomar algum alimento
[sólido.]
Mordê-lo, triturá-lo, como se fora
Teu peito, teus mamilos, teu lóbulo!

E pelos estranhos caminhos da mente,
Consigo trazer-te à minha boca,
E te mastigo como a uma hóstia
[sagrada]
À que não se deve tocar,
Nem com a língua,
Pois é pecado...


 

 

William Bouguereau (French, 1825-1905), Admiration Maternelle

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Ruy Camara

 

 

 

 

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SB 04.12.2022